Ricardo Campos Tu que me pariu e me fodeu Agora amo Pois me deu - TopicsExpress



          

Ricardo Campos Tu que me pariu e me fodeu Agora amo Pois me deu teu milagre... Dês de então me escondo nas tuas tricheiras E saio por ai sitiando as bodegas E saqueado quem me dê atenção Até mostrar meu poder Até tomar para mim, o ronda do quarteirão. Tu que me deu massa Que me alimentou com tua fome Agora me come e me cobras os teus juros de gesso branco tu com teu encanto Com tua mão estendida Com tua lombriga Comendo dinheiro e aréolas de zinco Ôche... Eu minto Mentira juazeiro... Tu és almofada Parada de sombra Pedaço de lombra Caminha bem quente... E eu amo tua morada sombria e aberta ao sol de domingo de missa Eu amo tua porta escancarada e cheia de fendas e de felpas de madeira que entram nos meus dedos e doem Eu amo os teus esgotos a céu aberto E os barquinhos de papel que navegam na correnteza da lama Amo teu jeito “sentropê” e desavergonhado de sábado a noite E amo tua vida reta e tranquila de tardezinha de sequilhos e sete capas de renovação Eu amo tua renovação de talentos, os teus alentos de madeira e barro, amo teus índios alcoolizados que fazem capitão na argila Amo teu jeitinho de santa que acolhe e perdoa e chora a ferida alheia Amo teu charme de puta, que mente, que finge e nos torna melhor Amo tuas bancas de cd Tuas casas de foder Teus picolés caseiros Teu dinheiro Tua fé Amo teu calor de sovaqueiras nas vans Tuas beatas com olhos de espiãs Amo teu jeito incompleto, de quem não sabe direito o que é O teu asfalto furadinho Os teus sinais bem vermelhinhos Tua ciranda que sempre acolhe quem vem Amo teu padre também E tua santa sumida (amo sua ferida) Amo as filas de formiga trafegando em são Paulo Ama santa Luzia seus esgotos e seus ralos Amo a confusão da são Pedro: O mundo pobre que caminha Amo também de manhãzinha, quando o socorro socorre Amo teu fedor que não morre, nos mercados destruídos Amo teus bares de esquina, amo as tuas meninas E teus perdidos também Amo teus quites de joias, tuas criações de couro Amo e amo o teu ouro Teu mistério de cifrão Amo o teu milagre Amo tua maldição Amo essa aura nordestina Os teus anúncios de esquina Amo a câimbra que deste Nas duas pernas do Crato Amo também o teu tato Conduzindo teus fieis Amo muito os teus pés Que não temem os braseiros Mas não amo teus canteiros Esses floridos rosados As flores dos deputados Nos jardins dos teus prefeitos A piscina dos eleitos As saunas dos vereadores Eu não amo teus atores Esses que não vão pro palco Eu não amo teus assaltos Tuas feiras de eleição Eu não amo tua canção De porta malas de carro Eu não amo esse catarro Que escorre e que peleja Eu não amo os Bezerra Mamando nos vira lata Eu não amo tuas vacas Na lagoa seca branca Amo sim o teu porão Os olhos do mutirão E os sorrisos das malvas
Posted on: Sat, 31 Aug 2013 00:50:20 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015