REPÚDIO DO CREA-SP ÀS DECLARAÇÕES DE MOREIRA FRANCO Resposta - TopicsExpress



          

REPÚDIO DO CREA-SP ÀS DECLARAÇÕES DE MOREIRA FRANCO Resposta do Eng. Francisco Kurimori, Presidente do Crea-SP, às declarações do ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Wellington Moreira Franco, sobre a qualidade do engenheiro brasileiro. Em nome do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo – Crea-SP e, por extensão, em nome do quase meio milhão de profissionais registrados em nossa Autarquia ao longo dos oitenta anos de sua honrosa história, cidadãos e cidadãs que exercem suas atividades profissionais com a maior responsabilidade dentro de contextos políticos e sociais adversos durante a maior parte de suas vidas, nunca por culpa de suas formações acadêmicas e nem pela falta de vontade de apreender novos métodos e tecnologias praticados pelo mercado, pais e mães de família que certamente se sentiram ofendidos com as declarações equivocadas do ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Wellington Moreira Franco, emitidas no final da semana passada a respeito da qualidade do engenheiro brasileiro, venho aqui manifestar minha total indignação de engenheiro civil formado há quarenta anos, e servindo à luta classista por mais de três décadas, com as palavras deste mandatário governamental apresentado pelos sites de busca como um político brasileiro, definição graças a Deus bastante diferente do significado de engenheiro brasileiro.Moreira Franco mostra-se despreparado e desinformado ao declarar que a culpa pelo atraso de obras para a Copa do Mundo se deve aos engenheiros brasileiros, que, segundo o político, são ruins e elaboram projetos mal feitos. Culpa de engenheiros ou de gestores incompetentes? Disse ainda o ministro, durante o evento Encontro Nacional de Editores da Coluna Esplanada, promovido pelo jornalista Leandro Mazzini no dia 31 próximo passado, que na hora da execução, todo o planejamento e cálculos tem de ser refeitos e a obra atrasa, além de ficar mais cara. Os atrasos não acontecem por falta de dinheiro ou de vontade, é por responsabilidade, continuou ele. Os projetos que pegamos para executar são muito ruins, e temos refazer todos eles, afirmou Franco a dezenas de jornalistas editores de jornais regionais. Temos uma geração inteira de engenheiros nos anos 1970 e 1980 que saíram da faculdade direto para o mercado financeiro, então há uma carência de profissionais experientes e qualificados nessa área. Os jovens não saem bem formados da faculdade e os projetos são muito ruins, disse. As empresas têm uma dificuldade muito grande em suprir isso e fazem verdadeiros milagres, continuou, sobre as obras tocadas pela Infraero, sob a responsabilidade do governo. Mas como manifestações de indignação não são suficientes para iluminar debates provocados por leigos protegidos no conforto do poder, sentimo-nos na obrigação moral de vir a público para apoiar as palavras de verdadeiros brasileiros que lutam na defesa das nossas categorias profissionais e ainda externar nossa própria opinião a respeito das desastrosas declarações.Concordamos inteiramente, e não poderia ser diferente em nome da Engenharia Brasileira, com as posições da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge) relativas às declarações de Moreira Franco. A primeira representa 18 sindicatos estaduais da categoria e afirma corretamente que a engenharia civil brasileira, apesar das duas décadas de estagnação que frearam investimentos e oportunidades de trabalho, tem sido reconhecida no País e no exterior e é considerada do mais alto nível. Ou seja, a Engenharia Brasileira não precisa da retratação do Sr. Moreira Franco quanto ao que disse publicamente sobre a qualidade dos nossos profissionais, esta reconhecida em qualquer parte do mundo. Mas é preciso, sim, deixar claro que projetos bem concebidos são incompatíveis com o tipo de contratação pelo menor preço, como exige o setor público. Estão certos a FNE e seus abnegados dirigentes quando dizem que a contratação que leva em conta a qualidade dos projetos é melhor para os cofres públicos e para a população. O problema é de gestão pública.Quanto à resposta da Fisenge, não poderia ter sido mais verdadeira e realista, revestida de uma coragem e de um senso de patriotismo tão necessários à Nação nos dias de hoje: a aceitação de projetos básicos para efeito de licitação é praticamente uma imposição da Lei nº 8.666, reforçada pelo cipoal da burocracia que envolve todo esse processo, além e principalmente da incúria aliada à incompetência de seus dirigentes do Ministério – citando diretamente a Secretaria administrada por Moreira Franco.Antes, porém, de tecermos as nossas considerações finais, vemo-nos diante do duro dever de discordar da posição do nosso Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – Confea. Na verdade, entendemos que as declarações em nome do Confea, relativas ao caso, não refletem a opinião mais representativa dos profissionais que o fazem, ou seja, a totalidade de seus Conselheiros e altos mandatários, além dos profissionais colaboradores. Não é possível aceitar que o Brasil teve seu desenvolvimento industrial estagnado por trinta anos e muito menos que a formação em Engenharia não fora atraente durante esse período. Os engenheiros não deixaram de construir o País nem por um minuto ao longo de toda a sua história e, da mesma forma, as melhores escolas da área não deixaram de produzir os melhores profissionais. O que foram forçados a fazer, todos, os experientes e os novatos, – e o fizeram com denodo e dignidade – foi submeter-se às vicissitudes de gestões públicas incompetentes e viciadas, para emergirem hoje orgulhosos de sua façanha.Como pode o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, que, como diz em nota oficial o Sindicato dos Engenheiros de Minas Gerais, deveria ser o primeiro a se contrapor firmemente às declarações descabidas do ministro, concordar com a falácia de que temos uma geração inteira de engenheiros nos anos 1970 e 1980 que saíram da faculdade direto para o mercado financeiro? Que generalização é essa, que deturpa dados estatísticos sem qualquer base científica? Como podemos aceitar que há carência de profissionais experientes e qualificados nessa área e que os jovens não saem bem formados da faculdade? Basta fazer uma leitura diária dos noticiários da área tecnológica para compreender nosso ponto de vista – e aqui vão apenas quatro exemplos dentre as dezenas que poderíamos citar: FEI vence 10ª edição do Fórmula SAE Brasil-Petrobras; Eureka Mauá 2013 reúne 137 trabalhos com foco em tecnologia inovadora; Laboratório da Poli/USP conquista 1º lugar no Prêmio Von Martius de Sustentabilidade; Aluno e professor do ITA recebem prêmio da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Os jovens não saem bem formados da faculdade, Sr. Ministro?Por fim, entendemos que, na tentativa de retratação de Moreira Franco, a emenda saiu pior que o soneto. Na nota oficial que divulgou visando às pazes com os engenheiros, o político disse que o país ficou quase três décadas sem investimentos em infraestrutura. Ledo engano. Ou só desinformação? Algum investimento foi feito na área. Disse também que esta tragédia (...) desorganizou a engenharia nacional. Mais desinformação! Nenhuma tragédia nacional conseguiu até hoje desorganizar a Engenharia Brasileira. Disse, mais adiante, que tal situação provocou um gap geracional, interrompendo o processo natural de qualificação profissional pela transferência de conhecimento via estágio e convivência com os mais experientes. Hoje, com o retorno dos investimentos em obras públicas, estamos em fase de recuperação do tempo perdido. Quer dizer o Sr. Ministro que é o setor público que se incumbe de recuperar o tempo perdido da Engenharia Brasileira, quando a iniciativa privada por décadas a fio tirou leite de pedra na geração de empregos? Por fim, deixo aqui uma última pergunta, não ao ministro, mas a todos os brasileiros de sã consciência que se dão ao trabalho de ler estas linhas: é possível acreditar no representante do governo que, num dia, diz que os engenheiros brasileiros são ruins e, no outro, que é admirador e defensor da qualidade e criatividade do engenheiro brasileiro?
Posted on: Sat, 09 Nov 2013 16:44:28 +0000

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