Quem investiu, entre mensalidades, transporte, livros e tempo, - TopicsExpress



          

Quem investiu, entre mensalidades, transporte, livros e tempo, quase meio milhão de reais quer ir tratar de pobre? Há exceções, claro, vocações generosas. Dos 13 mil médicos que o Brasil forma anualmente, quantos são estão dispostos a ir para esses lugares tão mal atendidos? Será que supera o número dos filhos e filhas de médicos que vão seguir a tradição – e a clientela – dos pais? Não é ilegítimo, repito, mas é uma realidade visível a quem – como eu, infelizmente – é assíduo frequentador de consultórios médicos. Se há médicos disposto a vir ocupar vagas que os médicos brasileiros não querem, qual é o erro? Ah, mas são médicos sem qualidade, porque dos formados no exterior só 12% passaram no “Revalida”, prova de suficiência a que são obrigatoriamente submetidos. Alguém pode dizer qual o grau de dificuldade destas provas? Alguém pode jurar que ele é adequado e não apenas restritivo? Ou terá padrão “Dr. Zerbini”? Precisamos de um “Dr. Zerbini” lá em Catitolé da Grota Funda ou de um médico que esteja lá, que cure precocemente o que é corriqueiro (mas que pode virar grave) e encaminhe os casos mais complexos a unidades de referência? Tomo o depoimento do médico brasileiro Pedro Saraiva, que é nefrologista e trabalha em Portugal. Lá, 60 médicos cubanos prestaram exame e 44 foram aprovados (73,3%). Aqui, 11%. E os brasileiros? Em São Paulo, o Conselho Regional de Medicina faz um exame de suficiência profissional para os formandos em Medicina. Opcional, onde só 15% dos jovens médicos se inscrevem, e claro que os que sabem que estão mal de conhecimentos nem participam. Mesmo assim, quase a metade (46,7%) ficou reprovada. Agora, o exame será obrigatório. Mas apenas fazer o exame. Mesmo que tire zero, o médico formado aqui terá seu registro e todo o direito de exercer a profissão. Mas aí pode, não é? Sem hipocrisia, por favor, doutores. Porque se trata da saúde de milhões de Brasileiros. Que precisam de saúde, que não se faz sem médico. E sem médicos como o Dr. Perini, lá de Santa Maria das Barreiras, no interior do Pará. Ele diz muito bem: “Como médico, posso afirmar que a vinda de profissionais estrangeiros pode ‘ameaçar’ meu cargo, mas presenciando o dia a dia das pessoas que vivem em Santa Maria das Barreiras e não têm ninguém além de mim para socorrê-las, é um deslize se posicionar contra a vinda desses médicos. Erro é não ter ninguém para atender essa população”. Diagnóstico preciso, Dr. Perini. Por: Fernando Brito
Posted on: Wed, 03 Jul 2013 21:11:13 +0000

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