Soffiati: “Em entrevista conduzida, Patrícia mostrou não estar - TopicsExpress



          

Soffiati: “Em entrevista conduzida, Patrícia mostrou não estar à altura do cargo” Por Aluysio, em 02-10-2013 - 13h20 Aqui, em comentário no blog, e aqui, na democracia irrefreável das redes sociais, o historiador, escritor e ambientalista Arthur Soffiati reagiu ao que disse a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Patrícia Cordeiro, em entrevista publicada no último domingo (confira aqui). Afirmando que esta foi “nitidamente conduzida pelo entrevistador para que as respostas fossem triunfalistas”, Soffiati questionou várias delas, classificando-as como “rol de estultices” (tolices), para concluir que a entrevistada “não está à altura do cargo”, elevado a poder central da cultura goitacá na última reforma administrativa da prefeita Rosinha Matheus (PR). Abaixo, na íntegra e na relevância maior de post, o que disse o comentarista, que há havia sido entrevistado aqui sobre a política cultural de Campos… Estarei entre as pessoas criticadas pela Presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Patrícia Cordeiro, por considerar publicamente, no jornal Folha da Manhã, que a política cultural iniciada por Garotinho, em seu primeiro mandato e seguida por todos os prefeitos até hoje, é populista e autoritária? Creio que sim. Mas, se não estou, entendo meus comentários pertinentes. Em entrevista concedida ao jornal O Diário, nitidamente conduzida pelo entrevistador para que as respostas fossem sempre triunfalistas, Patrícia Cordeiro considera todos os críticos do atual governo como integrantes de uma oposição política e partidária. Ora, todo debate público no contexto da Modernidade e da Pós-Modernidade, é político, embora não seja necessariamente partidário. Patrícia Cordeiro parece ignorar esta distinção. Mesmo que fosse partidária, qual o problema? Só o governo pode ser partidário. Certa vez, Garotinho recebeu um grupo constituído por ele em seu segundo mandato a prefeito por sugestão do Vereador Edson Batista. A finalidade desse grupo era oferecer o projeto de um arquivo histórico para Campos. Eu fazia parte dele. Diante de todos, o prefeito externou sua preocupação com a partidarização da sociedade e me perguntou o que eu achava desse fenômeno. Meus colegas de grupo suplicaram, antes do encontro, para que eu não abrisse a boca. Mas, como ele me dirigiu a pergunta, seria indelicado não respondê-la. Então, ponderei que, não considerava a partidarização um perigo, a partir das premissas do próprio Garotinho externadas em outro momento. Expliquei que nunca fui partidário, mas não tinha contra pessoas que assumiam posição partidária. Ora, Patrícia Cordeiro, ao criticar o grupo como político (creio que ela quis dizer partidária), não reconhece que ela faz parte de um governo partidário e que ela própria é partidária? Se ela tem este direito, por que outros não o terão? Sempre distante dos partidos, fui membro do Conselho de Cultura instituído pelo Prefeito Raul David Linhares Correa no longínquo ano de 1979, quando Patrícia Cordeiro talvez ainda não tivesse nascido. Ajudei a formular o I Plano Municipal de Cultura e conseguimos do prefeito a destinação de verba modesta para implementar o Plano. Contudo, os recursos foram destinados a outros fins. Na minha independência, desliguei-me co Conselho em sinal de protesto, lavrado numa carta ao Prefeito e ao Presidente da instituição. Foi assessor do Departamento de Cultura de Campos entre 1986 e 1988, durante o último governo de José Carlos Vieira Barbosa. Durante os 18 meses ocupando um DAS-9, pude planejar uma política cultural democrática contemplando as vertentes patrimonial e de produção cultural, distinguindo infraestrutura de cultura de eventos culturais e procurando tanto verticalizar a cultura quanto horizontalizá-la. Nesses 18 meses, recebi apenas 2 meses e acabei me afastando do cargo por entender que o prefeito fazia cultura no varejo. Quando Garotinho assumiu seu primeiro mandato, tive oportunidade de fornecer a ele propostas estruturadas sobre cultura. Elas foram engavetadas. Em 1991, o governo Garotinho sabotou o anteprojeto original do Plano Diretor, mas, por descuido, ficaram dois artigos relacionados a patrimônio cultural. Quando se anunciou a demolição do Cine São José, listado num dos artigos como bem a ser tombado pelo município, ofereci ao Ministério Público Estadual notícia que resultou num Inquérito Civil Público. Pois foi por pressão do MPE que o COPPAM foi criado e que os bens listados no Plano Diretor, bens esses que passaram para o Plano Diretor de 2008, foram tombados recentemente, inclusive, ironicamente, o Solar do Chacrinha. Revelo também (para Patrícia Cordeiro, desconhecedora do que acontece na sua área, tudo é revelação), que, nos anos de 1980, propus ao Conselho Estadual de Tombamento e ao Instituto Estadual do Patrimônio Cultural o tombamento dos prédios do Liceu de Humanidades de Campos, do Hotel Amazonas, da Lira de Apolo, do Solar do Visconde de Araruama (onde hoje se aloja o Museu de Campos) e o Hotel Gaspar. Todos foram tombados. Mais tarde, fiz parte de um grupo que propôs ao Inepac o tombamento do Canal Campos-Macaé e do Córrego do Cula, ambos tombados em 2002. Bem que o desejo da Prefeita é cobrir os dois para ganhar espaço urbano onde possa instalar quinquilharias que ele entende como cultura. Quanto ao Farol de São Tomé, também revelo que propus a minuta para a criação da Área de Proteção Ambiental do Lagamar, que o ex-prefeito Arnaldo Vianna transformou num centro de espetáculos. E tudo fora de governo e de partido político. Será que Patrícia continuará servindo à cultura quando sair do governo ou voltará aos seus afazeres domésticos? Tenho uma história de serviços à cultura municipal e regional antiga, assim como os outros entrevistados. E, no empenho de se defender e ao governo que serve, Patrícia Cordeiro usa o conhecido e fácil artifício de se voltar para o passado e acusar os antecessores de Rosinha. Ora, os antecessores de Rosinha, depois da propalada mudança de paradigma político, em 1989, foram Garotinho, Sérgio Mendes, Garotinho novamente, Arnaldo Vianna e Alexandre Mocaiber. Com exceção do último, todos foram eleitos por Garotinho. Portanto, Patrícia não se contenta em dar um tiro no próprio pé, como sai atirando nos pés dos desafetos de Garotinho, mas que um dia foram unha e carne com ele. Patrícia Cordeiro levanta um rol de estultices, mostrando que não está à altura do cargo. Não sabe a diferença entre eventos culturais e infraestrura de cultura, leva a sério manifestações populares que infelizmente foram esvaziadas pela cultura de massa e usa conceitos completamente ultrapassados. Melhor parar por aqui.
Posted on: Thu, 03 Oct 2013 03:47:13 +0000

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