Relato de Bruno Machado: "Sobre como se iniciou a confusão no - TopicsExpress



          

Relato de Bruno Machado: "Sobre como se iniciou a confusão no Ato de Greve Geral (11 de julho, Rio de Janeiro): Estava na esquina da Av. Rio Branco com a Av. Chile, mas do outro lado da rua, na esquina da Ruela Heitor de Melo, bem atrás do Museu Nacional de Belas Artes. Estava lá mijando e depois retornei em direção da Av. Rio Branco. Exatamente nessa esquina havia um pequeno grupo de pessoas bem destoantes do movimento que passava por ali, pois nesse momento o grupo que ia na vanguarda com o Black Bloc acabava de passar, logo em seguida vinham algumas organizações anarquistas com bandeiras negras, pessoal da Maré e independentes. Nessa esquina percebi que os elementos parados estavam nervosos e bem caracterizados no velho estilo P2. Todos mais velhos, aparentando mais de 40 anos e em cima de suas vigorosas barrigas. Estavam comentando e apontando para o grupo de pessoas vestidas de preto que estava parado logo a frente. Decidi escutar a conversa e logo ficaram intimidados e nervosos. Um deles começou a berrar comigo me perguntando se ia permanecer olhando para ele. Continuei olhando e de repente o grupo cresceu em número e vieram uns 3 do outro lado carregando uma caixa GRANDE de papelão que devia conter umas 10 garrafas de CERVEJA SOL com GASOLINA dentro - mas já estavam cercados por algumas pessoas nesse momento. Penso que um deles ficou tão nervoso, o mesmo que me perguntou se ia ficar olhando, que começou a berrar que eles haviam tirado coquetéis Molotov das mãos dos "vândalos". Eles então começaram a ATACAR OS MOLOTOVS apagados NO CHÃO. Saquei o celular e o empunhei como se fosse registrar o evento. Na mesma hora, um deles colocou a mão em sua arma nas costas e veio em minha direção, enquanto outro agarrou um rapaz aleatório para prender. Isso tudo pisando na poça de gasolina espalhada pelos P2. Corri para o meio da multidão gritando que eram P2 e logo as pessoas correram em direção aos infiltrados. Conseguiram libertar o rapaz que foi detido e eu consegui dispersar pela Av.Chile, mas foi nesse exato momento em que a Policia Militar, que já aguardava concentrada logo atrás do local, interviu com bombas de gás e tiros (ouvi de borracha e de chumbo). Agora a pouco vejo em um vídeo da globo a repórter dando explicações sobre o confronto citando esse incidente como percursor da repressão e confirmando que policiais disseram ter apreendido material explosivo. Fico me perguntando qual manifestante decidiria circular pelo centro da cidade, em uma manifestação sitiada pela Polícia Militar, com uma caixa de papelão de médio porte cheia de garrafas de gasolina? Nunca vi um Molotov aparecer de uma caixa dessas no meio do nada, muito menos onde havia policia concentrada e uma ação direcionada por P2 despreparados e nervosos. Armaram para criminalizar uma parte do movimento e foram legitimados pela banda sindical do governo que marcou sua presença. Inclusive confrontaram manifestantes e agrediram a outros. A mim mesmo um coroa louco desses chamou de "filhinho de papai" e "vagabundo" de forma truculenta. Respondi apenas que eu era trabalhador e ele, um FASCISTA! Essa cena transcorreu debaixo de bandeiras do PCdoB e CTB. O Movimento está sendo VENDIDO por alguns oportunistas e quem tá na luta cotidiana, avançando na vanguarda, está sendo criminalizado descaradamente para camuflar muita coisa e servir de bode expiatório. Não sei bem o que eles planejaram ali ou o que pretendiam fazer antes de seres detectados e rechaçados pelo povo. Mas percorri o centro da cidade inteira até a Lapa, depois voltei para Niterói e até agora meu tênis cheira a gasolina. Se quiserem compartilhar a história, fiquem a vontade. Pois eu também o farei. RESISTIR!"
Posted on: Fri, 12 Jul 2013 04:29:53 +0000

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