O TORPEDO QUE SALVOU UMA VIDA Jean caminhava com o irmão mais - TopicsExpress



          

O TORPEDO QUE SALVOU UMA VIDA Jean caminhava com o irmão mais novo por uma floresta de Nianzale, no leste da República Democrática do Congo; ouviram, então, gritos e tiros. Atingido por uma bala perdida, Jean sentiu um choque violento. Logo tudo escureceu. Quando abriu os olhos, estava caído no chão da floresta, e o irmão chorava. Jean sentiu dor no braço esquerdo. Olhou, e o braço sumira. O irmão fugiu, em estado de choque, mas ileso. Jean se levantou, meio tonto, e andou na direção dos homens armados, que nada fizeram para ajudá-lo. Três semanas depois do tiro, Jean conseguiu chegar ao hospital da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), na vizinha Rutshuru. David Nott, cirurgião recém-chegado, o avaliou. Mesmo antes de remover o curativo, Nott sentiu o cheiro característico da gangrena junto da carne apodrecida. Jean estava em choque séptico. Ao remover o curativo sujo, Nott examinou o coto de uns 15 centímetros. Durante uma semana, pelo menos, o sangue não chegara aos restos de músculo do braço. O osso do rapaz estava exposto e apodrecia. Ninguém esperava que Jean vivesse mais de três dias. Ele sabia que a única maneira de Jean sobreviver até o fim da semana seria uma cirurgia radical: as áreas infeccionadas teriam de ser removidas, inclusive a clavícula e a escápula. Mas o procedimento, chamado desarticulação interescapulotorácica (cirurgia de Berger) ou desarticulação escapuloumeral, era tão perigoso que poucos cirurgiões o realizavam. Naquela noite, Nott não conseguiu dormir, atormentado com a decisão que tinha de tomar. Seria mais simples deixar o rapaz morrer. Ninguém esperava que sobrevivesse; seria mais um, em meio às milhares de baixas daquela guerra. Havia razões práticas concretas para não tentar a cirurgia. Exigiria recursos demais do hospital: e se dez feridos a bala chegassem no meio da operação? Provavelmente, Jean precisaria de muito sangue, e só havia meio litro. E o rapaz estava tão mal que a probabilidade de morrer na mesa de cirurgia era de 80%. Seria justo usar os recursos dessa maneira? E, mesmo que a operação fosse um sucesso, quanto tempo Jean suportaria no Congo com um braço só? Como ganharia a vida? Como sobreviveria? Nott pegou o celular. A conexão era muito ruim para uma conversa, mas havia perío... Continua em: bibliacomentada.br/index.php/2013/9/25/torpedo-salvou-vida/
Posted on: Fri, 04 Oct 2013 05:20:00 +0000

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