OUTROS TEMAS: CORRUPÇÃO PÚBLICA E APATIA SOCIAL Deixe-me que - TopicsExpress



          

OUTROS TEMAS: CORRUPÇÃO PÚBLICA E APATIA SOCIAL Deixe-me que lhes conte o mal que estão as coisas. Quanto tempo tardaremos para entender que a pobreza, a ignorância, a “decadência” do sistema de ensino e saúde pública e as desigualdades não são meramente males em si mesmos, senão uma consequência direta do desbarate egoísta e da usurpação pessoal dos recursos públicos? Por que descuidamos tanto da “eterna vigilância cidadã” (republicana), que trata de evitar que o comportamento corrupto por parte dos mais astutos rompa os vínculos da igualdade cidadã e rebaixe as concepções da justiça e da ética a uma vulgarização do uso do poder ao serviço de espúrios e injustificados interesses egoístas? Por que tendemos a buscar consolo na esquizofrênica tentativa de purificação institucional, política e social provocada pela crescente idiotização da cobertura mediática sobre os “grandes escândalos” de corrupção levados a cabo por políticos e funcionários pertencentes ao “alto escalão” do governo? Por que as instituições responsáveis por coibir esse tipo de prática, mediante um esforço conjunto e ações coordenadas, não se dedicam também e prioritariamente à “caça menor” e menos sensacionalista, isto é, daqueles funcionários mais correntes que, locupletando-se dos “benefícios” da corrupção e sem nenhum tipo de escrúpulo, multiplicam seus patrimônios “estando dentro do governo”? Todas estas perguntas não são algo que podemos simplesmente eliminar ou ignorar por falta de interesse no tema. A moral nos obceca e os meios de comunicação não deixam de bombardear-nos diariamente com histórias e tergiversações a respeito: as duvidosas medidas administrativas, legislativas e judiciais para punir esse tipo de prática, o valor de provas anedóticas, a banalização dessa prática marcada pela mais absoluta impunidade, as promessas ilusórias, os discursos paliativos, as decisões e castigos não cumpridos, etc. O que podemos fazer? Antes de tudo, é imprescindível conscientizar a população da necessidade de denunciar e dar a conhecer publicamente esses indivíduos desonestos, cuja conduta pessoal e funcional produz um efeito canceroso, furtivo e socialmente corrosivo. Por quê? Porque a gente não é estúpida. Qualquer pessoa pode entender qualquer coisa, sempre que se a explique de forma clara e objetiva e, o que é mais importante, sempre que o tema lhe interesse o suficiente. O que condiciona a capacidade de compreensão de um público determinado não é tanto seu nível de conhecimento intelectual, senão sua motivação. E uma vez que pela corrupção de uns “poucos” pagamos todos, sempre se encontrará pessoas motivadas a denunciar e a “atuar contra” os culpáveis desse crime imperdoável. É necessário motivar a sociedade e mostrar que o mais preocupante não é somente a conduta dos canalhas, “dos corruptos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética”, senão também “o silêncio dos bons”. (M. Luther King). É o momento de observar com atenção e denunciar as práticas corruptas levadas a cabo por funcionários correntes (por esses indivíduos “terrorífica y terriblemente normales”, para usar a expressão de H. Arendt) e estar mais alerta em nossos esforços por combater as infrações aparentemente menos relevantes e espetaculares, mas que geram um injusto e depravado enriquecimento pessoal.[...] E não se trata, depois de tudo, somente do legítimo direito de vigiar, denunciar e punir, mas de toda uma “declaração de princípios”. jus.br/artigos/24043/corrupcao-publica-e-apatia-social derechoycambiosocial/revista034/CORRUPCAO_E_APATIA_SOCIAL.pdf uj.novaprolink.br/doutrina/9091/corrupcao_publica_e_apatia_social fs1.anpt.org.br/aux1/2013/50/anpt17167O14936650.pdf
Posted on: Wed, 30 Oct 2013 06:14:51 +0000

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