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Por Claudia N. Paiva: Escrito para os conhecidos leigos que têm perguntado sobre animais nas pesquisas; que me corrijam os colegas pesquisadores, se for o caso: Há sites que falam de “métodos substitutivos” à pesquisa com animais: 1rnet.org/1r/substitutivos.htm. Esses métodos substitutivos têm aplicação limitada. Vamos por partes: (1) a cultura de células. Praticamente não existe laboratório que não enderece boa parte de suas questões para a cultura de células. É mais fácil, mais agradável, mais barato. Só que 1o que as células utilizadas quando são linhagens celulares, comumente foram imortalizadas pela fusão com células tumorais, o que deixa elas distintas das células originais e portanto, modelos de estudo que tem que ser checados contra à realidade (= as células obtidas diretamente de animais). As células obtidas diretamente de animais respondem por boa parte da cultura de células. (2) os simuladores. Só é possível simular com exatidão algo cujo conhecimento acerca de sua essência tenha sido esgotado. E como sabemos se esgotamos o conhecimento acerca de algo? Não sabemos! Se encontrarmos a verdade, não saberemos! Por isso os simuladores tem uma finalidade limitada ao que é CONHECIDO. O que é desconhecido, que é a finalidade da pesquisa, não pode ser simulado. (3) Temos comitês de ética e fazemos uso responsável de animais. Aqueles cachorros em carne viva q o Anonymous postou são fake, de uma página de ativistas irresponsáveis. (4) Fazemos estudos de campo também, são abordagens que sozinhas, não dizem muito, mas complementadas por manipulações experimentais, são poderosas. Às vezes esbarramos naquilo que chamamos de experimento da natureza, uma oportunidade de entender um problema baseada em um fenômeno natural, como uma mutação. Dependendo desse tipo de fenômeno, o q temos hoje teria demorado mais uns 5 milênios para ser obtido. (5) Fazemos uso de cobaias humanas voluntárias, bem pagas. Isso nem sempre pode ser utilizado; às vezes, as condições requerem controle acima do que pode ser feito com humanos (ex que todos os animais sejam idênticos geneticamente; que suas tendências genéticas à hipertensão sejam conhecidas, etc). Às vezes, questões éticas nos impedem. Tudo que eu disse aí em cima é senso comum em ciência; vc pode checar olhando as descobertas importantes nas revistas científicas do Pubmed. Mas 1o vc precisa ter critérios para analisar as credenciais de uma pesquisa / cientista. Tudo o que publicamos é revisto e criticado pelos nossos pares. Existem revistas de impacto distinto, ou seja, uma hierarquia na publicação científica. Se uma descoberta saiu numa revista de alto impacto, ela foi avalizada pela elite da comunidade científica. Vejamos esse veterinário, Ray Greek, do livro de métodos substitutivos: 1rnet.org/1r/pesquisa.htm. Ele publica basicamente sobre esse assunto: ética na pesquisa. Ou seja, ele é o cara que está dizendo aos outros como devem fazer sem ter feito. Parte ele tem razão, como por ex esse estudo sobre aids: ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1122145/ mostrando que boa parte foi descoberta in vitro por falta de modelos animais. É fato, mas trata-se de matar um vírus, não de atuar sistemicamente no organismo para corrigir um problema. Isso não vai acontecer no caso de atuar sistemicamente no organismo para corrigir, digamos, esclerose. Para isso, precisamos entender o organismo 1o, e nisso a pesquisa com o organismo é insubstituível. O artigo traz duas visões, com um reply de um pesquisador que dá suporte à pesquisa com chipanzés na AIDS.
Posted on: Sun, 20 Oct 2013 13:10:00 +0000

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