SEG, 12-08-2013 - Publico: - Por António Correia de - TopicsExpress



          

SEG, 12-08-2013 - Publico: - Por António Correia de Campos MIOPIA Conheço Rui Machete há cinquenta anos e sou amigo dele há trinta. Trabalhei na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) nos seus três primeiros anos de vida, onde fui director de ciência e tecnologia. Não acompanhei em detalhe o percurso da FLAD, mas não posso deixar de reagir contra algum primarismo e a miopia com que Machete e a Fundação têm sido tratados. Aceitar como verdade irrefutável um comentário livre de um embaixador, via Wikileaks, sem ir ao fundo da questão, parece-me primário. É tão natural os embaixadores do grande país amigo do outro lado do Atlântico queixarem-se de não dominarem a FLAD, julgando ser obra e propriedade deles, como é natural e quase obrigatório desenganá-los dessa ilusão. Rui Machete foi exemplar na missão. Nunca se deixou pisar, nem deixou que o país fosse calcado, nessa relação. Posso testemunhá-lo. Considerar 180 mil contos, ou 900 mil euros, investidos em obras de arte portuguesa contemporânea, como gasto sumptuário, é pura ignorância, mais que miopia. Só a Paula Rego que a FLAD detém deve valer cerca de metade do investimento total na colecção. Foi pena que a colecção não fosse luso-americana desde o início, o património da FLAD seria hoje maior. Finalmente, sei que os leitores estão à espera que eu refira o BPN. Separemos águas: Machete comprou títulos daquele grupo e revendeu-os com grande lucro. Declarou-o sem rebuço. Escuso de lembrar que elegemos quem fez o mesmo. Muitos de nós não o faríamos, uns por escrúpulo, outros, a grande maioria, por falta de oportunidade. Quem entender que Machete está inabilitado para ministro dos Estrangeiros deve também proclamar uma inabilitação superior. Nas outras águas, Machete presidiu ao conselho superior do agrupamento cujos erros e burlas hoje todos pagamos. Tendo em conta a venerável companhia em que se encontrava, e o respeito com que todos, repito todos, tratávamos então a banca, admito que hoje se sinta arrependido. Deve ter tentado sair antes do cataclismo, mas também aí, se bem o conheço, creio que o sentido de acompanhar o barco até final tenha prevalecido. Quanto ao investimento da FLAD na sociedade holding do banco, é hoje conhecido que foi retirado em bom tempo e com vantagens para a Fundação. Apesar de amigos, Machete e eu discordamos em muitas coisas, até nesta sua ida para o Governo, mas nunca hesitei no reconhecimento do seu carácter e do seu sentido de homem público. António Correia de Campos
Posted on: Mon, 12 Aug 2013 14:04:19 +0000

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