Pescadores reclamam do esgoto que, segundo eles, estaria sendo - TopicsExpress



          

Pescadores reclamam do esgoto que, segundo eles, estaria sendo jogado no manguezal da região pela própria Cesan Enildo Broetto Imagine ter que acordar e trabalhar em meio a um odor insuportável de esgoto, que estaria matando o produto do sustento de sua família. Há cerca de cinco anos, esta tem sido a sina da colônia de pescadores do bairro Maria Ortiz, em Vitória. De acordo com eles, sempre existiu a poluição devido à falta de saneamento básico nas casas ao redor do mangue. Mas a situação piorou muito quando, segundo os trabalhadores, a própria Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), devido ao Programa Águas limpas, começou a despejar dentro do manguezal da região todo o esgoto da cidade. Os pescadores contam que a situação piora quando o manguezal é alagado pela enchente das águas do mar e os resíduos do esgoto se diluem à grande quantidade de água do ecossistema. Já quando ela esvazia leva esta matéria orgânica que se deposita ao longo do mangue. Na maré vazia a sujeira fica exposta e a água dos canais do manguezal fica escurecida e com mau cheiro. O esgoto não se dissolve e fica visível aos olhos sofridos de quem precisa do mangue para sobreviver, como é o caso do pai de família, Claudiomiro Álvares do Nascimento, de 51 anos e há 30 anos pescador. “A lama, típica do manguezal, está sendo ocupada por uma crosta de lodo que impede até a entrada de camarões de água-doce. Não existem mais espécies de peixes como robalo, a vermelha e a carapeba. Só encontramos a tainha e o bagre para pescar porque estão resistindo, por enquanto. Os caranguejos também estão morrendo, inclusive o aratu. A situação está difícil para quem trabalha no mangue”, reclama Claudiomiro. O desaparecimento de espécies marinhas já afeta negativamente os rendimentos dos trabalhadores. Para Ajoilson de Jesus Marques, de 32 anos, a pesca nunca foi tão prejudicada como está sendo agora. “A situação ficou complicada depois que o esgoto que corria na Praia de Camburi foi remanejado para Maria Ortiz. A explicação é simples: o povo daquela região tem voz por ter mais condições. Então, o esgoto deles foi jogado para o manguezal e nós que estamos sofrendo. Para completar, à noite, embarcações não registradas vêm aqui e praticam a pesca de balão. Pegam todos os peixes que ainda restam, prejudicando o nosso trabalho, que já anda complicado. Isso nos dá prejuízo futuro também já que este tipo de pesca arrasta os sedimentos do fundo do mangue e gera a mortandade dos filhotes. Antes desta situação, conseguia renda de R$800 por mês, chegando a épocas de tirar R$900 vendendo peixes de boa qualidade. Hoje não conseguimos tirar nem um salário mínimo.” Descaso do Poder Público. E as dificuldades impostas à população pelo despejo destes resíduos dentro do manguezal, ao que parece, não comovem as autoridades. De acordo com a colônia de pescadores de Maria Ortiz, os próprios moradores da já tentaram um diálogo com órgãos como a Prefeitura Municipal de Vitória, a Câmara de Vereadores, o Governo Estadual e os órgãos fiscalizadores do meio ambiente. Contudo, não obtiveram sucesso. “Ninguém nos ajuda; é um empurrando para o outro a responsabilidade e nós, trabalhadores, perdendo a nossa fonte de renda. Matam a natureza, tiram nosso sustento e ainda ficamos sem apoio; temos filhos para criar. Somos cidadãos, pagamos nossos impostos e temos direito a um local de trabalho limpo e digno”, reivindica Claudiomiro Álvares do Nascimento. Responsabilidade é da Prefeitura de Vitória, diz Cesan O Programa Águas Limpas reúne um conjunto de empreendimentos para ampliar o abastecimento de água e os serviços de coleta e tratamento de esgoto na Grande Vitória e no interior do Espírito Santo. Porém, a Companhia Espírito Santense de Saneamento(Cesan), ressalta que no caso do mangue de Maria Ortiz, o Programa não realizou obras no local. A Companhia alega que as manilhas de despejo fazem parte da rede de drenagem pluvial (água da chuva), que seria de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Vitória (PMV). “A Cesan não tem relação com esse esgoto despejado indevidamente e não tem poder de fiscalização. O esgoto in natura, jogado no manguezal, é proveniente de ligações clandestinas de imóveis à rede de drenagem pluvial e a Prefeitura deve fiscalizar para que isso não ocorra”, diz a empresa, por meio de sua assessoria. Vale lembrar que o cidadão capixaba já paga mensalmente uma tarifa que pode chegar a 80% sobre o valor da conta de água, referente ao serviço de coleta e tratamento de esgoto. Já a Prefeitura de Vitória confirma que a rede de drenagem é de fato responsabilidade da administração municipal, incluindo a parte de obras e fiscalização e monitoramento de ligações clandestinas à rede. De acordo com a PMV, após ser informada pela Cesan, a Secretaria de Meio Ambiente (Semmam) faz a vistoria, visando identificar o agente causador da degradação ambiental. Quanto à pesca de balão, a Secretaria de Meio Ambiente esclarece que vem realizando fiscalização em toda extensão do mangue de Vitória, durante todo o ano. Quem presenciar a atividade predatória deve denunciar pelo telefone 156, que funciona 24 horas.
Posted on: Mon, 16 Sep 2013 12:17:46 +0000

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