O QUE É A UMBANDA? Umbanda é uma religião tipicamente - TopicsExpress



          

O QUE É A UMBANDA? Umbanda é uma religião tipicamente brasileira cuja base é a tradição africana. Foi fundada no Rio de Janeiro em 1908 por Zélio Fernandino de Moraes. Zélio fundou a umbanda sob a influência de um espírito chamado “caboclo das sete encruzilhadas”. A umbanda é a religião de maior sincretismo do Brasil. Ela faz a mescla de elementos católicos, africanos, indígenas, ciganos, e outros. A umbanda é, portanto, uma religião universalista, pois tece num fio comum dentro de influências das tradições indígenas, do Espiritismo kardecista, da tradição Congo e a Tradição Iorubana da África, a doutrina católica, e outras tradições antigas. Toda essa bagagem multicultural confere a Umbanda uma aura especial e a aceitação de um amplo espectro social, desde as classes mais pobres até intelectuais de renome, artistas, e todo tipo de gente. Por isso ela é considerada uma religião pluralista, multicultural e inter-racial. A umbanda, ao contrário do Espiritismo, não possui uma doutrina codificada, nem tampouco um livro sacro, como o catolicismo. Essa religião é essencialmente prática, e suas transformações vão se produzindo numa eterna construção e reconstrução baseada na prática do contato com os espíritos. Sendo a Umbanda uma religião nascida e desenvolvida em solo brasileiro, ela naturalmente absorve o modo de ser do povo brasileiro, com sua tradição de tolerância religiosa, multiculturalismo, misticismo, fé espontânea e fervorosa, heterogeneidade étnica, cordialidade e simplicidade. Toda essa riqueza plural de um forte sincretismo religioso gera diferentes ramos ou segmentos que encaram a prática da Umbanda de forma diferenciada. Esses ramos podem ser bastante distintos entre si, mas todos conservam algumas qualidades essenciais que assegura a religião a sua perpetuação. Algumas destas características comuns são a caridade praticada no seio da Umbanda, a diversidade cultural e religiosa, o contato com espíritos de diferentes ordens e o uso abundante da mediunidade. As tradições mais importantes que formam o conjunto multicultural e o forte sincretismo da Umbanda são: Tradição Ameríndia: Esta é a tradição herdada dos índios brasileiros, seus cultos, suas práticas xamânicas, seus rituais, suas divindades. Aqui a figura do caboclo, muito conhecida na Umbanda, ganha grande destaque. Os espíritos dos caboclos são invocados na maioria das tendas ou centros umbandistas. A sabedoria dos antepassados ganha vida nos cultos e práticas mediúnicas, com a atualização de questões históricas sobre dominação cultural dos índios, a desumana evangelização que eles sofreram, os diversos massacres da colonização européia, o trato do caboclo como sendo uma “alma selvagem” à espera de catequização e banho de civilização, etc. Toda essa bagagem histórica produziu, ao longo dos séculos, uma sabedoria de experiências coletivas, que se expressa nos rituais umbandistas. Outro forte elemento da tradição ameríndia é a figura do Pajé, o curandeiro, que usa a medicina das ervas para o tratamento de doenças. A pajelança é mais conhecida e praticada no Norte e Nordeste, mas não deixa de estar infiltrada na tradição umbandista como um todo. Tradição do Congo: A origem da Umbanda na tradição do Congo é um pouco desconhecida até entre umbandistas. A escravidão do Brasil trouxe uma enorme quantidade de negros da África, e o principal país em que os negros foram raptados foi no Congo. Tendo isso em vista, é natural imaginar como a Tradição do Congo esteja abundantemente impregnada na Umbanda. A Tradição do Congo era orientada por alguns princípios básicos, dentre eles damos destaque a reencarnação. Sim, bem antes do Espiritismo Kardecista chegar ao Brasil, a Tradição do Congo já possuía em seu seio a ideia do renascimento e morte sucessivos. Isso por que a reencarnação é uma lei universal, e por esse motivo, naturalmente se encontra gravada na intuição e na experiência de muitos povos ao longo da História. Além da reencarnação, o culto aos mortos e a adoração da natureza são também muito presentes na cultura congolesa. Antes da época da escravidão os condoleses já acreditavam que a Terra é redonda, e que o sol gira em torno da Terra. A órbita do sol em torno da Terra era correlacionada com as fases da vida humana, em seu nascimento, crescimento, velhice e morte, para depois nascer novamente e refazer todo o percurso. A cultura congolesa influenciou ainda outros aspectos da religiosidade popular brasileira, como a macumba, o Vodu e o Pallo. Além disso, essa tradição influenciou cultura brasileira na música, e está na origem de estilos musicais como o samba, o tango, o mambo, o rock, etc. A capoeira também teria se originado a partir de aspectos da tradição congolesa. Somente estes elementos já são mais do que suficientes para se verificar o quanto a tradição do Congo está presente na Umbanda e também na cultura popular do nosso país. Tradição Iorubana: A tradição iorubana é bem vasta. Ela está sem dúvida no cerne do surgimento da Umbanda. A tradição iorubana veio ao Brasil mais preservada do que a tradição do congo, e isto se deve muito provavelmente ao fato da chegada tardia dos povos pertencentes a essa tradição no Brasil. Como eles foram os últimos e chegar em solo brasileiro, sua tradição teve menos tempo para ser descaracterizada pelos dominadores. Mesmo assim, ela foi desconstruída em vários pontos, e hoje muitos intelectuais procuram reconstituí-la em sua origem. Como diz Maria Ines Couto “as tradições trazidas da África pelos escravos sofreram, como não podia deixar de ser, modificações devido à aculturação, transmissão oral, miscigenação de raças, e principalmente à condição de opressão em que viviam os escravos, que além de terem um idioma completamente diferente do dos colonizadores, não podiam se comunicar livremente entre si e eram tratados como mercadoria”. A resistência da tradição iorubana teve que aderir ao sincretismo, como todas as tradições que vieram da África. Mas a iorubana sofreu se perdeu menos com o sincretismo, pois os iorubanos o flexibilizaram bem menos do que os congolenses, que se submeteram muito mais ao sincretismo. As cidades iorubanas na áfrica, por outro lado, atingiram alto grau de civilização, e deixaram surpresos os primeiros europeus que chegaram a essas localidades. Cada região era dedicada a uma divindade, assim como cada pessoa possuía a proteção de um Orixá específico desde o nascimento, mas estão livres para cultuar outros Orixás. O número de deidades na tradição iorubana varia de 200 a 1.600 divindades. O oráculo tem grande influência sobre a vida de uma pessoa, é ele quem define muitas coisas na vida das pessoas. Tradição Cristã: Essa tradição era predominante entre os colonizadores. Foi trazida de Portugal e apresentava um viés muito atrasado para a época. Ainda conservava traços do catolicismo medieval e estava na contramão do Renascimento europeu. Portugal foi o último país a extinguir a Inquisição. A conversão dos negros e índios a fé cristã foi um marco histórico de imposição de um religião sobre a outra; os negros escravos eram obrigados a acatar a religião oficial portuguesa. Essa religião oficial enfatizava a vida dos santos e mártires da igreja, e os exaltava a condição de intermediários entre o mundo profano e o mundo divino. Foi esta tendência que ficou mais registrada nas religiões afrobrasileiras que sincretizaram com o catolicismo. Ate hoje se vê estátuas de santos católicos e sua relação sincrética com os orixás. Dizem que a melhor maneira de se conquistar um povo é destruir sua cultura e apagar a sua memória. Apesar dos portugueses tentarem isso, a fim de manter um clima amistoso entre os povos, os portugueses adotaram táticas de permissividade diante de alguns cultos africanos. Por conta disso, as práticas africanas puderam se manter vivas ao longo da História, embora tivessem que se adaptar a fé católica em seus princípios e em suas divindades. O Espiritismo Kardecista: A doutrina espírita é uma presença bem significativa na formação e na perpetuação da Umbanda. Ela forma uma base racional e lógico-científica dos fenômenos umbandistas. Allan Kardec era francês e viveu na época do auge do racionalismo e do positivismo. Alguns autores umbandistas exaltam a marca científica do Espiritismo a fim de dar uma sustentação empírica as práticas mediúnicas da Umbanda. As ideias de reencarnação, que também encontram eco na tradição do congo, ganham destaque no Kardecismo. A ideia da lei de causa e efeito vem compor o cerne dos princípios umbandistas. A umbanda herdou boa parte de sua concepção e exercício da caridade dos ensinamentos católicos, mas também do Kardecismo. Alguns princípios espíritas que são compartilhados pelos umbandistas: a vida após a morte, a reencarnação, a lei de causa e efeito, a existência de Deus, a existência de um corpo espiritual (perispírito), a mediunidade em suas várias formas, dentre outros. A Tradição Oriental: Aqui encontramos a forte presença de elementos hinduístas, budistas e confucionistas na Umbanda. Esta herança pode ser encontrada em centros que se inclinam para a linhagem oriental. As tradições orientais cultuam a compaixão, a aceitação das imperfeições do mundo, a ideia da ilusão da materialidade, dentre outros. Na filosofia hindu encontramos também a noção do renascimento sucessivo e da lei do karma. Nas tradições umbandistas mais esotéricas, encontraremos a noção dos sete chakras, também uma herança essencial da sabedoria hindu. Os Ciganos: Ciganos é um nome comum de vários povos nômades com características similares. A Tradição Cigana é muito conhecida pelo seu caráter nômade, pela vida natural, pela liberdade, pelas festas com suas danças exóticas e pela diversidade dos seus costumes e religiões. Historicamente os ciganos foram um povo que sofreu com severas perseguições, desde a Idade Média até o Nazismo. Poucos sabem disso, mas os ciganos foram também objeto de perseguição e segregação na segunda guerra mundial. Os ciganos de antigamente não gozavam de boa fama, eram considerados ociosos, traiçoeiros e até criminosos. Os ciganos são conhecidos pela sua presteza oracular e pelo uso da magia natural. Os espíritos dos Ciganos são evocados na Umbanda para a realização de trabalhos específicos. Em essência, na Umbanda eles são considerados livres e corajosos, defendem com firmeza aquilo que acreditam. Por este motivo, são úteis em trabalhos mais pesados, que exige força e autonomia. Os Fundamentos da Umbanda
Posted on: Fri, 02 Aug 2013 12:47:49 +0000

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