Recomendo a leitura do palpitante artigo O FANÁTICO PARTIDÁRIO DAS REDES SOCIAIS, de autoria do advogado DANIEL COSTA, publicado na edição de ontem do jornal Potiguar Notícias. O fanático partidário das redes sociais O jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva publicou no seu blog uma matéria intitula-da o “face-ativismo de direita despertou”, sobre grupos extremistas que divulgam suas ideias em “fan pages” no “facebook”. Os internautas, seguidores dessas páginas virtuais, logo postaram comentários sobre o assunto: “Seu idiota. A esquerda FDP faz a anarquia e põe culpa na direita. Esses dementes co-mo esse retardado mental do Rubens Paiva não se enxergam”; “ O autor deste simulacro de ‘ignorável artigo sinceramente denunciador dos próprios males’, como diria o Nelson Rodrigues, é um asno notório. Aliás, asno digno de capim, chicote e carroça. Ah... e se dependesse de mim, creia: todo comuna estaria PRESO ou em cadeias - as clássicas cadeias à Alcatraz - e/ou manicômios”. Essas agressões ao texto do reconhecido escritor Marcelo Rubens Paiva são exemplos perfeitos de como agem os intolerantes partidários: aqueles indivíduos que se caracterizam por ter como única e possível verdade a sua própria, e que não conseguem tolerar qualquer convicção política diferente. Por pensar assim, rejeitam as discussões argumentativas e se armam de violência para fazer descer goela abaixo os seus ideais. A ânsia deles, ao fim e ao cabo, é a de destruição. O indivíduo intolerante sempre existiu, claro. No decorrer da história a intolerância cresceu no seio da religião e encontrou na política terreno fértil. Quem nunca ouviu falar de Kim Jong-il; Mao Tse Tung; Hitler ou Mussolini? Não era na base da violência que eles calavam os seus opositores? A grande novidade, portanto, não é a presença dos intolerantes nas redes sociais, mas a frequência com que eles têm aparecido, destilando agressividade quando surgem opiniões políticas diferentes das suas e aniquilando qualquer tentativa de discussão democrática. Desconfio que a razão para essa maré de intolerância na internet esteja no resultado da mistura de dois fatores: a interação virtual dos indivíduos, sem qualquer contato pessoal, e o crescimento de simpatizantes do PT. O crescente apoio da sociedade ao governo comandado pelo PT contribui para que as ideias desenvolvimentistas propagadas por esse partido encontrem ressonância na mídia, sobre-tudo na virtual. Fato que provoca a exaltação dos adeptos de políticas neoliberais, como aquelas defendidas pelo PSDB, desaguando num fervilhante acirramento de ânimos. É do calcanhar desse confronto ideológico, portanto, que brotam na internet os fanáticos partidários de esquerda e de direita. Por sua vez, nas redes sociais, onde é permitida a interação entre pessoas desconheci-das, sendo dispensável o “tête à tête”, os extremistas políticos encontram campo aberto para re-gurgitar violências verborrágicas, muitas delas, inclusive, de natureza injuriosa. Tenho a impressão de que caso esse fanático virtual, por exemplo, se encontrasse diante de uma discussão política surgida numa mesa de bar, ele engoliria o seu fanatismo numa espécie de silêncio agonizante. Mas é só uma suspeita. O fato é que esse tipo de pessoa não é bem vindo numa democracia que sabidamente vela pela discussão de ideias. E é possível que alguém me pergunte se existe alguma forma de combatê-lo. Acho que talvez agindo como Rubens Paiva, que publicou o seu texto e imediata-mente silenciou diante das agressões. Essa é uma atitude que demonstra tolerância e deixa entre-ver a própria insignificância da violência verbal, principalmente quando desacompanhada de argumentos. Se não funcionar, o melhor a fazer, como ensina Amós Oz, é jogar com o senso de humor. Afinal de contas, diante de adjetivos do tipo “retardado mental” e “asno digno de capim”, só resta sorrir e entender que “por mais cheios de razão que estejamos e por mais terrivelmente equivocados que estejam os outros sobre nós, há sempre um certo aspecto disso tudo que é um pouco engraçado”.
Posted on: Tue, 01 Oct 2013 19:49:58 +0000
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