Os «Agudás» (afro-brasileiros) do golfo do Benim Identidade, - TopicsExpress



          

Os «Agudás» (afro-brasileiros) do golfo do Benim Identidade, contributos, ideologia: tentativa de reinterpretação (Extracto) [Por Olabiyi BABALOLA YAI, in Cultura - Jornal Angolano de Artes e Letras # XL] Tanto o conceito como a realidade dos que são designados, na literatura africanista, pelo nome de « Brasileiros» ou «afro-Brasileiros» na costa oeste de Africa, e que os próprios designam mais frequentemente por «Agudá», parecem actualmente evidentes (Verger 1968, turner 1972, cunha 1985). No entanto, assumir o risco de problematizar o que passa por uma evidência tem uma vantagem: levar-nos a olhar sob uma nova luz os traços distintivos da sua especificidade. O luso-tropicalismo apresenta-se como um conceito-quadro, um conceito contexto ideal dentro do qual esta especificidade pode assumir contornos mais nítidos. Neste artigo, o luso-tropicalismo deverá ser entendido como o conjunto dos valores de civilização nascidos do encontro, induzido pelo que Basil Davidson designou tão acertadamente há pouco tempo como a «maldição de cristóvão colombo», da civilização lusitana com as civilizações dos países que actualmente são chamados países do Sul. Os afro-Brasileiros : características comunitárias É sobre um pano de fundo a três dimensões – luso-tropicalismo, diáspora africana e outras diasporas – que convém examinar a cultura afro-brasileira do golfo do Benim– Gana, Togo, Benim e Nigéria actuais – para explicarmos convenientemente a sua especificidade. Distingue-se das culturas luso-angolana, luso-moçambicana ou lusoguineense, por exemplo, considerando que a região que a viu nascer nunca foi uma colónia portuguesa. Também não resulta propriamente de uma colónia de povoamento portuguesa ou brasileira. Demarca-se claramente das outras « culturas de regresso » da diáspora africana, nomeadamente as da África Ocidental. Ao contrário dos negros libertos dos Estados Unidos estabelecidos na Libéria, a maioria dos Afro-Brasileiros tinham voltado a instalar-se nas suas áreas culturais de origem e falavam ainda as línguas dessas regiões. Tinham seguramente traços culturais comuns com os seus primos «Saros» regressados de Freetown, na Serra Leoa, visto que estes, tal como eles próprios, descendiam de Iorubas na sua grande maioria. No entanto possuíam traços distintivos em aspectos não negligenciáveis. Os «Saros» eram descendentes de escravos sobreviventes, capturados em barcos negreiros pelos ingleses e reunidos em Freetown. Não tinham tido o azar de chegar às Américas e por isso nunca tinham conhecido a escravatura das plantações e das minas. Os Afro-Brasileiros, em contrapartida, tinham conhecido a escravatura sob todas as suas formas, tinham-na combatido do outro lado do Atlântico e tinham criado engenhosos mecanismos de resistência, assim como instituições que lhes permitiam preservar, adaptando-as, o essencial das suas culturas africanas de origem.
Posted on: Fri, 08 Nov 2013 20:41:13 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015