O inconformismo com a condenação e com qualquer pena imposta, seja justa ou injusta, é um direito inalienável de qualquer ser humano. Mas no caso do PT tal inconformismo beira a raia da irracionalidade, do fanatismo e da intolerância com qualquer opinião divergente. Mesmo argumentando, como argumentei na minha última postagem que não é cabível delegar a execução da pena, do que já transitou em julgado, a um juiz que tenha parentesco com políticos do principal partido de oposição sob pena de partidarizar o julgamento, tenho recebido mensagens de petistas que, talvez por fraqueza moral, preferem não se manifestar a luz do dia para que todos vejam o teor totalitário da contra argumentação. Fui acusado, por exemplo, de possuir uma visão sui generis da democracia por apoiar, pasmem, um julgamento sem provas. Pergunto: que provas eles queriam? Exame de corpo de delito? O STF não está analisando o obscuro caso do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel. O que houve de tão inovador na ação penal 470 foi a ampliação dos elementos probatórios uma vez que corruptos agem de modo sorrateiro, como agem aqueles que me enviam mensagens privadas. Os argumentos são sempre os mesmos: golpe das elites, judiciário elitista, cerceamento do direito a ampla defesa. Tão descabidos são os argumentos que esperava-se que, uma vez concluído o julgamento, a defesa deveria se manifestar sobre a execução ou não das penas... Ora, é bom lembrar que o STF é composto majoritariamente por ministros indicados pelo PT, que teve a descompostura de indicar para membro da Suprema Corte um ex-advogado do partido que, por sinal está muito longe de possuir quaisquer vestígios de notório saber jurídico, critério que deveria ser observado. Todas as manobras possíveis foram realizadas para que se mudasse a composição do plenário e, talvez, os juízes verdadeiramente comprometidos com a justiça revolucionária pudessem salvar os criminosos da devida punição. Repito aqui, querem insistir na tese de que se trata de presos políticos, nada mais correto. Cícero, Maquiavel, Montesquieu, dentre outros, já diziam que pior que a corrupção para fins de locupletação privada, é a tentativa de corromper as instituições, causa apontada pelos autores, para o fim da República romana. Pior do que isso, façamos um exercício e imaginemos que o mensalão, não o mineiro mas a formação de uma quadrilha no interior do Palácio do Planalto fosse um esquema montado por outro partido ao qual o PT fosse oposição. Dá para imaginar o estardalhaço? Respeitariam eles o direito a ampla defesa? Aplaudiriam um STF que não se rendeu ao clamor popular como foi aplaudida a decisão de acolhimentos dos embargos infringentes? Quando um partido reivindica para si o monopólio da ética e comete deslizes como os dólares escondidos em lugares menos nobre é claro que o estrago é grande. Mas procuremos interpretar o raciocínio dos que estão achincalhando o Supremo; esquecendo ou ignorando as noções mais elementares de economia, o PT desconsidera um fato óbvio: não se faz distribuição de renda sem uma prévia estabilização da economia. A inflação corrói, como está corroendo, a renda dos mais pobres. Contudo, ignorando o trabalho feito no governo anterior, o PT se julga o único responsável pela incorporação de uma massa antes marginalizada do processo de consumo. Acredita-se que o único responsável pelas mudanças sociais seja o PT, e que por isso o partido está acima do bem e do mal, acima da Suprema Corte e dos preceitos da separação e independência dos poderes constituídos. Uma vez frustrado o plano para corromper a prática representativa e após um longo e penoso julgamento que, salvo a exceção citada, reuniu as mentes jurídicas mais brilhantes do país, o PT parte para um ataque vil utilizando métodos que foram utilizados pelos nazistas, pelos fascistas, e com excepcional destreza pelos comunistas para tentar coagir e intimidar aqueles que acreditam que em uma democracia madura, sem ares bolivarianos, a lei deve valer para todos, doa em quem doer.
Posted on: Tue, 26 Nov 2013 01:01:34 +0000
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