Ora vamos lá ter juízo e medir bem as palavras! «O espírito de partido corrompe ou desvirtua o poder, deforma a visão dos problemas de governo, sacrifica a ordem natural das soluções, sobrepõe-se ao interesse nacional, dificulta, se não impede completamente, a utilização dos valores nacionais para o bem comum». Salazar, discurso no Palácio da Bolsa do Porto, a 7 de Janeiro de 1949. Uma das características destas eleições autárquicas portuguesas é o aparecimento de numerosas candidaturas independentes, isto é, à margem dos partidos. Nada mais salutar, nada mais natural. Sempre o defendi e acredito que é uma forma de reforçar a Democracia e de incentivar a participação dos cidadãos. No entanto, tem surgido uma retórica perigosa, que deve ser denunciada como demagógica e, mais do que isso, como neofascista, mesmo que alguns dos que a utilizem se apresentem como de «esquerda». Trata-se daquele discurso, na linha das palavras de Salazar acima transcritas, em que se pretende diabolizar os partidos, culpando-os de tudo, pintando-os como máquinas ao serviço de interesses, perversos e inconfessáveis. Nas eleições estão em confronto ideias, programas e candidatos. Sejam eles vinculados partidariamente ou não. Ao povo compete julgar e votar. Se é verdade que a Democracia não se esgota nos partidos, bem pelo contrário, não há democracia sem partidos. Claro que Salazar tinha uma opinião diferente...
Posted on: Wed, 14 Aug 2013 15:55:08 +0000
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