Por favor, vão de férias! --------------------------- Perdidos - TopicsExpress



          

Por favor, vão de férias! --------------------------- Perdidos inutilmente dez dias, aí está de volta o Governo remodelado que já antes estava pronto para o ser. Um dia, nas suas memórias, Cavaco Silva explicará melhor o que pretendeu com aquilo a que começou por chamar “proposta” e acabou a chamar “solução”… falhada. Por ora, tirando alguns cavaquistas persistentes, ninguém mais entendeu para que serviu este hiato. O país, esse, definitivamente não entendeu. Assim como ninguém consegue entender agora a moção de confiança, duas semanas depois de uma moção de censura (…). 2. Dizem alguns que quem saiu a ganhar com tudo isto foi Passos Coelho. Se o objectivo era manter-se no poder, desse por onde desse, sim, saiu a ganhar, continua primeiro-ministro! Mas, entretanto, foi humilhado pelo seu ministro das Finanças (…); foi humilhado pelo parceiro de coligação (…); foi humilhado pelo Presidente da República, que o tratou como um garoto a quem é preciso chamar à razão. Fala todos os dias — em qualquer lugar, a pretexto de tudo e mais alguma coisa, sem critério e sem contenção. (…) Se isto é sair a ganhar, não sei o que seja sair a perder. 3. No velho-novo Governo Passos Coelho, a grande surpresa foi a ressurreição política de Rui Machete, que todos imaginávamos a bom e aconselhável recato. Para tudo dizer, esta é das tais escolhas que, mais do que espantar ou indignar, causa uma profunda depressão. É a política partidária no seu pior; é o PSD de sempre, dos barões e baronetes que se tomam por estadistas e que estão sempre em trânsito, entre o Governo e as administrações públicas, a banca e a consultadoria; e é Passos Coelho a mostrar como é um homem sem referências e sem densidade política. E nem é preciso ir buscar o pouco feliz currículo de Rui Machete, actual ‘consultor’ da PLMJ, o maior e mais influente escritório da advocacia de negócios. Os seus longos anos à frente da FLAD, onde conseguiu ser detestado por todos, não deixar obra que se conheça e ser alvo de um relatório do embaixador americano que faria corar de vergonha qualquer um; as suas passagens pelo BPN (pago em notas contadas porque, pelo sim, pelo não, preferia não ter conta no banco que lhe pagava) e pelo BPP — episódios de uma vida tão recomendáveis que o próprio gabinete do primeiro-ministro entendeu por bem omiti-las do seu currículo oficial — atestam como o dr. Machete foi uma escolha acertada. O pior, porém, é o pequeno facto de não se conhecer ao novo MNE uma só ideia sólida sobre política externa, política internacional ou diplomacia, que faça da sua nomeação qualquer coisa de compreensível. (…) E podemos temer que o PSD tome de assalto a estrutura do MNE, como já o fez num passado próximo. Porque, como disse o próprio dr. Machete, estamos no domínio da plena “podridão política”. 4. Fui tirar o passaporte numa conservatória de Lisboa. Instalações impecáveis, casas de banho limpas, burocracia reduzida a quase nada, tudo digitalizado, eficaz e despachado em 40 minutos, entre a chegada e a saída. É o ‘simplex’, de Sócrates. E fiquei a pensar nas coisas inteligentes e certas que os seis anos de Sócrates fizeram pela melhoria concreta da vida concreta das pessoas — pois também é para isso que os governos existem. Lembrei-me do ‘simplex’, do cartão de cidadão (reunindo vários números e dados), do documento único automóvel, da empresa na hora, das lojas do cidadão, do ensino de inglês obrigatório a partir do 5.º ano, dos ‘Magalhães’ nas escolas, da extensão do ensino obrigatório até ao 12.º ano, e sim, do Parque Escolar, do RSI, do complemento social de reforma, da co-geração de energia eléctrica, do investimento nas novas tecnologias, nas energias alternativas, na investigação científica. São coisas que ficam, excepto aquelas que o actual Governo abandonou deliberadamente e, às vezes, unicamente por terem sido obra do anterior governo. Em contrapartida, o que fica, como melhorias evidentes na vida das pessoas, que tenha sido levado a cabo nestes dois anos de Governo PSD/CDS? (…)’ (Miguel Sousa Tavares, no "Expressso")
Posted on: Fri, 02 Aug 2013 17:41:15 +0000

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