Organon "Que alguns silogismos são verdadeiros, enquanto outros o parecem ser, embora não o sejam, é evidente. Essa confusão produz-se nos argumentos, tal como se produz em outras coisas, em virtude de uma certa semelhança entre o verdadeiro e o falso, sendo assim que, entre as gentes, há umas que têm saúde, enquanto outras só a parecem ter, porque se enfeitam e ornam ao modo das vítimas imoladas pelas tribos nos sacrifícios; uns são belos por virtude de beleza natural, outros que parecem belos a poder de se enfeitarem. Do mesmo modo, o silogismo e o elenco do silogismo umas vezes são verdadeiros outras falsos, ainda que a inexperiência os torne por verdadeiros, porque as pessoas inexperientes são comparáveis às que olham as coisas de longe. O mais frequente dos motivos da falsidade decorre dos nomes, pois, como não é possível trazer à colação as coisas em ato, e em vez delas temos de nos servir dos seus nomes como símbolos, supomos que o que se passa com os nomes se passa também com as coisas. Entre nomes e objetos não há semelhança total: os nomes são em número limitado, bem como a pluralidade das definições, mas as coisas são em número infinito. É portanto inevitável que vários objetos sejam significados tanto por uma única definição como por um único e mesmo nome, assim, quanto aos elencos; os inexperientes da virtude significativa dos nomes elaboram falsos silogismos, já quando discutem, já quando escutam os interlocutores. Por essa causa, e pelas ulteriores, há silogismo e elencos aparentes e falsos. Assim como há pessoas que preferem parecer sábios a sê-lo, em vez de o serem mesmo sem parecer." Habitante de Estagira.
Posted on: Mon, 09 Sep 2013 04:14:02 +0000
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