OS ESCRITOS DOS PAIS DA IGREJA CRISTÃ Os escritos dos Pais da - TopicsExpress



          

OS ESCRITOS DOS PAIS DA IGREJA CRISTÃ Os escritos dos Pais da Igreja preenchem amplamente o vazio de informações históricas entre o período do Novo Testamento e a última parte do quarto século. Os líderes da Igreja Cristã, pela pena e pela voz, construíram uma literatura apologética e polêmica para fazer frente à perseguição externa e a heresia que nascia dentro da Igreja. Credos foram concebidos para formular com precisão os fundamentos da fé. Esses escritores citam e usam a linguagem das Escrituras. O nome “Pai da Igreja” tem sua origem no título “Pai” dado aos bispos, especialmente no Ocidente, para exprimir uma carinhosa lealdade. Esse título foi sendo cada vez mais usado a partir do século III para descrever os defensores ferrenhos da Igreja e da fé cristã. Há hoje uma certeza razoável de que os escritos do Novo Testamento estavam prontos e completos antes do fim do primeiro século depois de Cristo. Os homens que conheceram os apóstolos e a doutrina apostólica levaram adiante a tarefa de produzir uma literatura cristã. Esses homens são conhecidos como Pais Apostólicos. A maior parte de suas literaturas foram produzidas entre 95 e 150. Certas características delineiam-se claramente nesses escritos. Seus enunciados são declarações simples e informais de fé e piedade sinceras e mostram pouca influência da educação filosófica pagã que se pode ver nos escritos de Orígenes e Clemente de Alexandria. Os pais apostólicos nutriam uma grande reverência pelo Antigo Testamento, dele se servindo para apoiar suas ideias. Por essa razão é possível observar um uso quase excessivo da interpretação tipológica. O cristianismo é apontado como o cumprimento das profecias e dos tipos do Antigo Testamento. O cristianismo era considerado distinto do judaísmo. A doutrina, a ética e a obediência aos líderes da Igreja eram enfatizados. AS EPÍSTOLAS PATRÍSTICAS CLEMENTE DE ROMA Por volta de 95, houve um sério problema na Igreja de Corinto. Pouco tempo depois, Clemente o presbítero principal da Igreja de Roma, escreveu sua primeira epístola à Igreja de Corinto para exortar os cristãos que estavam em revolta contra os presbíteros locais. Os problemas foram solucionados e os membros da Igreja voltaram a obedecer aos seus líderes. Recentemente essa epístola passou a ocupar um lugar de destaque entre os escritos dos pais apostólicos por ser o livro cristão mais antigo depois do Novo Testamento. Depois de uma introdução em que Clemente elogia o espírito de ótimos servos de Deus que reina naquela Igreja, ele faz uma série de exortações sobre as virtudes cristãs do amor, do arrependimento e da humildade, preparando o coração dos irmãos para obediência as admoestações que faria. Essas exortações, baseada em inúmeros exemplos do Antigo Testamento, são divididas por um pequeno parêntesis onde ele aproveita para ensinar sobre a certeza da ressurreição futura. Ele dá atenção direta aos problemas específicos que estava vivendo a Igreja de Corinto, e se baseia no fato de que os presbíteros e diáconos foram designados pelos apóstolos, que por sua vez foram enviados por Cristo e Cristo enviado pelo Pai. Clemente pede obediência aos líderes democraticamente escolhidos. Essa seção é seguida por uma longa oração onde fica claro seu imenso desejo de ver a Igreja unida. Uma exortação final a unidade encerra a carta. Essa carta é valiosa por suas informações acerca da elevada posição dos bispos ou presbíteros na Igreja do final do primeiro século. A carta de Clemente também é interessante pela grande quantidade de citações do Antigo Testamento, além disso, ela contém fartas referências sobre o ministério do apóstolo Paulo. A teoria das duas prisões de Paulo e um período intermediário de liberdade surgiu principalmente dessas referências. INÁCIO DE ANTIOQUIA Outro pai apostólico é Inácio, bispo de Antioquia da Síria, que foi preso pelas autoridades romanas devido ao seu testemunho cristão, e enviado para Roma para ser devorado pelas feras nos jogos imperiais. Autorizado a receber visitantes das igrejas das cidades ao longo do caminho para Roma, ele após chegar ao destino final enviou cartas as essa igrejas agradecendo a bondade para com ele. A carta a Igreja de Roma é fundamentalmente um apelo para que não tomassem nenhuma providência para livrá-lo do martírio. Foram sete cartas que devem ter sido escritas por volta de 110. Embora algumas estejam em discussão quanto à autenticidade, as que foram aceitas deixam bem claro seus ensinos. Em suas cartas ele procurou alertar as igrejas que o visitaram a caminho de Roma sobre as heresias que ameaçavam a paz e a unidade dessas igrejas. Ele combateu as tendências gnósticas e docéticas. Os docetistas procuravam fazer de Cristo um ser puramente espiritual, livre de qualquer contaminação de um corpo material. Isso os levava a negar a realidade do corpo material de Jesus e a afirmar que foi apenas um fantasma que sofreu na cruz. Inácio insiste na revelação de Cristo na carne como um antídoto a essa falsa doutrina. Ele escreveu sobre isso na epístola a Igreja de Esmirna. Esse antigo Pai da Igreja dá muita ênfase a obediência ao bispo da igreja como forma de manter a unidade e evitar o avanço das heresias. POLICARPO Policarpo, autor de uma carta a Igreja de Filipos que lembra a carta de Paulo aos filipenses, pôde conhecer de certo a mente dos discípulos de Jesus por ter sido discípulo do apóstolo João. Bispo de Esmirna durante muitos anos foi martirizado em 155, sendo queimado numa estaca. Durante seu julgamento diante de um procônsul romano, ele disse que não poderia falar mal de Cristo a quem tinha servido por 86 anos e que nunca lhe fizera mal. Policarpo escreveu em 110, em resposta a uma carta que os filipenses lhe escreveram. Nela não mostra preocupações com originalidade, fazendo citações diretas e indiretas do Antigo e do Novo Testamento, e repetindo ainda muitas informações recebidas dos apóstolos, especialmente de João. Ele foi uma testemunha valiosa da vida e obra da Igreja Primitiva, no segundo século. Ele exortou aos filipenses a uma vida virtuosa, às boas obras e à firmeza mesmo ao preço de morte, se necessário, uma vez que tinham sido salvos pela fé em Cristo. As 60 citações do Novo Testamento, das quais 34 dos escritos de Paulo mostram que Policarpo conhecia bem as epístolas paulinas, principalmente a carta aos filipenses, bem como os outros livros do Novo Testamento. Ao contrário de Inácio, Policarpo não estava interessado em administração eclesiástica, mas sim em fortalecer a vida espiritual e prática dos cristãos. PAPIAS DE HIERÁPOLIS A obra Interpretação dos Ditos do Senhor foi escrita em meados do segundo século por Papias, bispo de Hierápolis, na Frígia, para registrar informações que recebera de cristãos mais idosos que haviam conhecido pessoalmente os apóstolos. É possível que Papias tenha sido discípulo de João. O documento trata da vida e das palavras de Cristo. Embora a obra tenha desaparecido, alguns fragmentos podem ser lidos nos escritos de Eusébio de Cesaréia e Irineu. O fragmento preservado nos escritos de Irineu evidência claramente as ideias milenistas de Papias. A seção preservada por Eusébio lança luzes sobre a origem dos Evangelhos. Ele afirma que Marcos foi intérprete de Pedro e que Mateus escreveu sua obra em hebraico. A existência apenas de breves citações entristece o estudante que compreende o significado que essa obra completa teria para a fé, a vida e a literatura do Novo Testamento. O DIDAQUÊ O pequeno livro chamado Didaquê (Ensino dos 12 Apóstolos) ficou conhecido em 1873, quando um homem chamado Bryennios Philoteus o descobriu numa biblioteca eclesiástica de Constantinopla, publicando-o em 1883. Esse manual de instrução eclesiástica foi elaborado possivelmente antes da metade do segundo século na forma em que chegou até nós. Muitos estudiosos, porém propõem uma data anterior, ao final do primeiro século, em face de suas semelhanças com as prática do Novo Testamento. O autor ensina práticas como batismo, e ceia do Senhor. Ensina como distinguir os falsos profetas dos verdadeiros. Curiosamente o livro pinta o falso profeta como alguém que procura alimento e acolhida sem retribuir à Igreja em termos de inspiração espiritual. Exorta sobre a necessidade de uma vida vigilante e coerente diante da iminente vinda do Senhor. Isso mostra a importância do Didaquê como um retrato da vida da Igreja Primitiva entre os anos de 95 e 150.
Posted on: Wed, 09 Oct 2013 23:39:22 +0000

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