Porque Clarisse é a trilha sonora de hoje, explico, vale a pena - TopicsExpress



          

Porque Clarisse é a trilha sonora de hoje, explico, vale a pena ler, pois essa música retrata o cutting, a auto-mutilação com uma honestidade, sinceridade perfeitas. Afinal, Renato Russo sofria de cutting, chegou a perder a capacidade de baixo e guitarras devido a um ferimento nos tendões. Reparem nas camisas com mangas longas, que são a marca de Renato Russo, bem ele as usava por um motivo. #DoidinhadaSilvaSilveira Essa música não se encaixa em nenhuma categoria de músicas, é única, nela Renato Russo retrata apenas uma pessoa e ele mesmo. Primeiramente, Renato Russo relata, por meio de um eu lírico que suponho e chego a ter quase certeza que é ele mesmo, o cansaço, a dor que sente alguém em início de depressão, embora ainda não saiba da doença. E eu acredito que as palavras relatadas na primeira estrofe da canção não são fictícias. E o que me leva a crer na realidade dos fatos relatados por Renato é a coincidência que há com os fatos da sua vida pessoal: a internação numa clínica, a incompreensão das pessoas em relação a si, os pensamentos tristes e diferenciados de todos os outros. Daí então, o eu lírico começa a contar uma história, a história de Clarisse. Clarisse, aquela que corta os pulsos, que mutila a si mesma e, assim mesmo, não sente dor. Não sente dor, pois a dor psíquica que sente já é bem maior do que toda dor física do mundo que ela experimenta sentir. Clarisse, aquela que sofre pela dor do mundo e não pela sua. Ela percebe o estado em que o mundo se encontra, percebe que não há mais jeito para a humanidade, que as pessoas são más, que o mundo está acabando e então, de que serve uma vida maravilhosa? Por isso vive em dor, embora ninguém compreenda isso. Clarisse, aquela que perde os amigos em ocorrências policias, que não tem uma vida tão fácil como todo mundo. Clarisse, incompreendida, tratada como doente, e sabendo que ninguém entende que a depressão não é apenas uma doença, mas, além disso, um jeito diferente de ver as coisas, uma visão da realidade nua e crua, sabendo que não é apenas uma doença, mas uma dor imensa que sente, além de por si, pelo mundo. Clarisse, aquela que vive com o auxilio dos antidepressivos e dos calmantes, que sem eles não está mais dopada e, voltando a si, sente outra vez a dor, o desejo da morte e a própria "essência estranha do que é a morte", "mas esse vazio, ela conhece muito bem", afinal, vive uma vida morta quase o tempo todo. Clarisse, aquela que já passou por tantos tratamentos, mas que sabe que nada adiantará, pois a sua razão de estar "doente" não mudará com tratamentos psiquiátricos. "O mundo continua sempre o mesmo". O mundo continua sendo "um mundo onde a verdade é o avesso e a alegria já não tem mais endereço". Clarisse, aquela que já passou por tantas coisas em sua vida e que, assim como um pássaro trancado numa gaiola, jamais conseguirá voar como antes. Mas que sabe que um dia, talvez um dia, vai encontrar uma saída pra tudo, o mundo vai ser bom, e as pessoas serão boas, e conseguirá voar pelo caminho mais bonito, viver uma vida viva e já não mais morta.
Posted on: Sat, 17 Aug 2013 20:20:26 +0000

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