O NAMORADO DA MINHA NAMORADA Domingo a tarde… Para alguns muita - TopicsExpress



          

O NAMORADO DA MINHA NAMORADA Domingo a tarde… Para alguns muita coisa acontece nesse dia. Para mim, era mais um dia. Sem dinheiro e sem perspetiva nenhuma, o Domingo estava a ser vivido a meio de muitas reflexões. Pensava na vida, nas tentativas falhadas, no fracasso de homem que tinha me tornado. Trinta anos de idade… doze dos quais dedicado com zelo a uma profissão que nada acrescentou ao meu aborrecido quotidiano. Tudo continuava na mesma. Uma mesmice que até a mim irritava… Sem dinheiro, sem carro, sem namorada, sem planos. Estava encurralado no meu próprio mundo. No mundo da miséria e do desespero. O cadeirão era a única coisa que me restava. Apesar de utilizar poucas vezes o telefone, sempre mantive-o carregado, limpinho e bem próximo de mim. – Quem sabe alguém liga para mim. -- Pensei comigo mesmo. Não passou muito tempo, o telefone começou a tocar. “você me escangalha” de Ary era esse o toque de chamada. O número era estranho por isso, não atendi a primeira. Nunca se sabe. Se calhar é a alguém a cobrar Kilapi. Pessoas como Eu têm sempre Kilapis. O telefone voltou a tocar. Desta vez atendi, mas com muitas reticências. -- Aló Samaria é a Claúdia. Ainda Lembraste de mim? -- Sim! Claro que lembro. – Respondi mesmo sem saber de concreto de quem se tratava. muitas mulheres tinham passado pela vida. Mas não importava. Uma mulher a ligar numa tarde de Domingo e sem cobrar Kilapi é porque boa coisa poderia vir daí. -- Tas em casa? -- Sim. Estou -- num tas ocupado ne? -- Não to aqui pausado. -- Ok. Estou a vir aí. Não sai de casa yah. -- Ta fixe. vais me encontrar. Depois de desligar, fiz um exercício de memória para tentar me lembrar de quem se tratava. O nome e a cara passavam de forma difusa na memória. Resolvi tomar algumas providências. Se ia receber visita, tinha que preparar o meu cantinho do amor. As meias, talheres e pratos que habitualmente ficam no chão foram recolhidas. Procurei o Gillete e corri a casa de banho. Precisava aparar algumas coisas. Essas miúdas de agora são loucas e quando bem motivadas tocam em zonas do corpo que nunca imaginamos existirem. É melhor prevenir do que remediar. O perfume tinha acabado. Chocalhei o frasco e saiu um cheirinho bom. Já dava para mentir qualquer pessoa que se atrevesse a beijar ou lamber o pescoço. Não me lembrava que género de mulher era a Cláudia. Se era uma gingubinha ou dessas magricelas acabadas de sair de uma dieta. Deitado no cadeirão, Esperei quase uma hora. Quando ouvi o som de batidas na porta. Abri, vislumbrei a Face e logo lembrei-me dela: Cláudia André Pegado. Uma ex. colega do tempo da faculdade. -- Oi tudo bem? -- Eu to bem. Entra. -- Nessa altura o coração já palpitava. Cláudia foi uma companheira de cama e de farras nos tempos em que as miúdas ainda suportavam dar umas voltas a pé. Suportou-me até ao 2º ano. Altura em que alargou os horizontes conheceu outros homens, outros mundos, outros fundos e foi embora sem dizer nada. Nunca perguntei porquê e ela também nunca se deu o trabalho de justificar. Três anos depois, Cláudia estava visivelmente transformada. Cabelos longos, cheiro a perfume caro, roupas de marcas e jóias notáveis. Sentamos lado a lado e por alguns minutos não consegui dizer nada. Foi ao quarto e começou logo a tirar a roupa. -- Preciso descansar, ontem quase não dormi nada. – Justificou sem vergonha nenhuma. -- Posso te fazer companhia? – Estava mesmo com vontade de tirar uma soneca. -- Ya. Mas não se mexe muito. Isso já não é como antes ok? -- Ta fixe. Deitei ao lado dela. A cama tem um pequeno declive resultado de muitos anos de uso. Mas ela nunca se importou. E como nos velhos tempos fizemos amor com muita paixão. Depois disso, contou-me um pouco da sua vida. Disse que estava bem, namorava com um senhor de nome e dinheiro. Não era feliz mas tinha tudo: Um carro, um apartamento no Kilamba, roupas, viagens, jóias e tudo mais. Depois fez-me uma proposta surpreendente. -- Continuas desempregado ne? Perguntou. -- Sim. Porquê? Vais me arranjar emprego? -- Posso falar com o meu namorado. Vou dizer que es meu Tio pra ele te colocar num bom posto lá no ministério onde ele trabalha. Mas só vou fazer isso se aceitares que Eu fique com ele e contigo ao mesmo tempo. Assim, ele me dá as coisas que você não consegue me dar e tu fazes o trabalho que ele não tem tempo de fazer. Aceitas? -- Aceito. E nesse dia, dormi pensando no novo emprego lá do ministério onde trabalha o namorado da minha namorada.
Posted on: Mon, 29 Jul 2013 20:37:53 +0000

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