Obras (finalmente) vistas neste ano - parte 144: "Rush - No Limite - TopicsExpress



          

Obras (finalmente) vistas neste ano - parte 144: "Rush - No Limite da Emoção". Filme acerta ao trazer uma das maiores rivalidades da Fórmula 1 entre dois sujeitos que se completavam... O automobilismo sempre foi palco de grandes rivalidades travadas por sujeitos obstinados a vencer o limite da velocidade. A dimensão de grandeza que cada piloto de ponta tem ao alcançar metas fora do alcance do nosso corpo contribui para que ganhem a sensação de quase deuses. Porém, ali ao lado, há um adversário louco para te impedir de alcançar esse feito e ser ele o maior. Tanto ego transforma duelos entre pilotos na alma da Fórmula 1, competição que reúne os grandes corredores para definir o campeão do mundo. "Rush" traz um desses embates históricos, porém, marcado por personagens tão antagônicos que se completam pelas diferenças: o britânico James Hunt (Chris Hemsworth, de "Thor") é a emoção, o cara que sente prazer de ultrapassar o limite, "bon vivant", mulherengo, despojado ao ponto de receber um prêmio sem abotoar a camisa, amigo de todos, enquanto Niki Lauda (Daniel Brühl, de "Adeus, Lênin" e "Bastardos Inglórios", além de ser um de meus atores favoritos) representa a racionalidade, um piloto técnico capaz de sentir como melhorar o carro somente ao sentar no banco, dormindo após tudo estar certo, o sujeito das roupas comportadas e reservado. Tanta diferença faz com que ambos representem o combustível (perdão pelo trocadilho) de si mesmo. Lauda sabe que não possui o carisma nem a beleza do adversário, porém, enxerga no conhecimento técnico do carro a melhor resposta. Até mesmo no momento mais difícil da vida, o piloto da Ferrari usa o rival como a inspiração para que consiga passar pelo duro procedimento após suas terríveis queimaduras causadas no Grande Prêmio da Alemanha, em 1976. Tudo para provar que é O melhor. Já Hunt encontra em Lauda uma espécie de desafio de auto-aprovação, já que todas as decisões tomadas ao longo de sua carreira (e do filme), direta ou indiretamente, são baseadas em ações do colega de profissão. Isso inclui desde a entrada na F-1 à busca do Título Mundial. As escolhas de Hemsworth e Brühl para os papéis contribuem muito para essa diferenciação entre os protagonistas, já que o porte esbelto e o tom de voz leve do primeiro contrasta com a sisudez e voz grave do segundo. Didatismo excessivo da cena final à parte, o roteiro escrito por Peter Morgan (do ótimo "Frost/Nixon") acerta ao abordar essa ligação como fio condutor da trama e o conflito de um ser o alter-ego do outro. A trama ainda reserva espaço importante para a loucura feita por centenas de pilotos, expostos a risco de vida na F-1 durante os anos 1970, período em que a segurança dos carros era precária. Sempre competente sem ser brilhante, Ron Howard acerta no tom da obra e realiza um trabalho comparável aos melhores de sua filmografia, como o já citado "Frost/Nixon" e "Uma Mente Brilhante". Conseguir misturar o desenvolvimento dos protagonistas com as grandes sequências das corridas, feitas de maneira totalmente críveis, é o principal acerto do cineasta. Além disso, o competente trabalho de mixagem de som faz com que o espectador sinta-se mesmo dentro de um autódromo. Não há como sair do cinema sem pensar no atual estado da F-1. Com o dinheiro prevalecendo sobre o talento e pilotos quase sem função devido a carros desiguais, o esporte perdeu o brilhantismo do período de Senna, Prost, Lauda, Fangio e Schumacher. "Rush" pode ser um caminho para que a FIA relembre o que é o automobilismo, segundo palavras do próprio James Hunt: homens querendo alcançar a glória de ser Deus em uma simples ultrapassagem. BEM NA FITA: Fotografia impecável; Ótima trilha sonora; Excelentes atuações dos protagonistas, boa caracterização de Daniel Brühl como o austríaco Niki Lauda (mas terão que tentar com mais empenho numa próxima vez se quiserem deixar o moço feio!). QUEIMOU O FILME: Pouco destaque para os outros pilotos; Talvez por motivos de dramatização, o acidente de François Cevert é mostrado de forma errada e,daí talvez por problemas de contrato, esqueceram da March, a primeira equipe de Niki Lauda que ele mesmo financiou com dinheiro da família...
Posted on: Sat, 28 Sep 2013 19:36:35 +0000

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