O VIDRO Você sabe o que sinto, parece sentir o que eu sinto. Mas sei que isso não é verdade, pois nós ainda estamos separados por um vidro, que não vemos, mas que não nos deixa aproximarmos. Você sorri, como que me dando esperança, mas talvez não saiba que isso me sufoca, pois esperança é incerteza, e incerteza é sofrer aos poucos, é morrer aos poucos. Mas, pelo mais incrível que possa parecer, eu adoro teu sorriso, e se isso me faz sofrer, então eu adoro o sofrimento. Quem dera se esse vidro não existisse, eu poderia ver melhor o teu olhar, poderia contemplá-lo melhor, pois os olhos são os portões da alma. Dizem que o destino, às vezes, é injusto conosco, mas isso não é verdade, pois somos nós quem traçamos o nosso destino, somos, então, nossos próprios carrascos. Mas te pergunto, como lutar contra meu próprio eu, que convalesce por ter medo do poder do amor? Eu posso até quebrar esse vidro, reconheço isso, mas o medo do amor, que nunca conheci e, que está preso do outro lado, me faz impotente. São loucos todos os poetas, mas vou além, são covardes, pois prendem os sentimentos nas palavras, símbolos que nunca suportaram ou representaram o que sentimos. Choro timidamente, e me debato num frio dilacerante, numa expectativa de certo incoerente, e isso nunca poderei te dizer apenas com palavras. Mas percebo que tuas palavras, e fotos que vejo por aí, são de alguém que quer um amor para poder amar de volta, ou seja, você já sofreu por paixões, que não valeram a pena, e se valeram, foram apenas para te mostrar o que é sofrer, e que amor se constrói com momentos, não apenas com instantes. Saiba, eu estou aqui para vivermos estes momentos juntos. Pego uma mareta neste instante, e vou em direção ao vidro, e a única coisa que espero é que você esteja do outro lado. Escrita por Frederico Lima em 21 de setembro de 2011. Obs: apaixonada por essa crônica
Posted on: Fri, 12 Jul 2013 22:33:01 +0000