OLHAR GLOBAL | Luiz Antônio Araujo Precisamos falar sobre o Evo A massacrante jornada de avião a que o presidente da Bolívia, Evo Morales, foi submetido pela União Europeia em razão da suspeita de que levasse de carona o vazador Edward Snowden não tem paralelo na história do servilismo europeu aos ditames da diplomacia americana. Como se fosse um pária global, Morales teve negado por quase um dia o acesso aos espaços aéreos de França, Espanha, Itália e Portugal, países com os quais a Bolívia mantém relações diplomáticas normais. À imprensa, Morales disse que Madri exigira inspecionar o avião antes de lhe permitir pousar em solo espanhol. O Falcon da Força Aérea Boliviana, com o presidente a bordo, foi obrigado a fazer um pouso de emergência em Viena, na Áustria. Somente depois que as autoridades austríacas verificaram os passaportes de Morales e de sua comitiva, os vetos francês, português e italiano foram retirados. O mais vergonhoso nesse vexame é o fato de ter sido protagonizado por governos como os de François Hollande, da França, e de Enrico Letta, da Itália. Essas administrações e seus partidos, que ainda conservam por inércia a denominação “socialista” e a devoção aos laços com a América Latina, mostraram-se incapazes do mais mínimo gesto de polidez e humanidade quando estão em jogo os interesses de Washington. À luz desse episódio, os protestos da União Europeia e de seus governos em relação à notícia de que os EUA teriam espionado suas comunicações ficam esvaziados, se não totalmente desacreditados. É mais do que oportuna a atitude da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União de Nações Sul-americanas (Unasul), organismos dos quais o Brasil faz parte, de exigir explicações dos governos europeus. Está certa a presidente Dilma Rousseff ao afirmar que “o constrangimento ao presidente Morales atinge não só à Bolívia, mas a toda América Latina” e cobrar satisfações e desculpas dos governos envolvidos nesse fiasco.
Posted on: Sat, 06 Jul 2013 03:29:37 +0000
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