Quando, na segunda-feira passada, fui às ruas acompanhando um - TopicsExpress



          

Quando, na segunda-feira passada, fui às ruas acompanhando um grupo de mães motivado, principalmente, pelos excessos cometidos pela polícia contra os manifestantes, ouvi e, confesso, até aderi ao grito contra as bandeiras dos partidos. A impressão que nos passavam, naquele momento, era de apropriação de algo muito objetivo e que devia ser muito maior, posto que exigência de praticamente toda a população: a redução do aumento da tarifa. À medida que as manifestações cresceram e as causas se diversificaram, a irascibilidade contra as bandeiras foi se tornando não mais um acessório casual do discurso, mas uma demanda em si. Da condenação das bandeiras à defesa do fim dos partidos, foi um pulo - e um pulo perigoso, que a ninguém pode interessar. Podemos concordar ou não com o que fazem nossos representantes em Brasília, nas casas legislativas e nos governos federal, estaduais e municipais. Mas não custa lembrar que fomos nós, mesmo tampando o nariz em nome do mal menor, que os pusemos lá, por meio do voto, aquele mesmo que polariza todo o país a cada dois anos. Vá lá que não raro é essa consciência de nossa própria responsabilidade que nos deixa com mais raiva. Mas, aí, o buraco é mais embaixo. E no fundo dele está nossa própria condescendência para com os pecadilhos e os antecedentes daqueles que honramos com nossa escolha. No fundo dele estão a ignorância e a irresponsabilidade política de toda uma geração que achou que tinha cumprido o seu papel histórico defenestrando um presidente que não soube jogar o jogo jogado da corrupção e perdeu o apoio de políticos tão ou mais corruptos do que ele e que continuam por aí, circulando em carros oficiais. No fundo dele está o desprezo genérico da nova geração por tudo o que cheire a Política, como se fosse possível a qualquer sociedade democrática sobreviver sem uma representatividade estruturada e organizada, à qual se costuma dar o nome de partido, mesmo que agora, marqueteiramente, uns e outros queiram chamá-la de Rede e epítetos que tais, para fugir à desmoralização do termo real. Partidos não são bichos papões, crianças. Nossos partidos estão muito mal das pernas, isso sim, porque as pessoas de bem, aquelas que poderiam fazer a diferença, têm se alijado cada vez mais do processo democrático. Não podemos cair na armadilha de acreditar (e muito menos defender) que sem partidos estaríamos melhor. Não estaríamos. Seríamos uma ditadura. Tem quem a defenda e se assanhe, botando as manguinhas das camisas pretas de fora, aproveitando a carona do grito das ruas. Mas, meninos, vamos parar de misturar as estações: ditadura não. Eu vivi, vi e não gostei. Juro que não é uma boa...
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 18:13:49 +0000

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