O sublime-satânico de Bosch Corpos cansados cadavéricos no - TopicsExpress



          

O sublime-satânico de Bosch Corpos cansados cadavéricos no calabouço estão presos no mutismo das obras de arte, onde nem mesmo Mona Lisa ousaria sorrir seu sorriso grotesco nesse mundo de trevas que irradiam sombras e fracassos. No inebriante ritual executado na masmorra medieval, cadáveres aos montes contemplam a arte maldita de Bosch. Nada sabem da morte, do tempo ou da poesia, mas olham aquelas pinturas delirantes como Medeia a seus filhos olharia. Nada de misericórdia – o amor é vil – e a poesia, bruxaria. A arte contemplada na sinfonia da madrugada instiga a dúvida: faz da vida poeira de ruínas e do amor catástrofe do destino. Já a alma, essa intrusa de corpos profanos, torna-se volúvel, etérea e em nada mais acredita. Nada fixa a Verdade da arte quando os olhos violáceos dos santos se deparam com o sublime-satânico boschiano, que como Zeus personifica-se em dor e alegria através de milhões de monstros vindos dos mais ermos sonhos do pintor-poeta que revelou aos homens as consequências das danações terrenas punidas com vigor nos Ínferos ao som de tormentos inauditos. Nesse universo à deriva, a vida faz da razão um mar de incongruências ao transformar o olhar ausente do morto num torvelinho regogizante, pois até mesmo Mefistófeles chora ao se deparar com a pintura-poesia do maldito errante. (Vinicius Macêdo)
Posted on: Sun, 14 Jul 2013 12:41:12 +0000

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