Por Macário Carvalho Considero que a liberdade de expressão não pode ser cerceada, seja sobre que assunto que for. A religião não pode ter um status intocável, porque nenhum assunto pode. Alguém poderia dizer que "fé, cada um tem a sua, e ninguém pode ser desrespeitado", mas aí residem duas afirmativas e não apenas uma. A segunda afirmativa, com a qual estou inteiramente de acordo, é a de que ninguém pode ser desrespeitado, e logo todos devem ser respeitados. Mas essa afirmativa não está ligada ao fato de que "fé, cada um tem a sua". Isso, se fosse verdade, seria uma outra afirmação, independente daquela do respeito devido a todos. Por que digo "se fosse verdade"? Porque muitos, como eu por exemplo, não possuem uma fé, uma confissão religiosa, um conjunto de crenças na existência de um ser superior (ou na inexistência, como no caso de alguns ateus). Considero aqueles ateus belicosos e fanáticos como um outro lado do fenômeno da religião, o qual muito me interessa academicamente. A partir dessas considerações surge a pergunta: os que não possuem fé são diferentes, menores ou menos merecedores de respeito que qualquer um? Claro que não. Todos merecem respeito. Mas, se todos merecem respeito, porque compartilhei a imagem acima? Porque ela não é uma crítica a pessoas, mas a duas instituições: uma igreja cristã e uma força policial. As instituições cristãs, as igrejas, se arvoram no direito de legislar sobre a vida privada, os desejos, e o comportamento dos indivíduos, exercendo patrulhamento moral, embora muitas pessoas defendam-nas e se sintam até mesmo parte delas. As forças policiais são um braço armado do Estado que infelizmente atua no execício da violência contra seus próprios cidadãos. Eles não são garantidores da ordem e dos cidadãos. Eles garantem uma determinada ordem, que privilegia uma parcela mínima da população às custas dos direitos das maiorias pobres e excluídas na sociedade brasileira. Nada pessoal contra o Jorge Mario Bergoglio, a quem não conheço pessoalmente, nem contra os policiais que constam na imagem. A minha crítica vai contra suas instituições e aquilo que elas representam: a repressão das liberdades individuais e o estabelecimento de modelos normativos que "deveriam" ser seguidos por todos. Posso não concordar com as opiniões de uma pessoa, mas defendo o direito dela de se manifestar e dizer o seu pensamento. Acredito que é assim, com o debate e a conversa que todos crescem. Eu considero a religião cristã como um momento muito interessante do desenvolvimento histórico das sociedades humanas, e que precisa ser melhor estudado e compreendido. Entre outros processos, é muito interessante a maneira como as instituições conseguem mobilizar emocionalmente as pessoas.
Posted on: Tue, 30 Jul 2013 14:35:24 +0000
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