Para sempre meu pai... Nesses últimos tempos comecei a - TopicsExpress



          

Para sempre meu pai... Nesses últimos tempos comecei a perceber que a minha opinião, sem ser de caso pensado, parece de fato corresponder a alguma coisa que José Pereira de Assis, meu pai, costumava dizer. Isso significará talvez, Deus queira, que vou me tornar com o correr dos anos cada vez mais parecida com ele ou, pelo menos, me identificar com a herança espiritual que dele recebi, sem pretensão alguma de me igualar, pois não haverá pessoa equivalente a ele. Não raro me surpreendo, antes de agir, tentando descobrir como ele agiria em semelhantes circunstâncias, repetindo uma atitude sua, até mesmo esboçando um gesto seu. Tudo o que acontece é para melhorar... Se não deu certo, é porque ainda não chegou no fim. É no balanço da carroça que as abóboras se ajeitam. Estes pronunciamentos se faziam ouvir em geral quando diante de uma fatalidade a que não se poderia fugir. Queria dizer que devemos nos conformar com o fato de nossa vontade não poder prevalecer sobre a vontade de Deus - embora jamais fosse assim eloqüente em suas conclusões. E tudo que acontece é bom — chegava ao cúmulo do otimismo de afirmar isso, não vacilava em sustentar que toda mudança é para melhor: se mudou, é porque não estava dando certo. E se quiser que mude, não podendo fazer nada para isso, espere, que mudará por si. Problemas vêm para nossas mãos para serem resolvidos, não podemos passar para terceiros. Não é Rosemeri Araújo? Essa frase te motivou o tempo todo a tomar providências durante o processo de hospitalização. Meu pai... seu jeito de ser, sua simplicidade no falar tinha a força de provérbios nascidos da voz do povo: nada como um dia depois do outro, um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar, tudo tem seu tempo. Tempo de semear, tempo de colher... Assim recebemos a Palavra em forma de testemunho no dia da entrega do seu corpo à terra, Comandante Arruda o conhecia o suficiente para nos dar essa honra. Foi muito lindo! Meu pai... homem íntegro, honesto nas suas atitudes, puro coração no agir, sempre procurou solidarizar-se com a desgraça alheia, entendia que também estamos sujeitos a ela à todo tempo, somos todos irmãos na mesma atribulação. Não era a perfeição de pessoa, errou muito, mas quando errou sofreu as consequências mais do que ninguém. Para ele o mais importante era não perder a capacidade de rir de si mesmo. Com o tempo, a cidade foi tomando conhecimento do seu bom senso, da experiência adquirida ao longo de uma vida, o Zé Véio popularmente conhecido, apelido que aconteceu numa partida de futebol entre amigos, um garoto anônimo, dizem q picolezeiro... rs, interessante... quem diria q faria história nomeando um futuro prefeito?! Um jovem Contabilista com seu escritório Contabilidade e Despachante Assis - 1985. Seu carisma cativou os amigos, conhecidos, e depois até desconhecidos passaram a admirá-lo. Era notável a romaria desde os tempos de seu escritório, a voz de final de feira como diz meu irmão Cleber Assis, não havia quem ouvia e não o reconhecesse pela voz, capacidade de encher um lugar com seu sorriso, sua alegria, da mesma forma sozinho tbm era capaz de esvaziar um ambiente, a capacidade de agrupar pessoas somente para ouvir uma piada, seus amigos carroceiros ali na praça, a parada obrigatória no ponto dos amarelinhos como chamava os moto-taxistas, tomar um chimarrão na roda de amigos ali no Catarino, uma palavra amiga aki, um discurso político ali, forte formador de opinião, polêmico, amado por muitos, odiado por poucos, no entanto respeitado por todos, era gente que gostava de gente, não havia mesmo outra missão maior do que ser político de raça e coração. Mesmo com sua ausência esse será o assunto por longos anos em minha casa, pois no sangue a política entra como um vírus, não como doença, mas como uma paixão, desejo de fazer a diferença, mesmo que seja num mundo onde o Sistema castra, maltrata... ainda pensando nos conselhos da minha irmã Elis Assis, desconstruindo e reconstruindo meus ideais. No dia do adeus foi muito difícil, ainda assim tive grandes alegrias, hj entendendo muitas coisas, a dor das pessoas era visível, quase palpável, o carinho por meu pai alcançou minha família em forma abraços, lágrimas e palavras de conforto. Compreendi que a família do meu pai não se restringe à nós filhos, ele tem uma família imensa, filhos do coração, agora entendo pq ele não poderia ser somente nosso, no meu egoísmo não percebi o quanto outras pessoas precisavam dele. Alta Floresta amanheceu órfã. Sinto por não ter a velhice dele, agora era hora de cuidar, mas a missão foi muito bem cumprida. Ele foi e sempre será história. Eu chorei meu pai até ontem, não choro mais, agora ele está muito bem. A saudade vai aumentar eu sei, muitas vezes fui colher uma palavra sua meu pai que hoje tanta falta me faz e td está tão recente ainda, não sei como me comportar daki em diante. Resta apenas evocá-la, te buscar dentro de mim, como faço agora, para me servir de consolo nas horas más. No momento, ele próprio está aqui dentro do meu coração onde estará PARA SEMPRE, com o seu sorriso bom. Aos Irmãos: Zelão, José Vinícius Oliveira, Débora Oliveira Assis, Miriam Assis
Posted on: Fri, 22 Nov 2013 06:39:26 +0000

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