QUEBRA-MOLAS: A NOVA ATRAÇÃO TURÍSTICA DE CAETÉ *Mauro - TopicsExpress



          

QUEBRA-MOLAS: A NOVA ATRAÇÃO TURÍSTICA DE CAETÉ *Mauro Brandão Seria cômico, se não fosse trágico, mas a população de Caeté está apelidando o prefeito de Zezé Quebra-Molas, de tantos quebra-molas que foram instalados nesses últimos três ou quatro meses. É louvável que o poder público proteja os pedestres contra motoristas inescrupulosos, que fazem das ruas e avenidas da cidade pistas de corrida, não se importando com os transeuntes. Mas, da mesma forma que para todo o prato é necessário o tempero apropriado, assim também é na aplicação das políticas públicas. Assim, se um cozinheiro exagera no sal e estraga a comida, também, se um prefeito exagera numa ação, estraga toda uma harmonia possível no espaço da polis que ele administra. E em Caeté, esse espaço vem sendo rapidamente deteriorado pela implantação de inúmeros quebra-molas na cidade. Se alguns quebra-molas são necessários, eles deveriam fazer parte de uma política mais ampla: uma Política de Trânsito, ou, como se usa atualmente, uma Política de Mobilidade Urbana. Em meio a estatísticas que mostram que houve, nos últimos anos, um aumento significativo do número de veículos automotores, existem políticas eficientes que mostram que, mesmo com esse aumento de veículos, é possível reduzir o número de acidentes entre veículos e atropelamentos por meio de ações eficientes sem ter que abusar do recurso do quebra-molas excessivamente. Os quebra-molas, se por um lado, reduzem forçadamente a velocidade de veículos, por outro lado constituem como fatores antieconômicos, pois provocam o aumento do consumo de combustíveis e aceleram o desgaste mecânico dos veículos, principalmente relacionados à suspensão dos mesmos. E em Caeté, um fator ainda provocou o acréscimo desses fatores antieconômicos: muitos quebra-molas foram instalados de forma totalmente irregular, sem as dimensões previstas no Código de Trânsito Brasileiro, em locais inapropriados, sem sinalização e com pinturas deficientes, alguns sem pintura alguma. Isso provocou prejuízos a várias pessoas que, por estarem acostumadas a transitarem por algumas ruas cotidianamente, foram pegas de surpresa e passaram sem reduzir a velocidade nos quebra-molas, alguns deles de altura exagerada, danificando seus veículos nessas passagens. Alguns acidentes e quase-acidentes aconteceram após a implantação desses quebra-molas, principalmente com as motocicletas. Se o governo municipal fosse mais rigidamente científico e fosse menos guiado pelo “achismo” do seu mandatário, poderíamos ter uma cidade onde a política de mobilidade urbana fosse eficiente, considerando fatores conflitantes: motoristas e pedestres, onde o fator científico seria a ponderação entre esses fatores conflitantes. O Código de Trânsito Brasileiro, de 1988, prevê punições pesadas para o motorista infrator, e esse é um fator que pode ajudar nas políticas de mobilidade urbana. A instalação de câmeras e redutores eletrônicos de velocidade poderiam ser objetos das políticas de trânsito do município, principalmente nas vias principais, não descartando a implantação de quebra-molas, devidamente regulares e obedecendo aos princípios da razoabilidade. Além do mais, a confecção de cartilhas e da mobilização de agentes públicos, que atuariam nas ruas visando aumentar o nível de educação no trânsito, nas passagens para pedestres e em locais de grande aglomeração de pedestres, traria resultados positivos. Outro mecanismo eficiente seria a colocação de semáforos na cidade, principalmente nas regiões comerciais da Pedra Branca, nas proximidades do Banco do Brasil até as proximidades do Morgan, ao mesmo tempo em que deveria ser criados mecanismos de desvio de trânsito para as atividades não-comerciais, priorizando as Avenidas Mundéus, Jair Dantas, Padre Vicente Cornélio Borges e Carlos Cruz. Outro fator que deveria ser considerado – para a colheita de resultados de médio e longo prazo – é a educação para o trânsito nas escolas. Além do mais, faltam políticas de transporte coletivo, que minimizariam o impacto do fluxo crescente de veículos automotores, sem desmerecer o incentivo ao ciclismo, concomitante à construção de ciclovias, que além de ajudar a despoluir o ambiente, é altamente saudável e oferece riscos mínimos aos pedestres. É bom que se diga: transporte coletivo e bicicletas são transportes muito apreciados e utilizados em países de altos índices de desenvolvimento humano. Enfim, uma política de mobilidade urbana constitui-se na organização do sistema viário, no gerenciamento da circulação urbana, na organização do transporte coletivo urbano e na segurança do pedestre e do motorista... e parece que o poder público não sabe disso. Gestões eficientes de mobilidade urbana estão espalhadas pelo Brasil, e não faltam modelos a serem copiados em Caeté. É só pesquisar que veremos bons exemplos em Curitiba, Florianópolis, Taubaté, São José do Rio Preto, e mesmo BH. E para uma cidade que pretende e tem potencial turístico como a nossa cidade, quebra-molas depõem contra. Quebra-molas são geradores de estresse para os motoristas da cidade e para os motoristas, de carros e ônibus, de pessoas de fora da cidade. E ninguém, de sã consciência, acredita que os famigerados quebra-molas são atrações turísticas. Talvez o mandatário municipal pense diferente, como o soldado da tropa que vira à direita, quando todos os outros viraram para a esquerda. OBS: Esse texto é focado na sede do município de Caeté, mas se aplica também aos distritos, que deveriam (e não são) serem olhados com a mesma atenção voltada para a sede do município. * Mauro Brandão é economista e membro do grupo PoliticaMente (texto publicado no blog PoliticaMente - politicamentecaete.blogspot.br/2013/10/quebra-molas-nova-atracao-turistica-de.html)
Posted on: Sat, 05 Oct 2013 23:59:49 +0000

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