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"Para Lenin, não haveria sentido algum em falar de democracia em geral, de democracia pura, em uma sociedade dividida em classes, podendo-se falar apenas de democracia de classe enquanto existirem classes diferentes. Por conseguinte, seria inevitável a pergunta: democracia, para que classe? Somente assim seria possível a percepção de que a democracia pura não passa de um meio para se esconder o caráter de classe da democracia burguesa. Dito de outra maneira, à medida que é compreendida como um conceito jurídico e formal, a democracia se reduz a uma aparência responsável pelo encobrimento da dominação das massas pela burguesia, uma expressão ideológica da ditadura de classe burguesa. O raciocínio desenvolvido pelo líder da Revolução Russa não deixa margem a qualquer espécie de dúvida. Em função da sua essência burguesa, a democracia contemporânea, isto é, capitalista, seria uma democracia para os ricos, sendo a igualdade formal apenas o tipo de igualdade desejado pelos capitalistas. Nesse sentido, a conclusão a que chega Lenin sobre as instituições representativas parece óbvia. O parlamento é uma instituição burguesa, comandada por uma classe hostil, uma minoria exploradora, sendo um instrumento de opressão dos proletários, inteiramente alheio aos interesses destes últimos, diversamente do instituto revolucionário de participação criado no decorrer do processo revolucionário russo – os sovietes." (Marco Mondaini; Direitos humanos e marxismo) Entretanto, a crítica ferrenha de Lenin ao sistema político liberal do Estado parlamentar representativo, em nome da ditadura do proletariado, na prática, representou a ditadura do partido-vanguarda do proletariado. Porque isso ocorreu? Lenin reinterpretou o marxismo, desenvolvendo a teoria do partido revolucionário como vanguarda do proletariado. Ou seja, Lenin afirma que os trabalhadores sozinhos não são capazes de realizar a revolução socialista, precisando ser liderados por uma vanguarda constituida por revolucionários profissionais(no caso, pelo Partido Comunista), para que a revolução ocorra. Oras, se os trabalhadores sozinhos são incapazes de realizar a revolução, também são incapazes de dirigir o novo Estado surgido dessa revolução. O modelo desenvolvido por Lenin foi vitorioso na Rússia, e ao invés de levar os trabalhadores ao poder, levou o Partido Comunista ao poder, iniciando assim o deslize autoritário que acabou resultando no totalitarismo stalinista. Portanto não basta condenar Stalin, precisa-se fazer uma profunda autocrítica para se reconhecer os erros que possibilitaram o surgimento do stalinismo. Não podemos tapar o sol com a peneira, Lenin e demais revolucionários bolcheviques cometeram erros que possibilitaram o surgimento da degeneração stalinista. Citando o filósofo marxista Ruy Fausto: "Não que eu suponha uma simples continuidade entre bolchevismo e stalinismo. Mas afirmo sim que o totalitarismo stalinista é impensável sem o bolchevismo, e que há linhas reais de continuidade entre os dois". (Ruy Fausto; "Em Torno da Pré-História Intelectual do Totalitarismo Igualitarista") O socialismo precisa ser refundado, abandonando toda herança autoritária e resgatando o melhor do pensamento marxista, segundo a realidade da luta de classes em nosso tempo.
Posted on: Sat, 14 Sep 2013 11:17:15 +0000

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