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Reindustrialização na economia brasileira Brasil Econômico - 23/09/2013 Julio Gomes de Almeida O seminário sobre a reindustrialização brasileira, realizado recentemente pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo ( Fiesp), foi muito importante porque substitui o anterior debate em torno à desindustrialização. O Brasil se desindustrializou de fato e desde 2008, vale dizer, no pós-crise mundial, esse processo se acelerou. Portanto não é despropositado bater na tecla da desindustrialização, mas, por outro lado, é mais positivo e dá uma dimensão mais clara do futuro o termo reindustrialização. De mais a mais, a oportunidade que se apresenta para que a economia brasileira conviva com um câmbio competitivo, a qual não pode ser desperdiçada, ao contrário do que ocorreu em muitas outras ocasiões, e o grau muito maior de maturidade que apolítica industrial alcançou formam um contexto favorável de retomada industrial. E cabe ainda não perder de vista que o Brasil está à busca de um novo motor para o seu crescimento, posto que o ciclo de serviços impulsionado pelo consumo mostra sinais de fadiga. A expectativa de que a indústria venha a assumir o protagonismo que já teve não é, desta feita, um devaneio. Além do câmbio e da política industrial, outra questão é decisiva. A indústria precisa de uma dose forte de mudança que lhe dê maior produtividade. Para alguns uma nova rodada de abertura comercial é o caminho. Alegam que a baixa abertura da economia, medida pela relação comércio exterior (exportação+importação)/PIB, está por trás da relativa letargia de nossa indústria. Mas, deixam de lado a valorização do real, o superdimensionamento do setor de serviços, que não são comercializáveis, e a própria desindustrialização recente como fatores que distorcem esse indicador, contra o qual se pode alegar que as compras externas tiveram desempenho extraordinariamente dinâmico. Por exemplo, comparando-se as variações em volume entre o segundo trimestre desse ano e o segundo trimestre de 2008 para exportações e importações de bens e serviços, no primeiro caso o crescimento foi de 6,1% e, no segundo, 51,6%. Não foi por falta de importações que a indústria brasileira deixou de ser competitiva e foi ficando para trás. Falta articular os dois lados da equação externa que fizeram a diferença nas estratégias de países que mais sabiamente utilizaram a globalização para o seu progresso. Só abrindo unilateralmente as importações não se chega a lugar algum, como as nossas experiências de “abertura” das últimas duas décadas e meia mostram. Importar para exportar, este sim é o vínculo que torna a abertura de importações um instrumento da industrialização e do desenvolvimento. Longe de se esgotar em reduções de tarifas, os países emergentes combinaram este instrumento com acordos internacionais, de novo, onde o objetivo nunca foi apenas o de abrir importações, mas, sim, o de potencializar exportações onde era possível desenvolver vantagens competitivas. Mesmo no contexto externo ainda adverso, o Brasil precisa rapidamente construir uma estratégia de comércio exterior que contemple esta articulação.Não pode ainda deixar sem uma política clara a sua inserção nas cadeias globais de valor, o que passa pela questão tarifária e por acordos internacionais, mas é muito mais ampla e requer a construção de toda uma estrutura de produção industrial e de serviços associados sem a qual não atrairemos as grandes empresas internacionais,que são os atores principais dessas cadeias. Julio Gomes de Almeida Professor do Instituto de Economia da Unicamp e Ex-Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda
Posted on: Tue, 24 Sep 2013 01:42:27 +0000

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