TEXTO 1 - SIMBOLISMOS Escrito por Marilene Tuler "Tanto na França quanto aqui, o povo defendia/defende direitos básicos e fundamentais, como direito à liberdade, à igualdade perante à lei, à resistência a qualquer tipo de opressão!" O estudo da linguagem, a análise de signos revela valores e ideias contidos nos discursos. As palavras no seu contexto passam a transmitir valores, conceitos, pré-conceitos e perdem sua neutralidade. Vejamos um exemplo: uma espora é apenas um objeto utilizado por cavaleiros para fazer os animais galoparem, andarem mais rápido. Contudo, o mesmo objeto posto em outra situação, num contexto em que passe a produzir ideias e valores que estão situados fora de si mesmo, retratando outra realidade, será convertido em signo. A espora pintada em uma bandeira em Ipatinga durante o ano de 1963 produzia a ideia de que o policial militar é extremamente violento, utilizando a espora para “montar”, “esporear” os trabalhadores. A espora e a expressão “ta tinindo” – escrita junto ao desenho da espora, tornaram-se signos, ganharam dimensão ideológica no contexto do Massacre de Ipatinga. Neste caso, a ideologia transita através dos signos. A massa operária de Ipatinga enxergava na espora e na expressão “ta tinindo” o símbolo de opressão, de violência, e esses dois símbolos passaram a funcionar como veículos de transmissão de ideologias. Além das palavras, fotos, cenas, imagens podem tornar-se símbolos de movimentos! Nas manifestações deste mês de junho, duas cenas transmitem muito mais do que um simples ato de protesto: as ocupações do prédio do Congresso Nacional e da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro são simbólicas! O simbolismo dos jovens ocupando o prédio do Congresso Nacional revela CONTRA O QUÊ E CONTRA QUEM eles estão lutando. Lutam contra práticas políticas arcaicas, contra deputados e senadores que não exercem suas verdadeiras funções – legislar e fiscalizar!. Lutam contra os diversos mensalões, escândalos e atos ímprobos praticados naquele recinto! Também na tentativa de ocupação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, os jovens estavam dando um recado: somos contrários às práticas políticas vigentes aqui dentro! A História é marcada por símbolos: derrubar a Bastilha significou, no imaginário do povo francês, acabar com a estrutura feudal-absolutista. A invasão da fortaleza pelo povo de Paris, em 14 de julho de 1789 é a data nacional da França. A Bastilha era uma prisão, (no dia da invasão tinham apenas sete presos!), mas ocupá-la tinha um aspecto simbólico fundamental: derrubar um dos expoentes máximos do absolutismo! Tanto na França quanto aqui, o povo defendia/defende direitos básicos e fundamentais, como direito à liberdade, à igualdade perante à lei, à resistência a qualquer tipo de opressão!
Posted on: Wed, 19 Jun 2013 12:58:45 +0000
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