Quando se generalizam as acusações nas redes sociais, diferentemente de quando é feito pela imprensa conservadora ou comprometida com interesses internacionais ou nacionais, podem-se cometer injustiças e acabar atingindo também os que estiveram presentes na luta pela democracia e pelo socialismo. Chegamos a ler também algumas manifestações de pessoas preocupadas com a origem do movimento, suspeitando de prováveis ações da CIA ou de organizações similares. Foi revoltante ler no facebook texto de pessoas que se aproveitavam do movimento nas ruas para induzir o povo a culpar a frente liderada pelo PT e o PMDB por estes 500 anos de desprezo de nossas elites ao ser humano. Caberá aos governantes a autocrítica pela contradição entre o pragmatismo e o foco ideológico. Senti-me incomodado com a perversidade de alguns neoliberais responsáveis pela situação em que o País se encontrava em 2002, e também de religiosos conservadores ao se lançarem como salvadores da pátria, sem contar o reaparecimento de omissos de carteirinha. Era de se esperar o surgimento de pessoas contratadas para se infiltrar no movimento e assustar a população com a violência que normalmente praticam, além de gangs que se aproveitam para saquear e roubar. No entanto, nada disto conseguiu reduzir o crescimento do movimento. Se alguém tinha a intenção de assustar as pessoas para inibir a participação, com certeza ficou frustrado ao perceber que a tática utilizada conclamava mais pessoas para uma luta pacífica. Ficou, sim, a sensação de que um processo revolucionário pode acontecer em um mundo globalizado e economicamente dominado. O movimento abrangeu todo o País, um momento para o ENCONTRO e não para ataques pessoais inconsequentes, uma oportunidade de ouro para somar e convergir forças, o que faltava para nos conduzir para um avanço civilizatório, reiluminando os que já haviam perdido a esperança. Não precisamos de Judas para chutar nem de novos líderes relâmpagos, despolitizados e oportunistas. Pelo contrário, temos de valorizar o que já foi feito, reavaliar o que não foi feito, e traçar estratégias para o futuro desejado. Precisamos é de uma sociedade que manifeste suas necessidades, que participe das decisões sobre seu destino, que arregace as mangas para o coletivo, e que tenha como referência a Vida. Uma sociedade que deixe de ser subserviente e saiba exigir seus direitos. Sem dúvida, um movimento político que exige razão e sabedoria para se fortalecer, com consistência, e se manifestar nas ruas é um exercício democrático de responsabilidade. Gostaria de ousar e dizer que pela evolução apresentada, que começou com o Passe Livre, tornou-se acanhado seu elenco de lutas. A sociedade precisa discutir a educação, a saúde, a habitação, a democratização dos meios de comunicação, a defesa do petróleo nacional, com ênfase no Pré-Sal, o desenvolvimento tecnológico, o desenvolvimento da indústria nacional, a indústria farmacêutica e os recursos naturais da Amazônia, o transporte, os salários, a repartição do lucro e a participação na produção, a produção agrícola e a agroindústria, a energia, o desenvolvimento urbano, a justiça, as relações internacionais, a questão do poder, as questões sociais, ambientais e culturais, a equidade para aproveitar as oportunidades, a especulação perniciosa nos mercados, a interação entre povo e poder e tantas outras prioridades. O Brasil é um País rico, com recursos energéticos, minerais, com água em abundância, com grande extensão de terras agriculturáveis e com um povo unido, sem sinais evidentes de rupturas, a não ser com o passado conservador e autoritário. Ter vivido este momento da história brasileira foi um privilégio, de satisfação pessoal, mas também de engajamento, de compartilhamento com a Sociedade neste processo de aprendizado. E o aprendizado começa com a formulação de questões, deixando de ser presa fácil de modernos ou de antigos déspotas. Rumo ao futuro socialista!
Posted on: Mon, 24 Jun 2013 01:31:58 +0000
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