PORTUGAL INDUSTRY MAGAZINE Tiago Fleming Outeiro Começo por - TopicsExpress



          

PORTUGAL INDUSTRY MAGAZINE Tiago Fleming Outeiro Começo por dizer que estou triste, desiludido, frustrado, angustiado. Sem compreender as atitudes dos políticos que nos governam e que tinha, à partida, como pessoas inteligentes e responsáveis. Não compreendo também as atitudes daqueles que, apesar de não nos governarem neste momento, mostram-se tão irresponsáveis como os outros, o que me faz ter pouca esperança na mudança, na existência de alternativa, na viragem. Quem está, ou estava, no governo comete erros pueris, pouco admissíveis em quem tem tantos anos de experiência política. Demonstram uma frustrante e assustadora incapacidade para ouvir e aceitar conselhos, orientações, sugestões. Quem não está no governo, sejam eles os da oposição ou os independentes, mostra a irresponsabilidade da crítica pela crítica, da demagogia, da incoerência. E os que estão, supostamente, fora, como os comentadores políticos, limitam-se a estar mesmo “fora”, mesmo quando os seus comentários parecem sensatos e nos fazem ambicionar a que possam estar “dentro”, por parecer que sabem sempre ver os problemas com a tranquilidade, elevação, e capacidade que o momento exige. Mas saberão mesmo? Ou serão apenas visionários de factos passados? «Não podemos contar com ninguém...» Não podemos contar com ninguém. Esta é a realidade que mais me entristece. Os erros sucedem-se a uma velocidade impressionante! As instituições estão descredibilizadas. Uns por falarem demais, outros por falarem de menos. Queremos todos mais para o nosso país, para nós, para as gerações futuras, mas não vemos solução. A conjuntura internacional não tem sido favorável, mas isto não pode desculpar tudo. Não desculpa que não sejamos capazes de nos unir e por os interesses do país à frente dos interesses partidários. Não justifica que os partidos com responsabilidade governativa não sejam capazes de se entenderem, de formarem um governo de bloco central capaz de serenar o povo e de lhes dar esperança. Uma esperança que ninguém sabe onde está, é certo, mas que passa muito pela forma como se comunica, como se explica, como se faz. Nesta altura, nenhum português acredita numa milagrosa inversão da situação da noite para o dia. Isso não é real, por muito que alguns políticos irresponsáveis queiram, demagogicamente, fazer pensar. Sabemos que estamos numa crise profunda e que teremos de sofrer até emergirmos de novo. Mas os portugueses já demonstraram perceber isso, já demonstraram serem capazes de aceitar mudanças duras, severas, angustiantes. Precisam é de quem os guie, quem explique as decisões, quem explique por que não há dinheiro, quem admita os erros quando eles ocorrem, quem demonstre vontade de lutar por eles. Os portugueses precisam de quem os guie Este sentimento é transversal na sociedade. E é transversal pois excluo aqui aqueles que, sendo poucos, vivem despreocupados, imunes à crise, sem dificuldades. Fazem menos milhões, na pior das hipóteses. Esses deviam ser moralmente chamados a contribuir mais. Não digo isto por ser contra o capitalismo, mas porque estamos numa situação especial, em que a moralidade e bom senso devem prevalecer. Em que cada um de nós é chamado a contribuir, e em que quem tem mais pode, e deve, contribuir mais, para que, juntos, possamos sair desta situação. Até a mim parecem já demagógicas as linhas que escrevi acima. Mas quero continuar a poder ser dono da minha esperança, da minha força, da minha vontade de contribuir para que o país ultrapasse as dificuldades. Posso fazer pouco, é certo. Mas posso pedir ao país, aos políticos, governantes, comentadores, opinadores e a todos que sejam responsáveis. Que se ouçam, que se aconselhem, que dialoguem antes de baterem com a porta. Que sejam correctos e que demonstrem aquilo que o país precisa – trabalho árduo, capacidade, clareza. Se não tivermos estas competências dentro do país, não obteremos a credibilidade externa que nos permita recuperar a nossa independência económica e crescer. Deixo assim o meu apelo para que a saída que se avizinha, a pior, seja uma oportunidade para mudar, para fazer diferente, para fazer melhor. Que o cenário de instabilidade criado por irresponsabilidade política sirva para que tenhamos um governo forte por ser aglomerador. Que o Presidente seja capaz de se impor e de exigir o que todos precisamos – estabilidade, competência, rigor e, acima de tudo, capacidade de comunicação.
Posted on: Mon, 08 Jul 2013 21:09:31 +0000

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