Os trotskistas se posicionam como anti-stalinistas radicais, - TopicsExpress



          

Os trotskistas se posicionam como anti-stalinistas radicais, buscando afirmar que o stalinismo foi resultado de uma contra-revolução burocratica. Entretanto se esquecem que o próprio Trotsky, defendia políticas autoritárias como a militarização do trabalho e a estatização dos sindicatos. E mais, se esquecem que os bolcheviques cometeram deslizes autoritários, que foram denunciados e criticados por Rosa Luxemburgo. O cientista social Michael Lowy é um dos poucos trotskistas, que não se esquece desses fatos. No texto Leon Trotsky, profeta da Revolução de Outubro, publicado na edição número 3 da Revista Outubro, apesar de defender Trotsky e suas idéias, ele apresenta uma reflexão a cerca desses deslizes. Os primeiros anos do poder soviético (1917-1923) se caracterizam por restrições crescentes das liberdades democráticas — mesmo que ainda longe do sistema totalitário stalinista. Mesmo se solidarizando com os bolcheviques, Rosa Luxemburgo criticava, em sua célebre brochura A revolução russa (1918) as medidas autoritárias tomadas pelo novo regime revolucionário: dissolução da Assembléia Constituinte, interdição dos partidos e da imprensa de oposição, etc. Leon Trotsky divide, com Lenin e seus camaradas, a responsabilidade por esta orientação. Nele, ela vai tomar, entre 1920 e 1922, uma forma por demais excessiva, caracterizada por um centralismo extremo, cujas proposições de militarização do trabalho e de estatização dos sindicatos — recusadas aliás por Lenin e pela maioria do partido — são a expressão mais evidente. (...) De uma maneira geral, Trotsky vai desenvolver, durante este período, idéias e argumentos fortemente marcados por um autoritarismo de inspiração “jacobina”. É o caso das brochuras como Terrorismo e comunismo (1920) — uma resposta às críticas de Kautsky — ou Entre vermelhos e brancos (1922) — uma tentativa de legitimação da invasão soviética da Georgia — mas também de outras intervenções nos debates da época. Por exemplo, nos seus discursos no 10º Congresso do PCUS (março de 1921) ele afirma claramente que o partido deve manter sua ditadura “sem levar em conta as agitações passageiras da reação espontânea das massas, nem mesmo as hesitações momentâneas da classe operária”. Como podemos ver, na citação acima, Michael Lowy reconhece que Trotsky e mesmo os bolcheviques, cometeram deslizes autoritários que precisam ser analisados e corrigidos, pois colaboraram para o surgimento do stalinismo. Inclusive, ele termina esse texto dizendo que: Trotsky descarta como vazia e desprovida de base histórica a tese segundo a qual “o stalinismo futuro já estava contido na centralização bolchevista”; as raízes do estalinismo não devem ser buscadas nem no “princípio” abstrato do centralismo, nem na hierarquia clandestina dos revolucionários profissionais, mas nas condições concretas da Rússia, antes e após 1917. Os expurgos stalinistas parecem lhe trazer, paradoxalmente, a resposta mais contundente aos críticos do bolchevismo: Stalin não pôde estabelecer definitivamente seu poder senão através do massacre de toda velha guarda bolchevique. O argumento é justo, mas não se pode deixar de questionar o papel de certas tradições autoritárias do bolchevismo de antes de 1917 e de práticas antidemocráticas dos anos 1918-1923, na escalada do stalinismo: os revolucionários de Outubro não contribuíram, até um certo ponto — involuntariamente — para a gênese do gulag burocrático que os iria destruir? OBS: a revista Outubro é uma publicação do Instituto de Estudos Socialistas, composto por trotskistas e simpatizantes do mesmo. É constituida por gente do PSTU e do PSOL, assumindo um caráter anti-stalinista. O site da revista é revistaoutubro.br/blog/
Posted on: Mon, 28 Oct 2013 07:22:10 +0000

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