Parte 5. Como o caracol, este tipo de homem costuma deixar um - TopicsExpress



          

Parte 5. Como o caracol, este tipo de homem costuma deixar um rastro visível e brilhante por onde trafega, tornando muito fácil a identificação sua e do seu paradeiro, que é o que ele efetivamente deseja, embora afirme o contrário. Mas, para a sua infelicidade, pouca gente dá importância aos seus recados vaidosos. O automóvel, o lar e o local onde trabalha correspondem ao exoesqueleto deste animal, ao passo que os adereços e os objetos que ele usa e espalha por todos os lados à gosma que libera. Impulsos provenientes das regiões recônditas do cérebro onde se alojam o seu complexo de inferioridade e a sua baixa auto-estima dizem a ele onde derramá-la. Do mesmo modo que prostitui nossa sociedade, transformando-a em reinado da vaidade, ele corrompe também a natureza de muitos objetos inanimados, desvirtuando os propósitos para os quais foram concebidos. Os vidros do automóvel não servem para proteger os passageiros do vento e da chuva, mas para esconde-lo dos escandalos que hora fez alertando-os que é “alguém muito importante” maneja o volante. As paredes da sua casa não servem como divisórias, mas de out-doors para a colagem de diplomas que levam o seu nome. O relógio da sala não serve para mostrar a hora certa, mas para dizer aos visitantes que o seu dono é homem. As estantes da sala não servem para acomodar bons livros, mas para armazenar troféus, medalhas, placas comemorativas, mimos e tudo o mais que avise que há um homem por ali. O mesmo vale para pratos, talheres, lenços, gravatas, bonés, bolsas, bonecos, malas, bengalas e, pasmem, até revólveres e espingardas! Enfim, qualquer objeto que possa lhe servir de propaganda ele o corrompe. Por ser um ser corruptivel. d) Prejuízos O homem arrogante sabe muito bem que é um desqualificado moral, que carece das virtudes necessárias para dirigir homens de caráter, mas mesmo assim quer assumir o cargo máximo e nele perpetuar-se por tempo indeterminado, se possível. Insolente, julga-se o único com aptidão para empunhar o poder, menoscabando a capacidade dos demais cidadões. Sempre que pode procura manobrar as eleições para que os cargos sejam preenchidos por integrantes de sua medíocre camarilha, que, uma vez empossada, vai aprovar seus atos maléficos e alimentar a sua vaidade. Dessa maneira ele trava as rodas da comunidade, impedindo-a de progredir, de desfraldar as suas velas, e rumar para o bem comum de toda a comunidade. Nosso personagem costuma mais faltar do que comparecer às reuniões, como já foi dito. Quando o faz, é quase sempre para tentar colocar-se em destaque, humilhar alguém, violar regulamentos, e fazer prevalecer os seus caprichos pessoais.. É claro que ele não age só, pois se assim fosse a sua eliminação seria fácil e sumária. Ele conta com o respaldo de pequenos grupelhos de gente sórdida e submissa, que aprova suas ações, que corrompe e deixa-se corromper. Às vezes conta até com a cumplicidade dissimulada de alguns cargos públicos, que, por motivos políticos ou de ordem pessoal, fazem vista grossa aos seus insidiosos manejos e prevaricam no que constitui uma das mais importantes missões dentro da Sociedade. Terminado o período de sua administração este impostor passa a meter o nariz em assuntos que não mais lhe dizem respeito, usurpando funções de outros cidadões, incluindo as do seu sucessor. Quer mandar mais do que os outros, quer ser o dono da bancada; quer admitir candidatos sem escrutínio para engrossar a sua camarilha; quer manobrar a todos e violar leis. Especialista em apontar erros nos outros, o homem arrogante jamais admite um seu. Quando, porém, as circunstâncias tornam isso impossível, ele o faz rangendo os dentes e disparando setas em todas as direções, muitas vezes ferindo os poucos cidadões que o querem bem. Além de tudo é um indivíduo vingativo. Caso sofra uma contrariedade qualquer, ou veja descartada uma irracional conjectura sua, ele passa a fomentar intrigas e provocar cismas. Aquele que for investigar as causas que levaram uma determinada oficina a abater colunas notará em seus escombros a marca indelével de sua mão, que muitas vezes deixa impressa com orgulho! Elemento altamente desestabilizador e perigoso, o homem vaidoso é o principal responsável pelo enfraquecimento da verdadeira política, pela fuga em massa de bons cidadões, e pela decadência da Sociedade de uma forma geral. Quanto maior for o seu número agindo no corpo da Sociedade, mais fraca, enferma e suscetível à contração de outros males ela se torna, mais exposta a escândalos e prejuízos ela fica. Sua eliminação é, portanto, condição si ne qua nom para a conservação da saúde de nossa Sublime Sociedade.
Posted on: Tue, 20 Aug 2013 20:02:46 +0000

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