O ÚLTIMO ATO Caras e caros, Entendemos que a política, em todos os seus âmbitos, é cíclica. A cada novo ciclo surge – de vontades coletivas, de anseios individuais e de necessidades reais – uma nova forma de enfrentamento. A luta dentro do movimento estudantil é construída pelos mais variados grupos, que visam à transformação da realidade, cada um à sua maneira e em prol de suas convicções. O Grupo Universidade Crítica, desde a sua criação, prezou pela defesa dos interesses dos estudantes e pela transformação de nossa sociedade, buscando uma realidade mais democrática, livre e popular. Apesar de ter sido, durante estes 3 anos, um trabalho muitas vezes frustrante, conseguimos algumas vitórias. Vivíamos sob as consequências da gestão do antigo diretor, atual Reitor, João Grandino Rodas, tanto pelos atos de venda e reforma de salas de aula, como pela mudança desastrosa da biblioteca e aprovação da grade em 2007, que agravou de forma brutal as deficiências no aprendizado dos e das estudantes. Em 2011, em resposta, aclamamos a proposta de declarar o Reitor “persona non grata”, ao mesmo tempo em que obtivemos êxito na luta pela constituição de uma Subcomissão para reforma do Projeto Político-Pedagógico e Matriz Curricular, na Comissão de Graduação. Deparamo-nos com o diagnóstico claro de um ensino tecnicista, no qual o aluno cumpre disciplinas de uma grade curricular engessada, que despreza o equilíbrio do tripé ensino-pesquisa-extensão e foi instituída por meio da autoritária estrutura departamental, que compartimenta as áreas do Direito, dificulta a interdisciplinaridade e um aprofundamento da complexa estrutura jurídica, além de criar espaços de perpetuação de poder pelas abolidas, mas ainda vívidas cátedras. Pela consolidação do projeto de Avaliação de Ensino, possibilitamos a coleta de dados que nos permitiram corroborar a análise, em detalhes, dos problemas do nosso curso e, a partir da subcomissão criada, buscamos discutir com os estudantes, funcionários e professores, uma nova perspectiva para o nosso ensino jurídico. No âmbito da pesquisa o Grupo Universidade Crítica também inovou. O grupo revigorou os Simpósios de Iniciação Científica, permitindo que os estudantes tivessem um espaço de debate e de construção coletiva dos seus trabalhos. Ajudou a criar também os Workshops de IC para que se pudesse esclarecer os trâmites burocráticos da atividade de pesquisa bem como desmistificar para os estudantes o que seria necessário para realizar tais atividades. Lutou também pela regulação mais clara e eficiente da concessão de créditos para aqueles que exerceram atividades de pesquisa, ampliou a possibilidades de realização de pesquisa na graduação, permitindo que estudantes sem bolsa também pudessem realizar pesquisa. Discutiu de forma intensa quanto a regulamentação sobre a realização de pesquisas de Pós-doutorado sem bolsa de forma a evitar que elas se transformassem em mero "aquecedor de diplomas". Não apenas isso, mas também se aplicou em defender a ampliação do aumento do número de bolsas de Iniciação Científica junto ao CNPq bem como a concessão de mais créditos para os semestres de realização dessa atividade. Na convicção de que a Universidade requer muitas mudanças para que se torne verdadeiramente pública e popular, buscamos também a aprovação de uma moção da Congregação a favor das cotas raciais e sociais, além da criação de uma comissão paritária e tripartite para rediscussão do Regimento Interno da Faculdade. Dessa forma que o Grupo Universidade Crítica enxergava a atuação da RD: ao mesmo tempo em que lutava pelos interesses dos estudantes no meio administrativo, lutava pela atuação política em peso do Movimento Estudantil, na crença de que todos os espaços devem ser politizados, visto que muito de autoritarismo se esconde por trás das formas burocráticas da administração pública. Entretanto, como natural da vida política, todo ciclo se encerra. Durante a existência do Grupo, nós, do Universidade Crítica, buscamos atender as demandas discentes da melhor forma possível, atuando com ideologia e esperança. Porém, durante esse processo, alguns problemas se estenderam, como o afastamento do Grupo dos estudantes, a excessiva burocratização de nossa estrutura e a falta de interesse tanto interna quanto externa, alguns dos motivos que antecedem esta decisão. Sem ignorar todas as nossas vitórias e conquistas, agradecemos por todo o apoio que nos foi dado. Porém, a própria estrutura do Grupo Universidade Crítica e seu modo de atuação não correspondem à realidade política que vemos hoje na Faculdade e na sociedade. Dessa forma, anunciamos aqui o fim do grupo que atualmente faz a gestão da RD. Como entendemos que somos Representantes Discentes eleitos, não interromperemos, de forma alguma, nossas atividades até o final do ano, manteremos o compromisso de seguir os princípios defendidos em nossa última carta-programa e tentaremos atuar ao máximo de maneira próxima a todas e todos estudantes. Apesar do fim do Grupo, enxergamos a necessidade de manutenção de um grupo que lute pela Representação Discente da FDUSP. Por isso, visando a estabelecer uma nova gama de interessados, que formem um grupo coeso e horizontal, político e verdadeiramente democrático, que se atente à necessidade de reformas dentro da São Francisco e fora dela, propomos algumas reuniões. Nestas, todas e todos que estejam interessados em fazer parte do trabalho da Representação Discente estão convidados. A ideia é fazer um debate plenamente igualitário e horizontal, onde todos terão voz, para que possamos encontrar um grupo que prossiga no trabalho da Representação Discente do próximo ano. Nas reuniões, qualquer um terá a liberdade de debater, dar sugestões e ideias para que um novo ciclo da RD se inicie. As reuniões acontecerão na quarta-feira, dia 09 , às 10h, e na quinta, dia 11, às 17h. Grupo Universidade Crítica
Posted on: Tue, 10 Sep 2013 03:01:37 +0000
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