PERFIL POLÍTICO DA CLASSE QUE PROTESTA Sendo a classe - TopicsExpress



          

PERFIL POLÍTICO DA CLASSE QUE PROTESTA Sendo a classe média,aquela que protesta ,temos o dever de traçar o seu perfil político,sua história e a estrutura de sua formação,para não incorrermos no risco de uma análise leviana ou superficial dos sucessivos movimentos de protestos que, ora,acontecem no Brasil. Precisamos informar,num breve resumo,que a classe média nasce no seio das camadas do trabalho improdutivo,isto é, das camadas que não contribuem para a produção de mercadorias,ou não estão diretamente ligadas no processo de produção capitalista.Entretanto,a divisão capitalista do trabalho dificulta a identificação entre todos os trabalhadores,neutralizando a unidade puramente econômica dos trabalhadores improdutivos,ao travestir a divisão real do trabalho manual e não manual em hierarquia,fundada numa distribuição desigual entre indivíduos de "dons" e "méritos",fazendo crer ser o resultado da existência de diferentes graus de capacidade e não(o que seria o certo) de capacidade de graus diferentes.Essa hierarquia impede a união entre trabalhadores manuais e não manuais na luta para a destruição integral do capitalismo no que refere à divisão capitalista do trabalho. É, pois, a classe média das formações capitalistas,o conjunto dos trabalhadores não manuais,e não o conjunto dos trabalhadores improdutivos.De acordo com o historiador Décio Paes, a classe média é uma criação perversa do capitalismo,pois tende a funcionar como amortecedor da luta anticapitalista,instalado no seio das próprias classes trabalhadoras.Por isso mesmo, não pode se identificar,no plano político-ideológico,com o proletariado e, portanto,com nenhum processo de mudança revolucionária por ser incapaz de impor a tal processo a supressão da divisão capitalista do trabalho. No caso brasileiro,na fase histórica de sua formação,sobre ela, se fazem sentir os efeitos ideológicos da superdegradação do trabalho manual, devido a presença de mais de 4 séculos do trabalho escravo e os efeitos prolongados da degradação do trabalho agrícola(no campo) e o trabalho artesanal(nas cidades) pela escravidão,contribuindo para o isolamento político entre a classe média e as demais classes trabalhadoras. Esses traços estruturais duradouros contribuiram,também, pela adoção por parte da classe média de atitudes difusas,efêmeras e não expressas ao nível de organização sindical ou partidárias com o proletariado.E,ao longo de todo o período histórico,apesar de sua participação em alguns movimentos comprometidos com o regime democrático,a sua posição política é de caráter conservador,antipopular,antidemocrátco,elitista etc.Qualquer que seja a forma conjuntural assumida pelo seu discurso (contra a ditadura,contra a corrupção, contra demagogia...),os seus objetivos políticos são fundamentalmente conservadores e antidemocráticos por considerarem a política como um símbolo de prestígio social,o que significa dizer: a sua luta é para impedir a transformação do direito à política,uma prerrogativa comum e universal. Não é sem razão que o"bacharelismo",que caracteriza a mitificação do saber através da formação superior,obtida nas faculdades,foi um aspecto ideológico forte da classe média, para comungar com o poder,durante toda a primeira república,poder esse, que começa com o privilégio da autoridade e do mando. Mas,apesar dessa contradição ideológica, a classe média,enquanto setor privilegiado da divisão social do trabalho,tende a ser atraída pelo campo ideológico da burguesia,enquanto classe trabalhadora,tende a se solidarizar com o proletariado,contanto que não ultrapasse o limite da supressão da divisão capitalista do trabalho. A prova disso é a sua ´posição no golpe de 64,configurado como a tomada do Estado pela burguesia associada.O papel da classe média,considerada como massa de manobra pela burguesia associada,constituiu a pedra fundamental, para o golpe militar.Dentre os seus interesses, o fator excludente da classe prolétaria das decisões políticas é o mais contundente. Acredito que agora,depois desse brevíssimo resumo do papel da classe média nas decisões políticas brasileiras,possamos analisar,com mais clareza, o seu papel nos movimentos reivindicatórios que assolam o país. Caracterizamos o movimento jovem de agora como movimentos tipicamente classe média,afinal os estudantes tem, além de classe, pai, mãe e tios, os quais parcipam ativamente dos movimentos. A pauta de reividicações difusas , efêmeras e não expressas a nível sindical,principalmente no que refere às organizações representativas do proletariado ou organizações estudantis,conferem ao movimento características conservadoras e antidemocráticas.Daí se depreende,que o movimento tem um fim em si próprio: substituição do governo constituido, de representação,ainda que parcial,do proletaraido e suas conquistas, tal como uma distribuição de renda mais justa(bolsa família e outras).Entretanto mais uma vez, a massa de manobra elitista, a serviço da direita,que expressa a ideolia da burguesia associada,mobiliza bandeiras já conhecida historicamente,mas que ainda fazem parte do seu jargão. Não quero invalidar, com isso, algumas das reivindicações feitas ,à reboque dos movimentos,mas legitimá-las através da discussão e participação de organizações das classes populares,ou seja,torná-las transparentes,como exige qualquer democracia. Aos comentaristas desse momento "histórico",advirto: as críticas ao governo ficarão mais explícitas quando vistas no contexto macropolítico e dos segmentos sócio-polícos que os compõem. Aqui termino ,deixando aos cientistas políticos e historiadores,figuras bem mais abalizadas para tanto, o aprofudamento dessas questões. Flor de Maria
Posted on: Sat, 29 Jun 2013 20:57:40 +0000

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