O que me impressiona neste artigo infeliz é a reafirmação e utilização de palavras que caracterizam e sempre caracterizaram negros como incapazes e sem preparação para exercer certos cargos de poder na nossa sociedade. É fato histórico como atribuições animalescas sempre foram direcionadas aos negros para descaracterizá-los em qualquer âmbito das suas relações sociais e de poder. Será que seria diferente com o Joaquim Barbosa? Expressões como: "Barbosa não possuir a serenidade e a compostura exigíveis para esse difícil e delicado encargo" ; "Coisas de república bananeira, ou seja, de presidente trapalhão do STF para a presidência da nação." ; Barbosa não detinha, e era público e notório, condições nem para mediar, com urbanidade, temperança". Urbanidade está aludindo a civilidade? E temperança? O que pensar quando as críticas direcionadas ao presidente do supremo estão sempre ligadas aos seus aspectos emocionais, comportamentais e até intelectuais, mas não ao teor do que se está discutindo e à impaciência de se ver corruptos sempre se safando da justiça e de condenações por contarem com o apoio de magistrados serenos e cheios de compostura, para tirar o foco do que realmente interessa à população, a condenação por seus crimes. Criticá-lo enquanto presidente do STF faz parte da democracia. Mas desqualificar o primeiro negro a assumir o posto de presidente do STF em suas características que remontam a argumentos do século XIX é retroalimentar a função social do racismo. Para uma leitura que problematize estas visões racistas e preconceituosas recomendo um texto que está aqui nesta página e que foi escrito por mim. viomundo.br/politica/maierovitch-atribuir-a-um-juiz-a-chicana-vira-prevaricacao-no-minimo.html
Posted on: Sat, 17 Aug 2013 20:09:00 +0000
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