O LEGADO DA IDADE MÉDIA Em uma época, chamada por muitos historiadores, de Pós-Moderna, o preconceito e a discriminação não se justificam mais. Grupos minoritários tem conseguido que seus direitos sejam respeitados e, muitas vezes, que sejam igualados aos dos demais cidadãos. Infelizmente, no meio historiográfico, existe um certo preconceito com certos grupos sociais que fizeram parte da nossa história. Alguns corretamente justificáveis: a repugnância aos atos nazistas, stalinistas ( por alguns), etc. No Brasil, é grande, no meio acadêmico, a crítica com relação aos jesuítas que aqui viveram e atuaram- principalmente no Período Colonial. Crítica em partes justificáveis mas, em muitas outras partes, também injustificadas. Se hoje no Brasil ainda existem índios- ao contrário de muitos países- isso deve á proteção jesuítica aos nativos da Terra de Santa Cruz. Mais grave que a crítica á Companhia de Jesus- fundada por Santo Inácio de Loyola- é a crítica, de modo geral, á toda a Idade Média. Longe de ser uma época de barbárie, foi uma época de grande desenvolvimento na área do conhecimento como um todo. Históricamente, a Idade Média se inicia no ano de 476 , com a queda do Império Romano do Ocidente. Sua extinção se deu em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos turcos e pelo fim da Guerra dos Cem anos. Como sabemos, essas datas são apenas estimativas. Principalmente no meio acadêmico, muito se tem rotulado a Idade Média como a “idade das trevas”. A crítica á Igreja Católica- e também á toda a forma de Cristianismo- tão enfatizada durante o Iluminismo do século XVIII, gerou um certo preconceito com relação á Època Medieval. Como é sabido, o apogeu da Igreja Católica se deu durante a Idade Média. A Fé em Jesus Cristo- tido pela cristandade como o Filho de Deus- era a filosofia de vida da população europeia. Fé que deveria ser seguida por todos- com risco de penalidades infligidas nesta vida e na próxima. O clero católico era o grande detentor do poder religioso, gnosiológico e, em partes, também político. O prelado era “dividido” em alto e baixo clero. Os primeiros se destacavam pela instrução, nobreza e cultura; já os segundos eram sacerdotes comuns, algumas vezes, vindos da própria plebe. A tese de que a Idade Média foi uma época de obscurantismo se justifica em partes. É bem verdade que o acesso ao conhecimento cultural e científico era restrito a poucos. Isso, devido ao receio de que o conhecimento “mundano” desviasse as pessoas da Verdadeira Fé, através de heresias, gerando apostasia. Como qualquer época da História do homem sobre a Terra, a Idade Média deixou um excelente legado cultural para nós. Entre eles- segundo uma excelente apostila didática-, se destacam: Preservação do Legado Greco-Romano Muito do que conhecemos hoje a respeito da Antiguidade clássica greco-romana deve-se ao empenho e ao trabalho de centenas de monges copistas anônimos que, pacientemente, fizeram traduções, copiaram obras antigas e preservaram os ensinamentos dos grandes filósofos gregos, como Platão e Aristóteles. O latim, herança da civilização romana, era o idioma universal da Europa Ocidental na Idade Média, e graças ao cultivo do latim foi possível preservar a literatura latina. Origem dos idiomas modernos Muitos dos idiomas modernos - como o português, o francês, o castelhano (espanhol), o alemão e o inglês – tiveram suas origens a partir do contato entre o latim e as línguas faladas pelos povos bárbaros. Grandes autores, bem como os trovadores medievais, acabaram por dar a forma básica a esses idiomas modernos. Origem do Ensino Superior As universidades do mundo de hoje, que são centros de ensino, pesquisas, descobertas científicas, reconhecidas e valorizadas no mundo civilizado, são também instituições medievais. Nelas concentravam-se os sábios da época, que preservavam os conhecimentos adquiridos, transmitiam os resultados de seus estudos e tinham um público interessado em ouvi-los. Deve-se a um pensador do século XIII, Roger Bacon (1214-1292), uma preocupação formal com o que chamamos hoje de “método científico”. Bacon foi um dos pioneiros do “método experimental”. Achava que a verdade sobre certos fatos deveria ser demonstrável por intermédio do experimento, e não simplesmente porque uma autoridade afirmou que devia ser verdade. Defendia a experimentação no lugar do “argumento de autoridade”. Arquitetura e Vida Urbana De todas as manifestações que se podem classificar como técnico-artísticas, a Arquitetura, sem dúvida, deve muito às soluções desenvolvidas na Idade Média. As construções românica e gótica, além do seu aspecto estético, como belas e impressionantes construções que podem ser admiradas até hoje, em várias regiões da Europa, foram maneiras de resolver intrincados problemas de construção, de segurança, de durabilidade e de criação de ambientes propícios aos homens. A civilização em que vivemos hoje é tipicamente urbana. O mundo rural é dependente da vida urbana. As origens do estilo e problemas enfrentados pela vida nas cidades derivam da Idade Média, pois, naquele período, desenvolveram-se as primeiras instituições que davam autonomia a autogoverno às cidades (Fonte: Apostilas Etapa). Preservação do legado greco-romano, nascimento dos idiomas hodiernos, origem do ensino superior e desenvolvimento da vida hurmana, foram algumas das muitas contribuições dessa época que, longe ser a tão estigmatizada “idade das trevas”, foi uma época de grande enriquecimento cultural e científico para os pósteros. Que saibamos-com mais justiça, e sem preconceitos e sem discriminação- redescobrir e reconceituar a fascinante Idade Média. Renato H. Pereira
Posted on: Wed, 11 Sep 2013 21:37:03 +0000
Recently Viewed Topics
© 2015