O SIMBOLISMO MISTERIOSO E SAGRADO DO TEMPO! Dr. Antonio - TopicsExpress



          

O SIMBOLISMO MISTERIOSO E SAGRADO DO TEMPO! Dr. Antonio Maspoli O Relógio “Diante de coisa tão doida Conservemo-nos serenos Cada minuto da vida Nunca é mais, é sempre menos Ser é apenas uma face Do não ser, e não do ser Desde o instante em que se nasce Já se começa a morrer.” (Cassiano Ricardo) O homem secularizado, contemporâneo, só conhece o tempo khronos, o tempo monótono do trabalho, da espera, da doença. Falta-lhe, entretanto, o tempo do lazer, das festividades, da esperança. Pois para ele o tempo não tem mistério, o tempo é começo e fim, antes e depois, e independente de seus diferentes ritmos temporais, o “homem não-religioso sabe que se trata sempre de uma experiência humana, onde nenhuma presença divina se pode inserir”. (ELIADE, 1992, p. 61). O tempo cronológico é o tempo do relógio moderno: Diante do relógio tudo passa, A hora, o minuto, o segundo, Passa o khronos, o kairós, O tempo passa! Diante do tempo tudo passa, A infância, a mocidade, a velhice, Passa a vaidade e a humildade, A vida passa! Diante da vida tudo passa, O sol, a lua, a vida, e a morte, O Raimundo passa. Diante do Raimundo tudo passa, Passa o finito e o infinito, O tempo passa!(Antonio Maspoli) “Não podemos conceber o tempo senão com a condição de distinguir nele momentos diferentes. Ora qual é a origem dessa diferenciação? Certamente, os estados de consciência que já experimentamos podem se reproduzir em nós, na mesma ordem em que aconteceram primitivamente: e assim, porções do nosso passado voltam a ser presentes, mesmo distinguindo-se espontaneamente do presente”. ( DURKHEIM, 1989, p. 39). Outro é o tempo sagrado, o tempo do rito, da festa, do sacramento, da celebração, da esperança. “O tempo sagrado é pela sua natureza própria reversível, no sentido em que é, propriamente falando, um Tempo mítico primordial tornando presente.”Eliade, s.d. p. 81). O tempo sagrado situa-se em outra dimensão. Ele permite ao homem por meio do mito e através do rito adentrar esta outra dimensão de tempo e dela sair quanto vezes forem necessárias. O tempo sagrado corresponde ao tempo do inconsciente coletivo e pessoal, o tempo primordial da mente, onde tudo esta acontecendo no presente, onde tudo esta registrado no presente, onde tudo esta evocado no presente. Todo rito, toda celebração sagrada produz a possibilidade de recriação do tempo primordial que deu origem ao rito e a celebração. Em sentido bíblico este tempo sagrado é o kairós. O Kairos, a plenitude do tempo, corresponde aquele momento em que a manifestação de Deus irrompe na história. "Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho.” (Galatas 4:4) É a intervenção do sagrado no khronos. Quando o kairós atravessa o khronos o homem esta posto entre o alfa e o Omega. “Seu sentido original – o tempo oportuno, o tempo de agir – deve ser contrastado com o khronos, o tempo mensurável ou tempo do relógio. O primeiro é qualitativo, o segundo é quantitativo. A palavra inglesa timing expressa algo de caráter qualitativo do tempo, e se falássemos de um timing de Deus em sua atividade providencial, este termo se aproximaria do sentido da palavra kairos.” (TILLICH, 2005, p. 800). O tempo do mito é o mesmo do sonho, é o kairós. No sonho o mito ganha vida, renasce para o sonhador. Assim, o mito é a fonte conhecida de representação onírica costumeira, o qual descreve uma situação em termos de verdade e de realidade psíquica interiores. O mito, portanto, segue essa mesma lei. O mito, portanto coloca a narrativa mítica uma validade que ultrapassa o tempo e o espaço, e é verdadeira em todo momento e em todo lugar. Ademais, é exatamente por sua universalidade que ele pode ser narrado, com igual autoridade, de vários pontos de vista diferentes. O Kairós é mesmo o tempo dos Deus! O kairós é o tempo do loucos, benditos loucos! O kairós é o tempo dos poetas e dos apaixonados! O kairós é o presente do passado, o presente do presente e o presente do futuro! É aquele espaço de tempo que permanece entre o Alfa e o ômega, o principio e o fim, a que chamamos de eternidade (Apocalipse 22:13). Aquele que Mora no Kairós Alguns vivem na lua! Outro tanto tenta sobreviver à realidade, E até conseguem... Mas que realidade? Outro mora longe... Num tal de espaço vital. E tem aquele que quer viver no espaço sagrado. Ou se refugiam no espaço psicológico, tanto faz. Um lugar sagrado para habitar? O coração de Deus. Os poetas, os artistas e os místicos. Conhecem esse caminho. Caminhado por alguns loucos. E quem é normal? O que transita entre sonho o a fantasia! E às vezes até vive no mundo da lua. “É lá onde moro, onde me sinto bem!”´ Às vezes o alguém quer um tempo, Não tem tempo, pede um tempo. O tempo oportuno: o aqui e agora! o melhor lugar: o kairós, sem dúvida!
Posted on: Sat, 28 Sep 2013 00:55:29 +0000

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