Psicólogos ameaçam recorrer aos tribunais Centros substitutos do Novas Oportunidades não são obrigados a integrar aqueles profissionais nas equipas Dina Margato Caso sejam professores ou outros técnicos a fazer a avaliação psicológica dos alunos que venham a integrar os novos Centros substitutos do Novas Oportunidades, os psicólogos prometem agir. A preocupação tem sido comunicada à Ordem dos Psicólogos (OP), sob a forma de várias denúncias, desde que saiu a portaria que estabelece a criação dos novos Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional (CQEP). O texto é "vago e não refere claramente a obrigatoriedade de psicólogos nas equipas", explica Vítor Coelho, membro da Direção da OP. "Seria o mesmo que colocar enfermeiros a exercer Medicina", exemplifica Vítor Coelho. "Trata-se de usurpação do trabalho de psicólogo e, se vier a acontecer - estamos particularmente atentos -, vamos recorrer aos tribunais, não haverá alternativa." As investidas junto de representantes do Executivo não lhes deram garantias algumas. Pelo contrário, vão no sentido de "que não haverá obrigação de se o ser psicólogo para fazer balanço de competências". E estes profissionais temem que os lugares sejam preenchidos por professores em horário zero. Devido a um atraso processual, decorrem até 19 de julho as candidaturas para os CQEP. O pleno funcionamento deve arrancar no início do ano letivo. Os Centros Novas Oportunidades chegaram a absorver 380 psicólogos. À medida que foram desmantelados, aqueles profissionais foram engrossando a lista de psicólogos no desemprego, que ronda os 4000, mil em um ano. Muitos outros subsistem exercendo funções que nada têm que ver com a sua formação. Nas escolas, a contratação vai ficar limitada aos 176 lugares. Já foram 253. Há três anos eram 190. Não entram novos profissionais para os quadros - que integram 400 - desde 1999. "A estes dois números juntam-se os contratos para escolas integradas dos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária e pelas escolas com contrato de autonomia, que no ano passado, foram 78", acrescenta o Ministério da Educação. Na prática, há agrupamentos sem um psicólogo neste momento e a situação só não é pior porque autarquias e juntas de freguesia têm mantido apoio às escolas, através de entidades que financiam. Haverá uns 200 psicólogos recrutados a partir deste modelo, diz Vítor Coelho. É o seu caso. É o caso de Lisboa, Barcelos, Almada, Santarém, Torres Vedras. "São estratagemas que acabam por corrigir a carência", afirma o responsável. Vítor Coelho e dois colegas, asseguram, via associação "Académico de Torres Vedras", apoio em quatro agrupamentos, do primeiro, segundo e terceiros ciclos. Uma cobertura total de 6000 alunos, exemplificando o que tem sido apontado como média nacional: um psicólogo por dois mil alunos, quando o rácio recomendado internacionalmente é de um psicólogo por 500 a 700 alunos. Finlândia e Espanha cumprem. No norte da Europa, há uma psicólogo por 500 alunos e no país vizinho estimase que por 678. O bastonário dos psicólogos, Telmo Mourinho Baptista, tem repetidamente feito um apelo para que se organize a presença de psicólogos nas escolas a nível estrutural e de forma duradoura. "De uma vez por todas, importa ter uma política de intervenção clara, com continuidade e que assegure o nível de intervenção que é necessário, sem interrupções e que permita que projetos e intervenções possam ser desenvolvidos na íntegra", defende. NÚMEROS 176 Número de psicólogos que serão contratados este ano, um valor idêntico ao do ano passado, avançou ao JN o Ministério da Educação. 14900 possuem cédula profissional. Quando desempregados costumam suspendê-la, para não terem de pagar quotas. Estima-se que rondem os 20 mil, no total. Jornal de Notícias 2013-07-01 .......................................................
Posted on: Mon, 01 Jul 2013 10:55:10 +0000