O ESPELHO REFRATÁRIO DO REAL Joaquim Moncks / Marilú - TopicsExpress



          

O ESPELHO REFRATÁRIO DO REAL Joaquim Moncks / Marilú Duarte “Apercebo-me que o autor do texto sempre procura atingir o seu objetivo: dar o melhor de si, fazer bem feito. Esta é a nítida vontade do titular aparente – sem deixar de lembrar o alter ego – da narrativa ou do poema. Porém, no exato momento da criação ele é ao mesmo tempo produtor e receptor, funcionando nos dois polos. À hora do jato da inspiração, dá asas àquilo que traz no coração e na cuca: emocionalidade. São poucos os criadores que conseguem avaliar com algum índice palpável de realidade – mesmo que rarefeito – porque são abstratos os resultados de sua criação. Está-se lidando com os signos, tentando relatar fatos ou ideias oriundas da inventiva sobre a realidade, mormente na axiologia (os valores) da humanidade e seus costumes, naquele momento dado. Mourejamos no universo codificado da linguagem, onde tudo é possível. Mormente o farsante tripudiando sobre o mundo hostil que lhe permite o voo ilusório reparador das perdas. De si e do leitor, os quais, mercê dos desafios, apreciam flanar sobre os precipícios abissais da memória... Enfim, o todo inspirador ao voo reparador dos espelhos refratários do real...” Joaquim Moncks, in O APARENTE FALA POR SI. – Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013. – Marilú Duarte, por e-mail, em 04/08/2013. O homem é um ser em construção. Situa-se no mundo como um projeto a ser revalidado constantemente. Não existem modelos prontos nem regras específicas a serem seguidas, mas sim, todo um processo demorado e paciencioso de um vir a ser. É nessa caminhada repleta de surpresas e inúmeros labirintos que ele se aperfeiçoa e passa a projetar o seu objetivo, ou seja, sua autorrealização, ou o uso pleno e desafiante de suas potencialidades e capacidades adquiridas. Neste ir e vir de situações inusitadas o homem por vezes corre o risco de perder-se dele mesmo, já que tem em seu pensamento a ideia de que pode construir uma existência idealizada sem erros no estágio estético e ético. Dessa forma ele passa a ser o "produtor e o receptor", como muito bem colocas. A mente humana funciona através dos processos mentais, ou seja, através do pensamento, planejamento, elaboração, e ainda de fantasias e de sonhos que se misturam e elaboram as mais lindas e criativas metáforas. Para compreender como o homem pensa, precisamos entender como esses processos mentais se constituem e se integram. Ao escrever, o homem por vezes não consegue perceber quando começa a realidade e em que momento termina a fantasia, ou onde é sonho e onde é sua própria essência e contexto. Todo escritor "dá asas àquilo que traz no coração e na cuca". Realmente, ele necessita de criatividade, mas também de argumentos consistentes (e convincentes) que venham a responder questionamentos imprescindíveis do dia a dia. Para isso recorre ao que sabe, ao que aprendeu, mas muito em especial à sua capacidade de observação e captação do desejo do outro, que também não deixa de ser o seu desejo, e que nada mais é do que desvendar e transmitir os mistérios mais profundos do ser humano. Mágica esta que alguns livros de autoajuda possuem e transbordam copiosamente por todos os poros... É desta forma que o escritor em seu texto, narrativo ou poético, leva até o leitor o simbolismo do seu alter ego, fazendo que perceba, reconheça, sinta e pense sobre a sua realidade. É nesse momento, sugerindo mudanças e oportunizando outros percursos bem mais acessíveis e promissores, que o escritor motiva o leitor a assumir o papel de sujeito-de-sua-história, inserido numa sociedade imediatista e renovadora. Os comportamentalistas consideram a experiência ou a experimentação planejada como a base do conhecimento. Portanto, o conhecimento é o resultado direto da experiência. O escritor, em suas abordagens, apresenta vários referenciais, alguns filosóficos e outros psicológicos, mas na maioria são intuitivos espelhados e fundamentados em modelos anteriormente experienciados. Se levarmos em conta que a inteligência é a faculdade capaz de acumular informações, constataremos que o escritor alça voos inusitados misturando seu conhecimento aos desejos e fantasias, que, sem limites, são capazes de motivar uma série de forças internas e inconscientes, na tentativa de atingir o perfeito equilíbrio e a perfeita harmonia. Talvez aí se atinja o "todo inspirador ao voo reparador dos espelhos refratários do real", como o texto conclui criativamente. Marilú. – Do livro O IMORTAL ALÉM DE SI PRÓPRIO. Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013. recantodasletras.br/ensaios/4424436
Posted on: Fri, 09 Aug 2013 17:51:37 +0000

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