TEM MAIS ALGUÉM AÍ OU SÓ EU NÃO CONSIGO DORMIR? Em setembro de - TopicsExpress



          

TEM MAIS ALGUÉM AÍ OU SÓ EU NÃO CONSIGO DORMIR? Em setembro de 2013, políticos brasileiros estão brincando de fazer política. A lei da mordaça aprovada em 09/09 pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro é um primor de reação autoritária, que faz inveja à ditadura de 1964. Decidiu que, na Cidade Maravilhosa, fica proibido usar máscara exceto durante o Carnaval. Em Salvador, o vice-secretário de segurança do governo do PT, mesmo partido que financia o MST, atira contra a multidão do MST que invadiu a Secretaria de Segurança, para exigir mudanças na política agrária. Em São Paulo, Zé Dirceu aproveita o Dia D do julgamento do mensalão e usa o aparato marketeiro do PT para protestar contra a burguesia brasileira que, por lhe ter ódio e inveja, move contra si uma perseguição “como nunca antes neste país”, da qual é exemplo... o julgamento “injusto” e “apressado” do mensalão. Ora, a burguesia nacional está instalada no mesmo governo cujas bases José Dirceu ajudou a montar, e os juízes do Supremo foram em grande parte nomeados durante os governos do PT. Então não seria mais adequado falar em luta fratricida? Por que políticos, supostamente tão inteligentes, continuam repetindo a mesma ladainha de incongruências que despreza a inteligência dos brasileiros? Ou estariam apenas brincando de fazer política? Nunca se perseguiu tanto os índios no Brasil, exceto durante a ditadura de 1964. Nunca a bancada ruralista foi tão atrevida – de mãos dadas com o PCdoB, que defende as mesmas teses de desmatamento da Amazônia, ambos inseridos na base aliada do governo petista. Na Folha de S.Paulo do dia 10/09, um jornalista de renome, que considera o julgamento do mensalão uma máquina montada contra líderes petistas (de novo essa história “progressista”...) vocifera contra os “baderneiros mascarados” uma indignação que parece ter nascido da mesma fonte em que bebem as mais legítimas alas da direita. Sua saraivada de impropérios chega a envergonhar as páginas do jornal, chamando os mascarados de lixo, cretinos, imbecis, gente incapaz de pensar (sic), “bestas de cara escondida” e, novamente, conclamando a repressão contra eles (alguma semelhança com os tempos da ditadura?). Termina escrevendo este primor contra os “baderneiros”: “Poderiam ser levados para a cadeia ou o hospital metidos em uma caçamba de lixo.” No mesmo jornal, outro articulista zomba e diz estar bocejando: “o gigante que tinha despertado revolveu tirar uma soneca algo agitada.” No jornal O Estado de S.Paulo, outro notório jornalista metralha: “A onda junina da raiva popular virou esgoto em que chafurdam ratos oportunistas e covardes”. Foi mesmo só isso que sobrou dos protestos de junho? Oportunismo, imbecilidade, soneca agitada, esgoto? Ou os manifestantes (com máscara ou não) são gente tentando expressar, à sua maneira, a incongruência política do país? Enquanto isso, numa cidade de 30 mil habitantes do interior de São Paulo, populares destruíram durante dois dias os prédios públicos, em protesto contra o assassinato de um encanador por parte de um alto membro da Guarda Municipal local – que chamou reforço policial da região para defender a cidade contra a... cidade. Aqui no centro de São Paulo, há semanas um grupo está acampado diante da Secretaria de Educação do Estado. Suas palavras em cartazes e faixas são radicais e, por vezes, assustadoras. Mas exigem... mudanças políticas. No sábado, o grupo está conclamando pessoas para debater uma educação libertária no Brasil. Quem entende melhor de política? Essa gente desconcertada pelos rumos do país ou os donos do poder que conhecem tão bem a velha linguagem da repressão imposta por lei? Seja no Palácio do Planalto, seja no Congresso Nacional, seja nos governos e legislativos estaduais ou municipais, dos grandes centros, seja mesmo na mídia, a elite no poder deste país evidencia que perdeu o pé. Não parece REALMENTE aparelhada para ENTENDER o óbvio: que muita gente, nos mais diversos rincões deste país, tenta dizer, por suas reações violentas, que NÃO AGUENTA MAIS AS COISAS ERRADAS DA ELITE DO PAÍS. O Brasil real está mostrando sua cara – com ou sem máscaras -- porque quer participar politicamente da vida nacional, a seu modo. Esse Brasil real parece ser o único que não está brincando de fazer política. E os políticos no poder: conseguirão entender, afinal, que governam o BRASIL REAL de setembro de 2013 e não aquele povinho idealizado nos seus manuais de bom comportamento que, de fato, remontam à ditadura de 1964, nossa sombra imperecível?
Posted on: Thu, 12 Sep 2013 12:05:21 +0000

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