OS VINTE ANOS DA CHACINA A madrugada fria do dia 23 de julho de - TopicsExpress



          

OS VINTE ANOS DA CHACINA A madrugada fria do dia 23 de julho de 1993 ficou marcada como uma das mais sangrentas e chocantes do país. Por volta de meia-noite, policiais abriram fogo contra 72 crianças que dormiam na calçada da Igreja da Candelária. Muitas delas, pequeninas, com chupeta na boca. Morreram oito. Foi o primeiro grande massacre de crianças do país. Dos sobreviventes, 20 anos depois, só temos notícia de Vagner e Gina. Ele levou sete tiros, ficou com um lado do corpo paralisado, não teve assistência no Brasil e foi morar na Suíça, onde se aposentou como padeiro. E Gina, que jogou uma pedra em um ônibus e foi internada em um sanatório. Aliás, até o ano 2000, 44 sobreviventes das 72 crianças haviam sido mortos violentamente. De lá para cá, o Brasil até registrou alguns avanços na questão dos direitos humanos. Mesmo assim, segundo Yvonne Bezerra de Mello, a artista plástica que atendia os brasileirinhos antes e depois do massacre, foram assassinadas cerca de seis mil crianças por ano nas últimas três décadas. A culpa? “Não se cumpre no país o estatuto do menor.” Para falar sobre os 20 anos do massacre, Yvonne Bezerra de Mello conversou com a repórter Ana Cláudia Guimarães. Qual é a lembrança que você guarda daquele dia? Eu nunca contei para ninguém. No dia seguinte ao massacre, eu voltei à Candelária. Sabia que policiais escondiam cocaína dentro do chafariz ali em frente. Se achassem aquilo, eles iriam dizer que a droga era das crianças. E não era. As crianças cheiravam cola. Peguei a cocaína e joguei na Baía de Guanabara. A cola, das crianças, eu deixei. Você sofreu algum tipo de represália? Eu fui sequestrada. Fizeram um terror psicológico, e eu me preparei para morrer. Qual a lição que o massacre deixou para o país? As autoridades não têm cuidados primários com as crianças como saúde e educação. O pior é que muitas pessoas ainda acham que aquelas crianças realmente deveriam morrer. Isso me impressiona até hoje. Nada mudou desde aquela época. É pena. Foto: Antônio Nery/1993
Posted on: Tue, 16 Jul 2013 14:43:21 +0000

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