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OLHA O RELATO DA MINHA AMIGA JORNALISTA , FÁTIMA SOUZA QUE FICOU DUAS SEMANA NO DHPP , TIREM SUAS DUVIDAS !!! FOI O MENINO Muito mais do que difícil é extremamente dolorido aceitar a realidade: Marcelinho matou o pai, a mãe, a avó e a tia-avó. O garoto, de 13 anos se suicidou depois. O descrédito de muitos jornalistas e da maioria das pessoas é compreensível num país onde desacreditamos das autoridades, nem sempre corretas e coerentes. Além disso o caso é pontuado por informações ditas e “desditas” como a do Coronel, chefe de Andréia, a mãe assassinada, que informou que a soldado teria denunciado policiais do batalhão onde ela trabalhava (18°) que estariam envolvidos em roubos a caixas eletrônicos. Apenas um dia depois o mesmo Coronel disse que não disse e é afastado do cargo. Saiu do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa) e foi direto para a “primeira enfermaria” da PM, onde uma psicóloga já o esperava com um bloquinho onde anotaria a “licença” para ele. Ele policial da Rota, ela soldado da PM. Meia hora depois dos corpos serem encontrados, mais de 40 policiais militares estavam no local. Neste momento todos pensavam que o casal de policiais teria sido executado pelo crime organizado, pelo PCC que, afinal, já mostrou que quando quer mata os homens e mulheres da lei. Peritos e delegados chegam ao local. O terrível cenário, analisado de várias formas e ângulos rapidamente mostra que existe uma real e dura possibilidade de que o garoto teria sido o autor dos quatro assassinatos e também de ter dado fim a própria e iniciante vida. Nada no cenário mostrava invasão. Não havia nada revirado e nada foi roubado. O carro de Andréia não estava na garagem, mas rapidamente é encontrado na rua da escola onde o menino estudava. A arma, uma pistola .40 que vitimou os cinco, estava ainda na mão esquerda de Marcelinho, que teve um disparo próximo ao ouvido. A precipitação da polícia em anunciar que o menino matou e família e depois se suicidou, causou uma tremenda dúvida em todos nós, acostumados a investigações longas e lentas em outros casos diários. O fato de duas das vítimas serem policiais militares experientes também ajudou a formar a idéia de que um franzino e doente garoto não conseguiria dominar um pai, policial da Rota e a mãe, também soldado tarimbada. Faz parte de nossa profissão de jornalista duvidar e tentar chegar a verdade. E estabeleceu-se uma verdadeira “operação Valquíria”. Fatos não faltaram para que nossos questionamentos fossem feitos. Itagiba Franco é Delegado de carreira longa e responsável. Elizabete Sato, Delegada Chefe do Departamento é também conhecida por sua lisura e conhecimento em investigações. Aos poucos, os fatos que vão apurando, os depoimentos ouvidos, os levam para uma realidade que ninguém quer acreditar: Marcelinho é o autor de tamanha tragédia. Imagens conseguidas pela polícia e por jornalistas mostram o menino estacionando o carro na rua da escola a uma e meia da manhã. Outras imagens mostram Marcelinho, as seis e meia da manhã, com uma mochila nas costas, caminha em direção ao colégio. Vai a aula mas não leva cadernos, livros ou canetas. Na mochila são encontradas uma faca, um revólver, crachá da escola, o CPF do garoto, 350 reais em dinheiro, dois frascos de perfume e uma “muda” de roupas dele: uma calça, uma camiseta, uma cueca. Na escola vai ao almoxarifado e pede algumas folhas e uma caneta para assistir as aulas. Contam vizinhos, amigos, familiares e pessoas da escola onde ele estudava que ele sabia dirigir, ensinado que foi pela mãe. Sabia atirar, treinado que foi pelo pai que o levava a uma pedreira para atirar, inclusive com uma .40. Depõem, e contam ao delegado Itagiba que desde abril o menino estava com um comportamento diferente, mais fechado. Por duas ocasiões, na frente de familiares, pegou a arma do pai dentro de casa. Em uma brinca de “atirar” nas pessoas ali presentes e em outra, pega a arma quando a avó vai atender a quem tocava a campainha. Com a arma na mão, ficou “de vigília” porque poderia ser algum intruso. E a verdade que a gente não quer ver vai surgindo e se consolidando. E é nos depoimentos de seus amigos, adolescentes como ele, que as peças do quebra-cabeça vão se encaixando. Contam que Marcelinho um criou um grupo que batizou de “Os Mercenários” do qual faziam parte vários garotos da escola, inclusive de outras salas e séries. Meninos da idade dele e também mais velhos, de 15, 16 anos. Todos jogavam um jogo de vídeo game onde o “herói” é um matador que usa um capuz. Marcelinho passou a usar blusas com capuz, inclusive em sala de aula. A dolorida história, narrada por meninos da classe média, inclui o fato de que o “compromisso” dos membros do grupo era eliminar familiares. Para a maioria deles era apenas uma brincadeira, mas, Marcelinho, que confundiu realidade e fantasia, passou a ser um objetivo. Quinze dias antes dos assassinatos ele passou a falar aos amigos do grupo que mataria seus pais. Seu sonho, contou um amigo, era matar o pai, a mãe, pegar o carro e sair pelo mundo para ser matador de aluguel. No domingo, por volta das cinco horas da tarde, Marcelinho, usando o telefone fixo de sua casa, liga para um amigo e diz: “É hoje que vou matar meu pai e minha mãe. Quer fugir comigo?”. Do outro lado da linha o amigo recusa o convite e desliga, certo de que o que Marcelinho dizia fazia parte do jogo. Mas não era. Na madrugada Marcelinho mata os pais, a avó e a tia avó. Pega o cartão de crédito da avó, dinheiro da carteira dos pais, entra no carro e vai até o colégio. Certamente queria contar os mais íntimos amigos que havia concretizado o compromisso assumido pelo grupo e matado a família. Conversa com a professora e a ela pergunta “quando era jovem como eu, alguma vez fez alguma coisa muito grave contra seus pais”? Teria Marcelinho contado aos amigos, na manhã da segunda feira, o que havia feito? Não teria tido respaldo entre os meninos do seu grupo? Desiludido e se sentindo traído pelos “Mercenários”, quando terminam as aulas, pega carona, deixando o carro da mãe no mesmo local. Pede ainda ao pai de um aluno que lhe deu carona, para parar porque ele precisa pegar algo no carro. Ao ser indagado porque o carro da mãe estava ali, responde que ela estava trabalhando na área. Na porta de casa pede ao pai do amigo que lhe deu carona, que não buzine porque o pai, de folga, ainda estaria dormindo, embora fosse passado de meio dia. Em casa, revê o cenário tenebroso que causou, pega a arma e se suicida. Vizinhos testemunham ter ouvido tiros por volta da uma da manhã, já madrugada de segunda feira, hora em que Marcelinho atirou contra a família. Depois foi para a escola. Ouvi muitas considerações, palpites, opiniões e teorias nestes dias. Uma delas de que as policiais civis e militares se uniram e que, para maquiar a história e esconder que outros policiais seriam responsáveis pelo crime, rapidamente “arredondaram” a história, mexeram no cenário e saíram mentindo para todos nós. Outros acreditam que foram bandidos vingando-se dos dois policiais. Outros acreditam que não foi Marcelinho quem dirigiu: alguém estaria com ele no carro. Os bandidos (policiais ou do crime organizado) ficaram em casa com os pais e ele foi obrigado a sair de madrugada no carro da mãe, dirigido por um bandido, que o levou para a porta da escola e com ele aguardou até que amanhecesse e ele fosse prá aula. Mandaram que ele agisse normalmente e não contassem nada a ninguém. Enquanto isso outros membros da gang estavam na casa matando os pais e a avó e a tia. E quando Marcelinho chegou a escola o mataram também. Se pretendiam matar toda a família porque os bandidos ou policiais bandidos não mataram logo todo mundo, incluindo o menino? Porque arriscariam a ficar horas na casa, ao lado de quatro cadáveres? Ficariam cerca de 12 horas na residência, até que o menino retornasse para então eliminá-lo e fugir? Ah! Me respondem amigos e colegas de profissão: neste tempo os bandidos ficaram revirando a casa em busca de algum documento secreto que Andréia guardava... E o bandido que levou Marcelinho? Ficou esperando no carro? Estava no carro quando Marcelinho parou para pegar algo? Ou desistiu e foi embora? É dura, difícil, dolorida e triste a verdade. Neste “complô”, nesta “operação” para culpar o menino e livrar a cara dos verdadeiros assassinos, o delegado do DHPP, está obrigando a professora a contar mentira? A diretora? Os amigos adolescentes ainda aterrorizados por tamanha tragédia também foram orientados a inventar a história de que Marcelinho planejou e matou a família? Os pais destes alunos, traumatizados e assustados (afinal os filhos faziam parte do grupo de Marcelinho) também teriam mentido a pedido do delegado? O garoto que prestou depoimento dizendo que Marcelinho ligou para ele domingo a tarde dizendo que iria matar os pais, também faz parte da armação? Sete adolescentes contando a mesma história? Todos estão participando de uma conspiração para culpar o pequeno Marcelo e livrar a cara de quem? A realidade é tão cruel que nossa alma não quer aceitar. Mas é preciso parar, pensar e ter sensatez. Naquela madrugada o pai foi dormir na sala, no colchão. Roncava muito e a mãe, que tinha que acordar muito cedo, queria dormir. Deitou, na cama do casal, com o filho ao lado. E a arma. Andréia costumava dormir com a arma ao lado. Marcelinho aguardou que todos dormissem. Pegou a arma da mãe, foi a sala e matou o pai. A mãe acordou assustada, jogou a coberta longe e tentou pegar a arma, que não estava mais ali. E nem o filho. Quando entra na sala vê o marido e o sangue no colchão. Esta ajoelhada no colchão, mas antes de entender o que estava acontecendo, leva um tiro na cabeça. Depois o menino mata a avó e a tia avó. Pega o cartão de crédito da avó e coloca no bolso. Na mochila coloca a arma, o dinheiro... E vai a escola contar ao grupo dos “Mercenários” que ele, igual ao herói matador do jogo que mais gostava, também exterminou os parentes. Marcelinho não era um menino do mal. Era apenas um adolescente que confundiu tudo. É isso que vai contar e concluir a investigação policial. Marcelinho, que tinha fibrose cística e que a qualquer momento poderia morrer, fundiu realidade e fantasia e cometeu um crime bárbaro. Queria fugir, queria liberdade, queria sair pelo mundo. Queria ser igual ao personagem do jogo que jogava horas e horas. A verdade é uma história tão incrível que mesmo que quisesse a polícia não conseguiria inventar.
Posted on: Sat, 17 Aug 2013 05:19:29 +0000

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