Platão, o boto e “caboco falado” A matéria é físei – - TopicsExpress



          

Platão, o boto e “caboco falado” A matéria é físei – natureza: terra, água, fogo e ar; é una (unidade) e divisível (diversidade): o mundo físico, objetivo, positivo, das aparências, dos fenômenos, da ciência; é o plano dos eventos naturais. Tesei é o oposto: é o plano dos fatos, eventos humanos, culturais, produtos da criatividade, da imaginação, subjetivo, intelectivo, das essências, o mundo metafísico, dos signos, de todos os signos... é nele que as convenções, relações simbólicas, se dão, e de onde nascem os contratos, todos os contratos, coletivos e individuais, bons e maus, políticos, mercantis... Platão atinou com esses dois planos e com os mundos neles existentes; meio confuso ainda, com os deuses da mitologia grega e bárbara fustigando seu juízo; por exemplo Zeus, o grande fornicador do Olimpo, o hóspede sem convite de muitas ocasiões em lares humanos; Hércules é filho de uma dessas costumeiras fugas suas com a mulher de Anfitrião. [na Amazônia, Zeus seria o Pai de todos os “botos” e de todas as criancinhas órfãs de pai, paixão das caboclinhas de beira de barranco de rio indefesas, porém sonhadoras e, no íntimo, ansiosas de um encontro íntimo com a deidade; depois disso um pouco de promoção social não faria mal, sair do barraco do barranco, morar na cidade, alimentar-se, vestir-se bem. Boto, Zeus, saíra da água do rio e já vestido de branco, com se fosse um “patrão”, arrendador de seringal, paletó de linho branco, chapéu Panamá, sim, porque tinha que usar chapéu para esconder o furo na cabeça, que todos da sua espécie tem para respirar na superfície quando emergem de vez em quando; um detalhe inusitado: surgem descalços: seus pés de barbatana não comportam sapatos, mas na noite, na penumbra de luz de candeeiro e lamparinas, quem vai perceber; assim, dança, bebe até se embriagar de cachaça, a bebida alcoólica barata de festa de pobre no interior; e principalmente seduz; sai da festa para copular num escondido de moita e depois foge, já perto do raiar do dia, porque a claridade do sol pode impedir, embora mamífero, sua transmutação anfíbia; nove meses depois num barraco de algum barranco de um rio perdido no continente amazônico a semente da sua traquinagem brota no mundo; não se sabe o destino, de boa ou má fortuna...]. [Para não ser desigual e injusto, as deusas olímpicas do harém de Zeus também fogem em aventuras afetivas com rapazes humanos; a preferência, porém, é por leitos limpos, lençóis de linho branco e seda, de rapazes bem nascidos; garotos de barranco não tem a boa fortuna desse tipo de deleite; são cuidadosas, porém com a ejaculação; não se permitem engravidar nem se emporcalhar com DST; usam camisinhas Jontex Ultra size; querem só o prazer fortuito da carne, sem igual, dos humanos, e nada mais; coisa de deusas, poderosas... ] O boto pode ser também o “caboco faladô do poema “Uirapuru” da composição musical do conterrâneo Waldemar Henrique: Certa vez de montaria/Eu descia um paraná/O “caboco” que remava/Não parava de falar, ah, ah/Não parava de falar, ah, ah/Que “caboco” falador!/Me contou do lobisomen/Da mãe-dágua, do tajá/Disse do juratahy/Que se ri pro luar, ah, ah/Que se ri pro luar, ah, ah/Que “caboco” falador!/Que mangava de visagem/Que matou surucucu/E jurou com pavulagem/Que pegou uirapuru, ah, ah/Que “caboco” tentadô/”Caboquinho”, meu amor/Arranja um pra mim/Ando roxo pra pegar/Unzinho assim.../O diabo foi-se embora/Não quis me dar/Vou juntar meu dinheirinho/Pra poder comprar/Mas no dia que eu comprar/O “caboco” vai sofrer/Eu vou desassossegar/O seu bem querer, ah, ah/Ora deixa ele pra lá... E assim o mundo se cumpre como enigma. Cada um decifra o seu com a sabedoria que tem. Eu tenho a minha e você, tem a sua?...
Posted on: Sun, 17 Nov 2013 13:00:54 +0000

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