Parabéns Freguesia do Ó, no Dia 29 de agosto deste 2013! Duas - TopicsExpress



          

Parabéns Freguesia do Ó, no Dia 29 de agosto deste 2013! Duas regiões paulistanas, que pertencem ao grupo dos mais antigos bairros de São Paulo aniversariam em agosto: A "Freguesia do Ó" faz 433 anos de existência; E "Pinheiros", dia 19, completou 453 anos! Para homenagear a Freguesia, colocarei aqui um texto meu, que escrevi em agosto de 2008, sobre as memorias do bairro :: FREGUESIA DO Ó: DAS VIAGENS À CAVALO DO MEU BISAVÔ ÀS MINHAS CAMINHADAS DE HOJE :: Ana Maria L Mortari Na primeira década do século XX, meus bisavós, pais da vovó Ana, que havia nascido exatamente em 1900, viajavam para a fazenda com sua família, montados à cavalo, numa comitiva composta tropeiros que carregavam os baús de roupas, mantimentos e provisões de água em lombo de mulas, dos mateiros que conheciam profundamente os caminhos e cuidados a serem tomados, como acender fogueiras nos extremos do acampamento para evitar serem surpreendidos por indesejáveis animais como serpentes e onças, o que não as impedia de certa aproximação, aterrorizando as mulheres e crianças com seus silvos e miados no meio da noite em busca de alimentos, as quais custavam para conter o choro, consoladas pela mãe e pelas mucamas, que ajudavam no cuidado à senhora e às crianças. Havia também o capataz, munido com seu carabinote, como era chamada sua “potente” arma, para defender a integridade do grupo. A viagem levava muitos dias. Saindo da região dos Campos Elíseos, se dirigiam lentamente para o interior, através do caminho que atravessava o rio Anhemby – que em tupi significa Rio dos Nhambus, anos mais tarde denominado rio Tietê, que em tupi guarani significa rio verdadeiro, por ser – naqueles tempos - navegável e grandemente piscoso, além de ser o único rio genuinamente paulista, pois nasce, corre e deságua em terras paulistas. Tia Maria Augusta, a “Mariquinha”, a mais velha, dominava a arte de montar, portanto não causava problemas, a do meio, “Ditinha”, que mais tarde se casaria com Irineu, filho do Coronel José Joaquim Vieira Souto, fazendeiro vizinho do meu bisavô, que se radicaria no Rio de Janeiro onde é homenageado com seu nome numa grande avenida, já havia tomado jeito, e vovó Ana, a caçula que estava aprendendo a montar sozinha, causando certo atropelo. Embora Pai-Vô, como chamávamos meu bisavô, falasse à vovó para soltar as rédeas para que o cavalo pudesse beber água nas margens do rio, com medo de cair, ela segurava o mais firme que podia para que ele não abaixasse a cabeça... Mesmo assim ela literalmente caiu dentro do rio, de onde foi retirada ensopada de água e lágrimas, que demoraram muito a secar! Além de trocar de roupas, retardou a viagem para secá-las, porque o que não lhe faltavam eram meias, panos, e anáguas, naquelas vestimentas da época mas, sem dúvida, ela aprendeu a dar rédeas ao cavalo para beber água, pois aprendeu que ele tinha mais força do que ela. Vencido este primeiro contratempo, no frio e garoento clima da Paulicéia, que só melhoraria após transporem a Serra do Japi, seguiam viagem pelo caminho de Sant’Ana, onde na altura do grande e antigo Colégio Santana, que ainda existe, na atual rua Voluntários da Pátria, ficava o primeiro curral de mudas das montarias, para que pudessem seguir com animais descansados, pois adiante teriam de enfrentar um caminho difícil, com grandes subidas, rumo à distante Freguesia do Ó, onde paravam para descansar . Ali, já na nova e atual Matriz, rezavam pedindo bênçãos e proteção à Nossa Senhora da Esperança, ou da Expectação, como era conhecida, antes de prosseguirem na longa viagem rumo ao interior. Sendo a Freguesia do Ó um dos mais antigos bairros de São Paulo, cuja história se mistura constantemente com a história da capital, sabe-se que Freguesia era uma denominação portuguesa utilizada para bairro ou distrito. Fundada em 1580 pelo bandeirante Manuel Preto, posseiro de ampla área à margem direita do Rio Tietê, famoso por escravizar índios e punir exemplarmente escravos negros, a Freguesia do Ó, no começo da colonização, transformou-se em ponto de apoio para os exploradores de ouro das minas existentes no Pico do Jaraguá e em retiro campestre para importantes figuras do Império, tendo, numa de suas antigas casas, o primeiro local onde nosso Imperador D Pedro encontrava-se com seu amor Domitila de Castro Canto e Mello, a “marquesa de Santos”, antes de lhe comprar o amplo solar que ainda existe, na atual Rua Roberto Simonsen. Em 1610, o próprio Manuel Preto se incumbiu de construir uma pequena capela de pau-a-pique - construção de barro, com paus trançados e sangue ou estrume de gado para dar liga endurecida à construção - para Nossa Senhora do Ó, a princípio para a oração de sua família, no atual Largo da Matriz Velha, no Sítio Jaraguá bem no topo do morro, de onde se enxergava toda a extensão da cidade até onde atualmente fica o espigão da Paulista e à distante zona Leste, onde ficava a Freguesia da Penha de França, tão antiga quanto esta. Para obter a autorização da Santa Sé para construir essa capela – pequeno templo de um só altar - Manoel Preto doou ao Vaticano as terras onde instalou a capela, além de bens materiais, como gado e plantação, tendo como compensação assegurada, a ele e a seus filhos, a posse da igreja e a obrigatoriedade de se celebrar cinco missas anuais pela sua alma, pois o bandeirante acreditava no valor das indulgências e sua consciência pesada precisava garantir um lugar no céu, devido a tantas atrocidades que praticava contra índios e negros. Devo entretanto esclarecer que a protetora da paróquia e do bairro, a chamada Nossa Senhora da Expectação, é uma inusitada e belíssima imagem de Nossa Senhora grávida, esperando seu filho com amor e confiança de mãe, por isso chamada também Nossa Senhora da Esperança, porém em virtude de serem rezadas ladainhas em latim nas rezas do terço à noite – “Stella Matutina... que o povo respondia: Óra pro Nobis, Maria Auxilium Cristianorum... Povo: Óra pro Nobis”, além das jaculatórias que sempre iniciavam com a letra Ó – “Oh! Maria, concebida sem pecado...rogai por nós que recorremos a Vós” antes de cada um dos “Pai Nosso” do terço, levaram muitos viajantes a falar: “Vou lá naquela freguesia, onde os portugueses só falam “Ó”...” acabando por rebatizar a Santa, como Nossa Senhora da Expectação do Ó, ou simplesmente Nossa Senhora do Ó e o bairro da Freguesia do Ó que, ao contrário do que aconteceu à maioria, permanece com seu nome original. Dessa antiga Capela temos como memória, a tela pintada por Salvador Ligabue, datada de 1861 (cie), o mesmo que pintou os anjos do altar da Matriz, reproduzindo neles, o rosto das duas filhas– à qual serviu à Comunidade durante 180 anos, até 1795, quando, devido ao crescimento da população local, foi reedificada e ampliada, pelo padre João Franco da Rocha, preparando-a para tornar-se a Matriz de uma nova Paróquia – que diferentemente do que se pensa, representa a delimitação territorial formada pelo conjunto das comunidades que circundam a Matriz (a Igreja maior dessa região), incluindo a própria Matriz (Diocese), como se fosse uma empresa com filiais no mesmo bairro ou região, incluindo a maior filial - daí o nome do local ser Largo da Velha Matriz, onde permaneceria até a data fatídica da madrugada de 1896, quando um incêndio, causado por um descuido do sacristão, ao queimar um enxame de abelhas, causou a destruição total dessa igreja, salvando-se apenas a Sacristia, onde por algum tempo se rezaram as missas, enquanto era construída a nova Matriz. Os moradores construíram a nova e atual Igreja em apenas quatro anos, cuja sagração deu-se a 27 de janeiro de 1901, quando a invocação da “Igreja” – denominação de todo e qualquer templo cristão, é o conjunto de fiéis, que professam a mesma fé e que estão sujeitos aos mesmos chefes espirituais, que ensinam o caminho da verdade, a prática do bem e a palavra de Deus - originalmente Nossa Senhora da Expectação ou da Esperança, passou para Nossa Senhora do Ó, no Largo da Nova Matriz, como até hoje é chamado. Somente à partir de 1914 com a chegada dos imigrantes europeus, como as famílias Pieroni, Zampierri, Polli, Zuani, Marchini e outras, que o comércio se instalou na região, no entorno da Matriz, onde as residências começavam a se espalhar, pois anteriormente, a região dedicava-se ao plantio de cana de açúcar, o que justifica a Destilaria que ali permaneceu por muitos anos, até os anos 30 aproximadamente, fabricando a “Caninha do Ó” na Chácara do Congo, atualmente chamado Morro Grande, onde ainda existe uma pedreira, embora desativada.
Posted on: Sat, 24 Aug 2013 12:06:56 +0000

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