Profissão: Artista. Ser artista tem muito que se lhe diga. Pelo - TopicsExpress



          

Profissão: Artista. Ser artista tem muito que se lhe diga. Pelo menos da curta experiência que tenho de o ser e em Portugal. Porque "Arte" é considerado algo secundário para uma grande parte das pessoas. Eu própria nunca acreditei que alguém pudesse viver das artes, como a música, por exemplo. Sempre acreditei que era preciso estudar algo "científico", tirar um curso superior e ter um emprego fixo, com horários "normais" e um salário mensal definido. Para poder sentir o conforto dessa tão famigerada "Estabilidade", essencial para quem quer ser alguém na vida. E assim fiz "O Percurso". Escolaridade obrigatória, 12.º ano, Universidade, Emprego fixo. No entanto, esse culminar de percurso no "Emprego fixo" revelou-se um pouco aquém do que seria sentir conforto, mesmo tendo sentido a tal estabilidade financeira durante um ano. Na noite em que senti o "chamamento" (para não dizer a "pouca vergonha" ou "grande lata") de me voluntariar para cantar numa casa de Fado, tudo mudou. Fui tão bem acolhida que comecei a cantar quase diariamente numa das melhores casas de Fado, a ter aulas de técnica vocal e até fui convidada para fazer teatro, que fiz durante dois anos. A pouco e pouco comecei a acreditar que era possível fazer aquilo que achava inicialmente impensável (talvez para não sofrer desilusões): viver das Artes. Mas viver de Cantar, por exemplo, é muito mais do que a simples definição de cantar ( priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=cantar ). Para se viver de Cantar, em Portugal, é preciso trabalhar muito. Ou partir pedra. Cada caso é um caso, claro. Mas no meu e no de algumas pessoas que conheço bem, posso garantir que se trata de caminhar nesse sentido todos os dias. Desde reuniões, aulas, audições, ter diversos projectos de música em áreas diversas em simultâneo, gigs, ensaios, investigações. Aprender músicas, interpretar textos, trabalhar a dicção, escrever, viver, conviver, representar, respirar bem, ter boa postura, relaxar. Cantar com humildade. Oferecer o melhor de nós a quem nos ouve. Arrancar sorrisos e lágrimas. Investir no autoconhecimento. Gerir sentimentos, mudar mentalidades, manter a dignidade da música, aprender, errar, voltar a tentar. Experimentar e acima de tudo... valorizar. Valorizar a música, valorizar quem somos, ter uma identidade. Por vezes o óbvio não é assim tão óbvio. Por vezes o que parece simples, deu muito trabalho a simplificar. O que faz todo o sentido que assim seja, na grande maioria das vezes, requer um estudo exaustivo e constante. É um patamar de conhecimento. Uma ciência. E isso deve ser valorizado, ou seja, todos nós devemos ter consciência de que dar vida a uma música não é chegar ali e "pronto". Para se conseguir fazer parte disto, não resta muito tempo para explicar a quem pergunta "E só cantas agora? Não trabalhas?" que cantar não é um hobby, não é secundário. Cantar é um modo de viver. E viver é uma Arte. AR
Posted on: Thu, 19 Sep 2013 03:24:11 +0000

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