O lado técnico do trabalho do professor é complexo. Existem - TopicsExpress



          

O lado técnico do trabalho do professor é complexo. Existem muitas variáveis humanas em jogo: o professor, o aluno (faixa etária), a classe (recursos e colegas), o tempo disponível, o currículo (por extensão a disciplina, caráter do curso). Mesmo com todo o estudo e refinamento da arte de ensinar, o fator crítico do sucesso no ensino e na aprendizagem está na valorização tanto do aluno como do professor. E isto é um dado social. Por um lado, o professor é indicado, porém carece de uma formação mais sólida. No seu trabalhar é pressionado para ministrar dado conteúdo em determinado tempo, com o mínimo de recursos (quando muito eletricidade, lousa e um cômodo para se ensinar). O livro didático é escolhido pelo preço mais barato. Quando não se tem o livro didático, a apostila fica limitada pelo fator econômico e muitas vezes o professor não tem meios técnicos para elaborá-la ou imprimi-la. O professor também carece de um treinamento e de uma reciclagem contínua, fator que também tem sido preterido por muitas instituições. A competitividade do mercado de trabalho contribui através da grande oferta de profissionais a uma acomodação das instituições. Por outro lado, os alunos têm sofrido com a desagregação da família e a violência. As condições de vida deles têm muitas limitações (alimentação, higiene, saúde, condições de adquirir material). Sobram as alternativas da mídia (ou tecnologia, que acaba tendo função mais alienante ou lúdica do que didática) e da rua. Tal abandono redunda em uma atitude de pessimismo, desinteresse e em alguns casos até hostilidade contra o profissional, que cada vez mais vai perdendo o domínio da situação. A sociedade vai perdendo a confiança nas instituições, marchando para o antiintelectualismo, a indiferença, o preconceito e a automatização do ensino programado à distância. O marketing apregoa a aparência de aprendizagem, os valores vão se invertendo. As medidas de inclusão e de afirmação das minorias vão minando a igualdade nas relações de ensino, criando um clima de suspeita e democratizando os conteúdos no sentido de nivelar por baixo as exigências educacionais. Tudo isso urge pelo caráter missionário que Comenius preconizou na didática, que tanto transformou a Europa em sua época. Um esforço de agregar valor a educação em busca de uma sociedade menos consumista e mais cidadã, reflexiva, familiar e participativa. Cada vez mais o professor precisa de maleabilidade, jogo de cintura, para poder se adaptar a um ambiente cada vez menos controlado e mais hostil. Ele pode contribuir para que este ambiente melhore, mas não consegue nada sozinho. O esforço social deve se concentrar em estruturar a família, estabilizar a política em meio à corrupção endêmica, distribuir melhor a renda, oferecer mais perspectivas de vida para o aluno e valorizar também a sua condição de aluno. Com tais medidas, a relação professor-aluno vai melhorar e a eficiência vai ser aumentada. A didática pode se nutrir de técnicas para remotivar o aluno que teve um mau professor. Munir-se de estratégias para recuperar o aluno que fica aquém no processo. Até mesmo prover técnicas para ajudar o professor ante o assédio de alunos, colegas de profissão, familiares de alunos e diretores. Pode ter também como foco a mente daquele que ensina, provendo técnicas de motivação docente. Só assim o professor estará mais aparelhado a recuperar o aluno da influência perniciosa da violência, das drogas, da sociedade de consumo e do desprezo que a atividade ensinar-aprender vem sofrendo.
Posted on: Sun, 15 Sep 2013 02:27:22 +0000

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