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SOBRE A FÉ – PARTE I É muito comum ouvirmos das pessoas que elas têm fé. Falam num tom de sadio orgulho, pois querem demonstrar a capacidade de viver uma vida tão tribulada com desventura, coragem e de forma destemida. Sim, é bonito ver pessoas assim. Mas será que a fé é somente isso? E quando estamos diante da realidade chamada Deus, a fé continua sendo somente isso? Será que a fé nos compromete, no dia a dia, a tomarmos certas posições e a nos abstermos de outras (sentido moral da fé)? Além disso, novas inquirições poderão surgir, como o fato de nos questionarmos se a fé possui um objeto de crença, uma motivação para crer, e se a fé é mera condição da vontade humana – como quem diz: se eu quiser, eu posso fazer qualquer coisa, pois tenho fé! Na epístola aos Hebreus, São Paulo nos apresenta a fé como “a garantia dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem” [1]. Portanto, a fé se traduz quase como uma esperança, não nas realidades presentes, mas naquilo que ainda é invisível, mas que por essa fé somos capazes de alcançar. A essa realidade invisível os antigos filósofos identificaram um ser supremo, que fosse capaz de conceber tudo o que foi criado. Nós – Cristãos – o identificamos com aquele que falou com o povo da aliança, e que quis se encarnar para falar diretamente aos homens. Ele quis falar em nossa linguagem, de forma clara e objetiva. A esse movimento de Deus até o homem, é dado o nome de REVELAÇÃO. Portanto, temos um Deus que se Revelou, se mostrou pra nós. Se a razão é capaz de detectar que existe um Deus a partir das coisas criadas (Sb 13,1-9), muito mais fiel é o testemunho do próprio Deus. Se a razão nos eleva à consciência de que existe uma fonte e em ápice para todas as coisas, a fé nos move a chamar essa fonte e ápice de Jesus Cristo. Assim sendo, a fé cristã não é uma dominação de determinado conteúdo, ou conclusão lógica para um experimento científico – como o podem ser nas ciências naturais. Nós não a possuímos, mas somos possuídos por ela. Não se tem poder de modificá-la, mas somente de amá-la. Não é algo puramente intelectual ou vindo da vontade humana, é uma PESSOA. É evidente que a Fé não abandona a razão, nem tem a mínima intenção de fazê-lo. Antes a purifica e a capacita para enxergar coisas além de seu limite. A Fé católica sempre teve muito estreito o laço entre fé e razão. Grandes santos, doutores e membros da Igreja foram, também, cientistas e filósofos. Como é o caso do cosmólogo belga Georges Lemaitre, que propôs a teoria do Big Bang. Teoria dominante na física para o surgimento do universo, que parte da observação da expansão do cosmos, para se chegar à conclusão de que o universo surgiu a partir de um estado denso e quente. Mas quem era Lemaitre? Era um padre católico, que celebrava a santa missa regularmente, e dava aulas de batina. Assim é a fé católica. Como nos diz o saudoso Papa João Paulo II “a fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio (cf. Ex 33, 18; Sal 2726, 8-9; 6362, 2-3; Jo 14, 8; 1 Jo 3, 2) [2]. “Por isso, o Concílio Vaticano I ensina que a verdade alcançada pela via da reflexão filosófica e a verdade da Revelação não se confundem, nem uma torna a outra supérflua: « Existem duas ordens de conhecimento, diversas não apenas pelo seu princípio, mas também pelo objecto. Pelo seu princípio, porque, se num conhecemos pela razão natural, no outro fazêmo-lo por meio da fé divina; pelo objecto, porque, além das verdades que a razão natural pode compreender, é-nos proposto ver os mistérios escondidos em Deus, que só podem ser conhecidos se nos forem revelados do Alto”[3]. Continua........ [1] Hb 11,1 [2] Carta Encíclica FIDES ET RATIO, sobre as relações entre a fé e a razão. [3] Carta Encíclica FIDES ET RATIO, n. 9.
Posted on: Wed, 17 Jul 2013 16:07:42 +0000

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